
Quem ouviu as arquibancadas da Arena Carioca 1, acreditaria que o rugby em cadeira de rodas já é um esporte nacional. A cada gol marcado, a torcida parecia celebrar um título de Copa do Mundo. No fim, a derrota por 62 a 48 para o Canadá foi o que menos importou na estreia da seleção brasileira nos Jogos Paralímpicos do Rio. Ovacionados como se fossem campeões, os atletas brasileiros saíram de quadra satisfeitos com o próprio desempenho e com a torcida.
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“Sem palavras para essa torcida. Ela apoiou mesmo a gente. Estamos com o pensamento de dever cumprido, porque demos o máximo dentro de quadra. Foi um resultado negativo, mas acho que o positivo vai ficar, do Brasil conhecer o rugby, um esporte novo”, disse Júlio Braz, um dos destaques do time brasileiro.
Para os atletas do Brasil, fora o bom desempenho diante dos medalhistas de prata nos Jogos de Londres 2012, foi interessante apresentar um esporte relativamente novo para a torcida e ver como foram recebidos. “Aquele frisson da torcida foi sensacional. Fazíamos um gol e parecia que a arena viria abaixo. Foi muito bom. Queremos que as pessoas conheçam nosso esporte e nos vejam jogar. Isso é que é importante: o Rio 2016 está trazendo a visibilidade que a sempre sonhamos”, disse Guilherme Camargo.
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Mesmo tendo inventado a modalidade adaptada. o Canadá nunca tinha visto uma torcida tão vibrante quanto a do Brasil: “A torcida é incrível. Fazia muito barulho e não estamos acostumados com uma torcida tão barulhenta lá no Canadá. Foi incrível e aguardo isso pelos próximos Jogos. Espero que tenhamos uma arquibancada cheia assim”, disse o camisa 15 Patrice Simard.
A partida
O time brasileiro não começou bem, e, com isso, viu o Canadá fazer 3 a 0 sem dificuldades. Pouco a pouco, e empurrado pela torcida, o Brasil encaixou seu jogo e começou a fazer frente aos finalistas da última Paralimpíada. O primeiro quarto terminou 19 a 13 para os canadenses. O segundo quarto continuou equilibrado, mas, no terceiro, o time brasileiro caiu muito de produção e deixou o adversário abrir larga vantagem.
“Eles são um time bem experiente, são bem constantes. Nós temos altos e baixos. Nos nossos altos, a gente consegue roubar a bola deles, fazer bastante ponto, mas tem momentos que damos uma cochiladinha. Acho que, com um pouco mais de experiência, podemos ganhar deles”, disse o camisa 5 do Brasil, Alexandre Taniguchi.
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O último quarto foi o melhor do Brasil, quando marcaram 14 pontos ante 13 dos canadenses. A torcida jogou junto o tempo todo. Vibrava muito com cada gol brasileiro, cada roubada de bola e com cada impacto mais forte nas cadeiras adversárias. No esporte paralímpico, o choque entre cadeiras é válido se ocorrer na lateral ou na frente e o barulho do choque é bem alto. Por diversas vezes jogadores brasileiros eram derrubados e a torcida reclamava, assim como vibrou muito quando um canadense foi atingido e precisou de ajuda para se levantar.
A próxima partida do Brasil no rugby em cadeira de rodas será diante da Austrália, outra potência no esporte, nesta quinta-feira, às 19h15. Não tem jogo fácil para os anfitriões, que contam com o barulho da torcida para surpreender no Rio de Janeiro. “Austrália é outra pedreira, assim como o grupo todo. Mas vamos para cima deles. É corrigir os erros, tentar se manter no jogo e ganhar no final”, afirmou Tanigushi.
*Com Agência Brasil