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Feyisa Lilesa e seu gesto na maratona
Rio 2016/REPRODUÇÃO
Feyisa Lilesa e seu gesto na maratona

O domingo foi um dia histórico para Feyisa Lilesa. Tão histórico quanto pode ter sido decisivo ao seu futuro. Ao passar pela linha de chegada da maratona em segundo e garantir a prata na Olimpíada do Rio, Lilesa cruzou os punhos sobre a cabeça, em um protesto contra a situação política de seu país. O gesto, porém, como ele próprio afirmou, pode provocar agora sérias represálias.

Lilesa pertence ao povo de Oromia, que tem feito sucessivas manifestações contra o atual governo etíope - os oromo reclamam que vêm sendo perseguidos sem motivo. Segundo estimativas da organização Human Rights Watch, mais de 400 pessoas já morreram desde o início dos protestos.

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Twitter/Reprodução

Feyisa Lilesa repetiu o gesto na coletiva

O medalhista de prata, assim, utilizou o Rio 2016 para amplificar o protesto político. "O governo etíope está matando o povo de Oromo e tomando suas terras e seus recursos, então o povo de Oromo está protestando. Como sou de Oromo, eu apoio o protesto", explicou Lilesa após a maratona.

A dramática situação vivida no país já vitimou, inclusive, amigos e familiares de Lilesa. "O governo etíope está matando minha gente", acusou. "Meus parentes estão na prisão e, se eles falarem sobre direitos democráticos, serão assassinados. Eu cruzei minhas mão para apoiar o protesto de Oromo."

Mas o gesto de Lilesa não deve passar incólume. E nem mesmo a conquista de uma medalha olímpica - a oitava do país no Rio-2016 - pode facilitar sua situação. O atleta, assim, estuda se autoexilar em algum outro país.

"Discutirei com meus amigos e familiares o que fazer (se vai retornar para casa). Se voltar para a Etiópia, talvez eles me matem. Se não me matarem, me colocarão na prisão. Não decidi nada ainda, mas talvez eu vá para outro país", lamentou.

Outro problema que Lilesa pode enfrentar é com o Comitê Olímpico Internacional, que coíbe protestos políticos. O etíope, porém, disse não se importar. "Não posso fazer nada quanto a isso. Fiz o que devia. Tenho um grande problema em meu país, e lá é muito perigoso fazer um protesto", finalizou.

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