Inúmeros torcedores brasileiros que acompanharam a maratona olímpica pelas ruas do Rio de Janeiro tiveram uma estranha sensação de déjà vu, um sentimento de "eu já vi essa competidora passando por aqui antes". O estranhamento foi causado pela participação inusitada das trigêmeas Leila, Liiny e Lily Luik, da Estônia.
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O COI (Comitê Olímpico Internacional) informou que não existem registros específicos sobre atletas irmãos participando da mesma prova em uma edição do evento, mas fontes confiáveis admitem que foi a primeira vez que trigêmeos competiram na Olimpíada. Por isso o sentimento de déjà vu . O único jeito de diferenciá-las era pelos números: 633, 634 e 635, além dos nomes escritos em suas inscrições.
Mais raro ainda é imaginar trigêmeas estonianas, provenientes de um país que se tornou independente da extinta União Soviética em 1991. Com apenas 1,3 milhão de habitantes, a Estônia tem pouca tradição nas provas femininas de corrida de longa distância, apesas da presença do trio.
Por tudo isso, as irmãs transformaram a simples participação na Olimpíada no maior feito de suas passagens pelo Rio de Janeiro. No final da prova, desfilaram como campeãs e com a bandeira de sua nação, orgulhosas. O resultado final ficou em segundo plano. Elas não estavam entre as favoritas e tiveram resultados modestos. Lily foi a 97ª; Leila em 114ª e Liiny não completou.
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"Ficamos felizes. Estamos fazendo história. Não existe competição entre nós. Quando minhas irmãs estão indo melhor que eu, não fico triste. Fico feliz por elas. Quando as duas ganham uma medalha, sinto que também ganhei uma. Estamos muito felizes pela participação nos jogos", disse Lily durante a entrevista coletiva ao final da prova.
Irmãs sempre juntas
O déjà vu começou em 14 de outubro de 1985, quando nasceram prematuramente aos oito meses de gestação. E elas elas sempre fizeram tudo em conjunto. Antes de começarem no atletismo, eram salva-vidas, até que um treinador achou que todas tinham talento para a corrida, mas inicialmente ela acharam a maratona muito extensa. A aventura em dose tripla começou há seis anos.
Acostumadas ao assédio e principalmente às câmeras, as irmãs Luik dão entrevistas sempre em conjunto, sendo que sempre uma completa o que a outra diz, assim como aqueles antigos jograis da escola. Uma parte desse entrosamento vem da natureza; a outra vem da grande quantidade de entrevistas que já concederam ao longo dos anos de competição.
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A aventura nos Jogos Olímpicos foi registrada nas redes sociais em uma série de publicações com o título "Trio to Rio". As três relataram detalhes de sua participação, brincaram com a sensação de déjà vu que causaram nos torcedores e até citaram os momentos de lazer na cidade. Elas divulgaram fotos como turistas, outras ao lado de atletas da Estônia, treinando sob chuva e até com Veronica Campbell-Brown, jamaicana bicampeã olímpica dos 200 metros rasos.
*Com Estadão Conteúdo