Aline Rocha transformou sua vida após acidente de carro
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Aline Rocha transformou sua vida após acidente de carro


Um grave acidente de carro ocorrido há 10 anos quase abreviou a vida de Aline Rocha, mas ela se salvou graças ao uso do cinto de segurança. A colisão de frente com outro veículo, no entanto, deixou a paranaense da cidade de Pinhão paraplégica, sem os movimentos das pernas. E foi a partir deste momento que a sua história começou a mudar.

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Aline atualmente está com 25 anos de idade e encontrou na corrida com cadeira de rodas um excelente motivo para continuar sua trajetória. Em entrevista ao iG Esporte , ela contou como foi a transição do momento acidente para o esporte paralímpico, passando por dias difíceis antes de encontrar a paixão pela atividade física.

Refiz novos amigos, que me aceitavam do jeito que eu era e que me ajudaram a fazer eu me aceitar"

"Foram vários meses no hospital, passei por várias cirurgias. Estava no ensino médio, perdi o ano escolar. Depois voltei para escola e foi um momento difícil, porque no primeiro dia de aula foi quando caiu a ficha de que eu estava numa cadeira de rodas, diferente de todos, e tive vergonha. Mas acabou sendo importante, porque refiz novos amigos, que me aceitavam do jeito que eu era e que me ajudaram a fazer eu me aceitar", disse Aline.

"Logo no primeiro ano comecei a fazer a reabilitação no Centro Sarah Kubitschek, em
Brasília, onde aprendi a ser novamente independente, desde trocar de roupa, fazer
transferência da cadeira para cama, limpar a casa, andar na rua, subir degrau, tudo mesmo", comentou.

Confira fotos de Aline Rocha:

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Após ficar paraplégica, foram quatro anos até inserir o esporte na sua vida. "Desde quando eu era criança, até mesmo depois do acidente, eu sempre detestei esportes. Na escola eu fugia das aulas de educação física. Eu já era cadeirante e em 2010 um atleta de basquete paralímpico me convidou a conhecer uma associação esportiva para pessoas com deficiência. Resolvi ir para ver como era, tentar fazer alguma coisa, mas achava difícil eu me identificar com alguma coisa e entrar no esporte. O Fernando Orso, um dos fundadores de lá, disse que eu tinha porte para ser corredora. E foi aí que tudo começou", contou Aline.

Com apenas três meses de treinos e com pouco contato com a corrida, ela competiu em provas de 100m, 200m e 400m, conseguindo impressionantes três bronzes. "O fato de segurar aquelas medalhas, para mim, foi um choque. Naquele momento percebi que, independente da minha condição, eu poderia fazer algo, ser uma pessoa de sucesso, de ter um dom. E me apaixonei a partir daí", revelou a atleta.

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Aline Rocha, atleta paralímpica

Aline Rocha já conquistou diversos títulos nacionais e regionais, é recordista brasileira nos 400m, 1.500m e 5.000m, além de ser tetracampeã da tradicional corrida de São Silvestre. Ela tem o índice olímpico para os Jogos do Rio 2016, mas as vagas que o Comitê Paralímpico dispõe no atletismo são menores do que a quantidade de atletas com índice. Mas por ser a atual 10ª colocada no ranking mundial, a paranaense deve carimbar seu passaporte.

"Tenho esperança de que tudo dê certo. É possível estar nas Paralimpíadas participando da maratona", comentou Aline, que não descarta uma medalha no peito. "Nas provas de pista é um pouco mais difícil conseguir um bom resultado. A minha maior possibilidade de medalha seria na maratona mesmo, mas na corrida em cadeira de rodas, tudo pode acontecer. Não necessariamente o melhor do mundo vence, porque tudo depende de estratégia, de inteligência. É como se fosse o ciclismo, estudando os adversários até o final, onde se decide a prova", avaliou.

"A minha vida tem sido um mar de surpresas. Para mim, o importante é estar lá. Já será uma vitória. Competindo no Brasil, em casa, com toda torcida a favor, isso dá um ânimo a mais e tudo pode acontecer. Quem sabe não pinta mais uma surpresa", completou.

A minha vida tem sido um mar de surpresas. Para mim, o importante é estar lá nos Jogos. Já será uma vitória"

Aline mora em São Caetano, na Grande São Paulo, e treina no mesmo local onde trabalham as seleções olímpica e paralímpica do atletismo. "Escolhi a cidade por ser uma das melhores estruturas do País. Treino de segunda a sexta na pista, de manhã e a tarde, faço academia no final da tarde. Sábado é meu dia de escanso e, no domingo, eu treino na rua para não perder a experiência de estar em provas de rua", explicou.

Viver só de esporte no Brasil não é fácil, principalmente quando o assunto não é o futebol. Mas Aline tem esperanças de dias melhores. "Hoje o esporte é meu trabalho e meu lazer. Quando não estou treinando, estou competindo. Antes era mais difícil conseguir patrocinadores, já que as empresas não querem patrocinar algo que a mídia não mostra. Mas hoje a nossa categoria vem conquistando muito espaço nos jornais, TV, e isso traz alguns investimentos. Não é o bastante ainda, temos que fazer outros eventos com a família para arrecadar dinheiro, mas está melhorando bastante", finalizou.

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