Foto: RicardoBufolin/CBG
Diego Hypólito após conquistar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos do Rio
Logo no início do bate-papo, Diego Hypólito
aproveitou para reforçar a importância de denunciar e principalmente a dificuldade de se fazer isso. “Crianças não são culpadas”, pontua o atleta, que prossegue: “O esporte é muito importante, mas o mais importante é a formação das crianças”.
No decorrer da conversa, ao ser questionado pela apresentadora Cátia Fonseca sobre a recepção das pessoas em relação às suas declarações, o campeão contou: “Muitos atletas me procuraram depois que falei, alguns positivamente, outros negativamente”. Ele explicou que muitos sentiram-se expostos ao perceberem que poderiam ser associados às situações narradas por terem treinado com o atleta, no mesmo clube e na mesma época.
Diego ainda relata que disseram que sua intenção era chamar a atenção: “Falaram que eu queria meus 10 minutos de fama. Quem com dez anos quer sentar em uma pilha? ”. Mesmo diante das críticas e desconfianças o esportista dispara: “Expor isso está sendo me libertar. Não tenho arrependimento nenhum de ter falado, me sinto bem”.
Ao longo do programa, o atleta ainda revelou que decidiu se manifestar em um momento em que não suportava mais, mas que essa não foi a primeira vez em que expôs seus sentimentos: “Na minha biografia, a qual eu estou adiando a publicação há algum tempo, eu relatei todas essas situações e, justamente por isso, tinha medo de publicar”.
Por fim, o ginasta também falou sobre sua agenda de competições e a situação com os patrocinadores: “Estou sem nenhum patrocínio individual e a ‘Caixa’ está deixando o patrocínio do meu clube”.
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As declarações
O ginasta e medalhista olímpico brasileiro Diego Hypólito, de 31 anos, revelou que foi vítima de bullying de cunho sexual na infância quando treinava no Flamengo, no Rio de Janeiro, onde treinou a maior parte da carreira.
De acordo com Hypólito, ele sofria diversas intimidações de colegas de profissão, que envolviam práticas constrangedoras ao atleta.
"Eles me faziam ficar pelado e eu tinha que colocar uma pilha com pasta de dente no ânus. No dia em que isso aconteceu, eu tive um ataque epiléptico. Não consegui completar a prova. Era a questão da humilhação. O bullying era regular e tinha a conivência do técnico", revelou o ginasta.
Segundo Hypólito, o bullying ocorria "regularmente" e o episódio citado pelo atleta na entrevista ocorreu quando ele tinha entre 10 e 11 anos, em um Campeonato Brasileiro da modalidade disputado na cidade de Ribeirão Preto (SP).
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O atleta ainda revelou que outras formas de intimidação eram realizadas quando Diego Hypólito
não treinava bem ou fazia algo errado. Em uma das ocasiões, o ginasta contou que foi asfixiado em compensados estreitos de madeira, em locais claustrofóbico.