Com as Olimpíadas de Paris a menos de dez dias de começar, a empolgação dos brasileiros com o maior evento esportivo do mundo segue aumentando, e dentre as grandes esperanças de medalha para o Brasil está Isaac Souza, de 24 anos, dos saltos ornamentais, que foi bronze no Pan-Americano de Lima (2019) e finalista do Mundial em 2023.
Enquanto fazia o 'training camp' na Polônia, Isaac concedeu entrevista exclusiva ao iG Esporte, na qual falou sobre a preparação para as Olimpíadas, a chegada ao Pinheiros, que é seu primeiro clube, suas inspirações, ansiedade para a Vila Olímpica e mais. A seguir, confira o bate-papo com o atleta.
Apesar do Brasil nunca ter chegado ao pódio na modalidade durante qualquer Olimpíada, Isaac garante que o foco de toda a preparação para esse momento é conseguir uma medalha em Paris:
"Todos os atletas treinam para (ganhar) medalha, treinam para o ouro. Ninguém treina para dar 50% ou 60%. É claro que existem atletas que são favoritos, que têm um histórico... Competição é competição, e o meu objetivo nestas Olimpíadas é chegar na final, seria um peso gigante para o meu currículo, e é claro, estando na final, existe a possibilidade de pódio", disse Isaac.
Ao contrário do que aconteceu nas Olimpíadas de 2020, o atleta brasileiro conquistou a sua vaga para esses Jogos Olímpicos um ano antes, o que, segundo o próprio, foi fundamental para a preparação:
"Isso para todo atleta que quer chegar bem nas Olimpíadas é um luxo. Você pode mudar todo seu planejamento, não precisa ficar contando com uma competição, faltando alguns meses para as Olimpíadas e você só tem aquela competição para se classificar. Então toda minha preparação foi mudada para chegar na minha melhor forma para as Olimpíadas".
Na sequência, Isaac elogiou o apoio dado pelo governo brasileiro em relação à preparação para as Olimpíadas, mas fez ressalvas quanto à atenção dada para as categorias de base, que o próprio atleta classificou como 'futuro do país':
"É um trabalho que está em progressão, mas ainda vejo muito lento esse processo. Não beneficiam todos, há muitas discrepâncias ainda. Mas com relação à estrutura, a dar o melhor para o atleta (olímpico), isso eles têm acertado. Tanto é que os que vão representar o Brasil em saltos (nas Olimpíadas de Paris) estão na Polônia, fazendo 'training camp', mas eu digo mais em questão de base, sabe? Para levar o atleta para 2028, 2032... Ainda falta um pouco mais de investimento na categoria de base, mas acho que isso não é só no meu esporte. O Brasil (no geral), os patrocinadores principais sempre focam no que está em destaque, mas esquecem dos atletas da base, que são o nosso futuro".
O atleta olímpico reforçou a importância de um investimento maior nas categorias de base, citando o exemplo da Polônia, que tem um número menor de atletas, mas uma estrutura melhor que a brasileira:
"Para eu chegar onde eu estou aqui, na Polônia, com esses benefícios, eu precisei ralar bastante, não foram anos fáceis. Eu pude ver que em outros países existe uma estrutura absurda para as categorias de base. Coisas mínimas, que o Brasil tem condições de fazer. A Confederação Brasileira de Saltos tem essa disponibilidade, de fazer um excelente trabalho com relação a ginásio, academia, e deixam muito a desejar. Poderia ser melhor".
Fora as provas em si, Isaac se diz muito ansioso para conhecer a Vila Olímpica, local que será a 'casa' de todos os atletas durante os Jogos, funcionado 100%, ao contrário de sua última experiência, em Tóquio, no Japão (nas Olimpíadas de 2020), onde a Vila Olímpica contou com diversas restrições por conta do Covid-19:
"Eu ouvi de todo mundo que foi 'esquisito, muito estranho', e eu falei 'gente, que isso?', para mim foi surreal, nunca tinha me deparado com tamanha estrutura, todos aqueles atletas importantes que só via na televisão comendo do meu lado, foi uma sensação incrível. Claro que as restrições atrapalharam um pouco, mas para mim foi uma experiência excelente. Então sabendo que 2024 não vai ter essas restrições, fico mais empolgado ainda. É o momento mais importante da carreira do atleta".
Confira outros tópicos da entrevista:
Ídolo/grande referência
"Minha maior referência para eu ser um atleta hoje é o meu pai, que já foi atleta e chegou a ser campeão brasileiro (de atletismo), mas ele precisou sair muito cedo do esporte porque o pai dele havia falecido, então ele precisou começar a trabalhar para ajudar dentro de casa. Então eu faço isso não só por mim, mas também por ele".
Como é agora passar a ser referência para uma geração
"Eu sou muito tranquilo com isso. Acho que ser referência hoje em dia é algo muito valioso, porque qualquer pessoa que tem um número alto de seguidores, ou um (perfil) verificado, a pessoa já se sente em uma posição de poder influenciar pessoas. Eu acho que esse poder é muito restrito em questão de quem sabe usar bem, lecionar bem, então para mim é um privilégio, mas uma responsabilidade grande, saber que tem outras pessoas me olhando".
Cuidado com a saúde mental
"Eu tenho profissionais que me acompanham semanalmente, que são essenciais não só para atletas, que precisam de um psicológico bem forte, mas para o ser humano no geral. Minha preparação é bem detalhada porque preciso de tudo claro na minha mente, para chegar na hora da competição e eu conseguir dar o meu melhor".
Chegada ao Pinheiros
"(O Pinheiros) foi um clube que nos abraçou e mostrou interesse em nós, é um clube grande, o maior do Brasil, me senti muito bem recebido, com a estrutura toda que eles têm em São Paulo, aquela magnitude. Eu nunca tive um clube, sempre estive em instituições, projetos... Um clube mesmo estou tendo agora em 2024, justamente no ano olímpico".
Veja abaixo uma galeria de fotos de Isaac Souza:
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