Meligeni analisou o atual cenário do tênis brasileiro e projetou o futuro da modalidade
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Meligeni analisou o atual cenário do tênis brasileiro e projetou o futuro da modalidade

Bia Haddad recolocou o Brasil em destaque no tênis mundial após muitos anos. Com campanhas sólidas em diversas competições, incluindo dois títulos em torneios WTA e uma histórica  semifinal em Roland Garros, a paulista é hoje a 13ª melhor tenista do mundo. Mas a trajetória de sucesso de Bia nos faz perguntar: por que não temos outros atletas em evidência na modalidade?

Para responder este questionamento, o iG Esporte entrevistou com exclusividade Fernando Meligeni, um dos maiores nomes do tênis brasileiro e atualmente comentarista dos canais ESPN. O ex-atleta acredita que para o surgimento de novas estrelas é preciso haver incentivo à modalidade e uma oferta maior de torneios no Brasil para os jovens tenistas.

“Eu acho que é um processo. Não é um problema do tênis, e sim um problema do esporte brasileiro. A gente precisa ter cada vez mais incentivo para o tênis. A aparição da Bia faz com que as pessoas olhem de novo para o tênis e queiram mais empresas (patrocinadores). Precisa ter mais jogadores, e para isso você precisa ter cada vez mais forte o juvenil e principalmente a transição para os torneios menores. Quanto mais torneios a gente tiver no Brasil, mais chance a gente tem de ter novos jogadores no circuito mundial”, opinou Meligeni.

Veja abaixo galeria de fotos de Meligeni:


Um ponto-chave, que muitas vezes define se um tenista terá ou não sucesso na carreira, é a transição do juvenil para o profissional. Meligeni falou sobre os desafios dos tenistas brasileiros durante este período, considerado fundamental para o futuro dos atletas.

“É o período em que a gente mais perde, não só nós, como muita gente, pela falta de dinheiro. A gente tem que lembrar que a gente mora em um país longe dos grandes centros (Europa e Estados Unidos), e isso custa muito caro, com o dólar alto no Brasil. São poucas as famílias que têm este aporte, principalmente no momento da transição”, explicou.

O ex-tenista também comentou sobre outro fator que acaba atrapalhando no processo de formação dos atletas: a falta de integração em um país de dimensões continentais como o Brasil.

“A gente mora em um país muito grande, onde é muito difícil você ter uma união de trabalho, entre treinadores, entre atletas. Essa ajuda, que acontece muito na Espanha, Itália, França, de todo mundo treinar junto, de grandes nomes do tênis participarem um pouco mais da história da molecada, de terem a oportunidade de treinar juntos, isso não acontece muito no Brasil. Isso é um grande problema”, pontuou Meligeni.

Mas não são só más notícias. Fernando ressaltou um aspecto positivo, que tem um grande impacto entre os tenistas da nova geração. “O grande acerto que eu acho, é que a CBT (Confederação Brasileira de Tênis) está tentando ajudar a molecada, está colocando bastante dinheiro na formação, conseguindo patrocinadores fortes, que vêm ajudando, e isso é um lado muito positivo”.

Quando perguntado sobre a possibilidade de surgir, em médio ou longo prazo, um novo nome de destaque no tênis brasileiro, Meligeni analisou o atual cenário e projetou:

“É difícil prever. No tênis você não prevê, você vê pessoas fazendo grandes trabalhos. A partir daí, as oportunidades aparecem. A Bia é uma jogadora que há muito tempo está fazendo muito bom trabalho e aproveita as oportunidades, começa a jogar bem, ganha confiança e está onde está. A mesma coisa acontece com todos os nossos jogadores. Há muitos meninos e meninas fazendo um bom trabalho e esperando a oportunidade, o que eu chamo de processo. O processo às vezes demora mais do que a gente gostaria”, concluiu Fernando Meligeni.

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** Cleber Mattos é repórter do iG Esporte e formado em jornalismo. Acompanha o mundo das competições nas mais diversas áreas, sobretudo quando o assunto é futebol.

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