A duas vezes medalhista de prata nos Jogos Olímpicos Madeline Groves desistiu das seletivas de natação da Austrália para Tóquio-2020, citando "pervertidos misóginos no esporte".
Groves, que conquistou as medalhas nos 200 metros borboleta e 4x100 medley na Rio-2016, anunciou sua decisão através do Instagram, e depois emendou um furioso discurso no Twitter nesta quinta-feira.
"Que isso sirva de lição para todos os pervertidos misóginos do esporte e seus lambedores de botas - você não pode mais explorar jovens mulheres e meninas, fazendo body shame ou gaslight médico e esperar que elas te representem para que você possa ganhar seu bônus anual, escreveu ela.
(Veja na galeria abaixo fotos da nadadora)
O termo em inglês "body shaming" é usado para nomear atitudes destrutivas com o objetivo de fazer as pessoas se envergonharem de seus corpos, principalmente dos que estão fora dos padrões de beleza estipulados. Já o "gaslight médico" é o termo usado para descrever médicos que culpam seus pacientes por doenças ou sintomas, ou negam totalmente a existencia de algum tipo de disturbio dando diagnósticos imprecisos.
Em dezembro, Groves escreveu nas redes sociais que havia feito uma reclamação alguns anos atrás sobre um homem na natação que a encarava quando estava de maiô, e a fazia se sentir desconfortável.
"Espero que ele tenha passado por algum tipo desenvolvimento pessoal e aprendido a não olhar para mulheres jovens de maiô, porque depois disso ele foi promovido", disse ela no Twitter.
Ela também escreveu que um "treinador bem conhecido" fez um "comentário assustador" para ela e se desculpou 15 minutos depois, "possivelmente porque o psicólogo da equipe disse para ele fazer isso".
O órgão regulador da natação australiana, "Swimming Australia", disse que havia entrado em contato com Groves após seus comentários em dezembro.
"A Swimming Australia entrou em contato com Maddie em dezembro de 2020 para perguntar sobre um tweet enviado por ela que se referia a um potencial abuso por alguém ligado à natação", disse a entidade em comunicado.
"Maddie se recusou a fornecer mais informações nem temos quaisquer reclamações anteriores registradas por ela. Todas as alegações sobre abuso infantil ou má conduta sexual são levadas a sério pela Swimming Australia. Consideramos o bem-estar e segurança de crianças e jovens de extrema importância e temos o dever de fazer investigações para manter os padrões de nosso esporte."
As provas olímpicas da Austrália começam no próximo sábado, em Adelaide.