Ruth
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Ruth

A irmã da pivô Ruth , que foi campeã mundial de basquete, se manifestou sobre a morte recente da ex-jogadora, em decorrência do coronavírus .

Em entrevista ao site Ultrajano, Nely afirma que o local onde a irmã trabalhava teve um surto de Covid-19 e que Ruth só não se isolou por medo de perder o emprego na Secretaria de Esportes, Juventude e Lazer da cidade de Três Lagoas, em Minas Gerais. 

“Algumas pessoas foram contaminadas. E eu disse a ela: ‘Ruth, você tem o laudo do médico que diz que você é do grupo de risco e esse laudo tem validade por mais 20 dias’. Mas não adiantou, ela tinha medo de perder o trabalho. Exigiram que ela voltasse. Mas, por quê? Eu perguntava e ela respondia: ‘Se eu não voltar, eles vão me mandar embora!", aponta. 

Conforme a irmã, todos sabiam que a ex-jogadora era considerada grupo de risco, já que tinha diabetes e pressão alta, mas, exigiram que ela voltasse a trabalhar. “A última conversa que tive com ela ainda me machuca o coração. Parece que a vejo aqui no quintal de casa, aqui no bairro de Santa Júlia, me dizendo que no trabalho tinha um colega com Covid-19. E eu falei a ela: 'Mas, por que ele está indo trabalhar?’ e ela me respondeu: ‘Pelo mesmo motivo que eu vou”, desabafou.

“Não me conformo. Era para ela ainda estar viva aqui com a gente. Ela se cuidava direito, não saía de casa, não desobedecia às regras de segurança, não ia para balada como pessoas maldosas acabaram falando. Ela foi contaminada lá no trabalho. Por isso estou revoltada. Fiquei quieta até agora. Mas isso é só um desabafo de irmã. Podem me ameaçar agora, podem até me matar, mas eu fico aliviada de contar a verdade”, completou.

Nely disse que Ruth foi bem tratada no hospital enquanto estava internada e que seu plano de saúde arcou com todos os gastos. Mas, a Prefeitura local não teria tomado nenhuma providência quanto a seu enterro, sendo providenciado por suas amigas do basquete.

"Ruth era pivô, atleta. Não havia no momento um caixão apropriado. O túmulo também ficou pequeno. E o jazigo custeado pelas amigas do basquete não pôde ser utilizado: ficou pequeno demais. O próprio pessoal da funerária ficou desesperado. O caixão foi conseguido numa cidade vizinha, mas levariam algumas horas para arrumar o jazigo. E no momento arrumaram um terreno da prefeitura no próprio Cemitério Municipal e ela foi provisoriamente enterrada lá. Daqui a três anos passaremos os ossos para o jazigo. No momento, não penso em exumação. Deixe ela quietinha lá. Já sofremos muito”, conta.

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Nely também relatou sua revolta quanta ações da prefeitura de Três Lagoas. “Quando ela morreu, perguntei na Câmara Municipal se iriam fazer algo por ela. Disseram que ela não poderia ser velada na Câmara por causa da pandemia. Vão fazer alguma homenagem? Não disseram nada. Enfim, puseram uma assistente social que ficou de me ligar mais tarde. E até hoje estou esperando”, denuncia.

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