Principal delatora do esquema de doping que suspendeu a Rússia de todas as competições internacionais do Atletismo , Yulia Stepanova , que há anos se beneficiava do esquema, vive hoje escondida com sua família nos Estados Unidos.
Com a audiência de recurso russo ocorrendo nesta semana, ela e seu marido falaram novamente sobre o caso. Mesmo afirmando que vivem com medo, ambos alegam que não se arrependem de ter denunciado o plano de doping russo.
“Enquanto Putin for presidente, não é seguro voltarmos à Rússia. Se eles nos matarem nos Estados Unidos, no final a verdade aparecerá, mas se eles nos matarem na Rússia, dirão que foi um acidente", apontou.
Nem Yulia nem Vitaly Stepanova
, que trabalhava para a RUSADA (Agência Antidoping Russa), se consideraam heróis e, agora, eles esperam que o CAS se pronuncie sobre o apelo da Rússia à sanção da Agência Mundial Antidoping ( WADA
). "Não nos sentimos como heróis, estamos apenas felizes por termos dito a verdade e não termos tantas mentiras em nossas costas", afirmou.
Stepanova e seu marido foram os delatores que tornaram possível a reunião de evidências que provassem a dimensão do esquema para burlar o controle antidoping do atletismo do país. Após fornecer documentos e conceder entrevista à rede alemã ARD, que tornou as denúncias públicas, a atleta foi considerada "traidora" na Rússia e mudou-se para o exterior. A Wada a classificou como "corajosa" pelos riscos que assumiu ao expor a fraude.
Stepanova foi suspensa por dois anos em 2013 após ter sido flagrada pelo uso de substâncias proibidas e perdeu a medalha que havia conquistado no Campeonato Europeu Indoor de 2011. Originalmente ela havia faturado o bronze, mas herdou a prata quando a ganhadora inicial, a compatriota Yevgeniya Zinurova, foi suspensa por apresentar resultados anormais em seu passaporte biológico.