
Dan Bilzerian é a personalidade mais conhecida do mundo do Poker. O nome do bom-vivant gera discussões acaloradas na comunidade de jogadores, que em geral não costuma dar muita bola para o que o norte-americano faz nas mesas e nem fora delas. Para quem ainda não sabe de quem se trata, Bilzerian é conhecido como o playboy do poker, tem 19 milhões de seguidores no Instagram, onde mostra mulheres em trajes sumários, armas, jatinhos e claro, um pouquinho de poker.
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Nascido em 1980 em Tampa, Flórida, de ascendência armênia e filho de um controverso investidor de Wall Street e empresário, Dan Bilzerian tomou gosto pelas armas no exército. Como nos Estados Unidos o Poker é muito comum, quase uma instituição nacional, ninguém sabe precisar quando Bilzerian entrou para o universo do jogo. O certo é que em 2009 ele ficou na 180.a colocação no evento principal da World Series of Poker e levou US$36.626 para casa, foi seu único registro de êxito em torneios de poker.
Dan é praticante da modalidade cashgame, onde as fichas valem dinheiro e as apostas não sobem. Sua ascensão no meio foi rápida. Ficou mais conhecido ao redor do mundo do que Daniel Negreanu, Phil Ivey e Doyle Brunson, monstros sagrados do Poker. Acabou se tornando uma espécie de embaixador (ou anti-embaixador) do jogo. Avesso a entrevistas a mídia especializada e difícil de ser encontrado em grandes torneios, poucos conhecem o cotidiano de Dan Bilzerian fora das redes sociais. Ser tão discreto fora dos holofotes, e da internet, fez com que muitos jogadores e fãs de poker duvidassem quando ele afirmou ter faturado nada mais, nada menos que US$50 milhões em doze meses, em meados de 2014.
Mas afinal de contas quem é o Dan Bilzerian de verdade?
Leonardo Guarita nasceu em São Paulo, e é um desses casos de quem largou tudo para jogar poker. Com muito sucesso. Depois de se profissionalizar acabou se fixando em Las Vegas, onde encontrou o lugar ideal para jogar Poker. A Sin City tem uma oferta de jogos diários farta e para todos os tipos de jogadores. Lelé, como é chamado pelos amigos, convive com Dan Bilzerian e sobre ele disse: “O conheci em 2009, quando ele era chamado de Dan pelos funcionários do Belagio (cassino de Las Vegas), onde era conhecido pelas excentricidades, como altas gorjetas e café da manhã farto para todos os jogadores da mesa. Algumas vezes se apresentava para jogar de pijama. Ainda não tinha barba.”
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Dan Bilzerian vive cercado de garotas e muita ostentação
Esse relato mostra um lado humano do Playboy do Poker. Guarita afirma que Dan é bom no jogo, sim, mas que poderia colocar tudo a perder pelo seu temperamento: “Posso dizer que Dan não é estrela (gíria do poker para jogadores ruins), que sabe para onde corre o baralho (outra gíria que sinaliza que o jogador tem bom nível), mas no nosso jogo, muitos queriam que ele se sentasse à mesa, pois sabiam que um Tilt (descontrole) dele renderia muitos milhares de dólares aos jogadores.” Outra faceta de Bilzerian são as apostas paralelas. Lelé contou: “Várias vezes ele propôs apostas tresloucadas aos jogadores, como quando apostou com um jogador quem faria mais flexões de braço e parou de jogar para fazer flexões sem parar.”
Juliana Rast é carioca e vive intensamente os bastidores de Las Vegas. Casada com um dos maiores nomes do poker, Brian Rast (mais de US$17 milhões em prêmios), ela conhece Dan muito bem, já que ele é um grande amigo do casal, e concorda com Leonardo Guarita quanto ao tema das apostas: “Numa brincadeira em um churrasco, Dan perturbou até que Brian aceitasse sua proposta de pedalar de Las Vegas a Beverly Hills (onde mora Bilzerian) em 48 horas.” O valor da aposta? – US$600.000.
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E Juliana complementa: “Brian estava completamente despreparado, mas quando vi que Dan já estava cantando vitória aprovei a aposta. Aluguei trailer, comprei mantimentos e lá fomos nós. Quando chegamos em Los Angeles, Dan não estava nada feliz. No fim das contas, ele criou algo positivo: hoje eu e Brian somos adeptos do ciclismo.”
Dan é um cara legal
Tanto Lelé, quanto Juliana acreditam que Dan ganhou os polêmicos US$50 milhões, já que teria acesso a jogos privados que nenhum outro jogador poderia ter. Também concordam que Dan Bilzerian é um cara legal. Nas palavras dela: “O Dan é uma pessoa muito decidida, competitiva e educada. É querido e gentil, apesar de passar uma imagem de durão. Sabe ser amigo quando os outros precisam e é bastante determinado.”
Com todas essas informações será difícil olhar para Dan Bilzerian com os mesmos olhos. Para quem imaginava um cara afetado, rodeado de assessores e que não sabe nada de Poker, tipo um Rei do Camarote, a realidade é um pouco diferente. De todo modo, ele ainda vai continuar sendo assunto dentro e fora do mundo do poker e atrairá atenção para o jogo, o que é sempre bom. Odiamos amar. Dan Bilzerian ou amamos odiá-lo?
*Victor Marques, o Vitão, é ex-jogador profissional de poker, narrador, repórter e blogueiro do Superpoker e do Bandsports