Alguns dizem que a World Series of Poker é a Copa do Mundo do Poker, outros preferem dizer que é uma olimpíada, afinal muitas modalidades -além do Texas Hold´em a mais conhecida e televisiva- e variações do jogo são praticadas ao longo de um mês e meio de competição em Las Vegas todos os anos.
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A primeira edição da série mundial de Poker aconteceu em 1970, bem depois dos primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna e da primeira Copa do Mundo de Futebol. Na ocasião, os participantes se reuniam para praticar várias modalidades do jogo e houve um campeão por votação: o texano Johnny Moss. No ano seguinte, Moss venceria o evento principal da série, já em formato de torneio e que ainda contava com poucos jogadores e apenas 4 eventos de modalidades diferentes do Texas Hold’em. O número de participantes do Main Event foi de 6 jogadores e para poder jogar eles tinham de desembolsar US$5.000.
Já em 1972, o valor da inscrição para o evento principal seria de US$10.000, que persiste até os dias de hoje. Em 1976, os vencedores de eventos da WSOP já não eram mais agraciados com uma taça de prata (além do prêmio em dinheiro), os famosos braceletes foram introduzidos e se tornaram o objeto de cobiça de todo jogador de Poker.
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Apenas em 1982, o Main Event atrairia mais de 100 jogadores, na ocasião, Jack Straus, ficou com o título, o bracelete e apetitosos US$520.000, pouco se comparados a bolada que levou Jamie Gold, produtor de TV norte-americano, que faturou o Main Event de 2006 e acrescentou imponentes US$12.000.000à sua conta bancária.
A importância e diversidade de jogos, valores de inscrição e de países explicam o porquê de a WSOP não encontrar concorrentes no coração do jogador de Poker. O fato de poder cruzer com Bruce Buffer, Gerard Piqué, Jenniffer Tilly, Nelly, James Woods e Aaron Paul, nomes fortes do esporte e das artes que circulam pelo salão do Rio Casino, sede do evento desde 2004, sem seguranças, confere um charme especial ao evento que a cada ano que passa tem mais Brasileiros disputando braceletes e que arrastam uma torcida que faz muita festa quando isso acontece.
Esse ano foram 69 eventos na série, que tradicionalmente começa com o torneio dos funcionários de cassino, ainda no mês de maio, e que custa aos jogadores US$565 para jogar, sendo o mais barato da grade e jogado na modalidade No Limit Texas Hold’Em. O torneio mais caro desse ano foi o High Roller for One Drop, que custava módicos US$111.111. Rafael Moraes, jogador profissional paulista de 25 anos, foi o nosso representante nesse evento, e acabou não chegando a faixa de premiação. O Brasil acabou por não emplacar nenhuma “medalha de ouro” na World Series of Poker, entretanto conseguimos mais de uma dezena de mesas finais.
Mas e os outros números do evento? – Bem, foram 107.883 jogadores de 107 países diferentes, que geraram US$221.211.336 em premiação, com uma média de idade de 40,09 anos. O jogador mais velho foi William Watcher, 95 anos e o mais jovem, Evan House Hall, 21 anos e 19 dias (Em Las Vegas apenas com 21 anos se pode entrar nos cassinos). A participação feminina foi de 4% do total de jogadores. É uma festa muito interessante, com duração de 51 dias e gente do mundo todo. A cereja do bolo, no entanto, ainda está por vir. Sim, depois de tudo isso, ainda temos a Mesa Final do Main Event em Novembro. O famoso November Nine terá seu início em 30 de Outubro (não estou ficando louco) e termina no dia 01/11.
Os nove jogadores que se classificaram entre os 6.737 que pagaram US$10.000 para jogar o evento principal da série, tem tempo para se preparar (não raro contratam os serviços de coaching com profissionais renomados do Poker), para conseguir patrocinadores (jogadores e televisão) e claro, para chamar a família. Nesse ano, o grande campeão levará US$8.000.000 mais o bracelete. O Brasileiro Bruno Foster, paulista de Santos e radicado em Fortaleza, foi nosso único representante a chegar ao November Nine. Ficou na 8.a colocação e levou US$947.172 para casa. Eu ainda vou contar essa história aqui. Na próxima falarei sobre os Brasileiros que já levaram a “medalha de ouro” do Poker na World Series of Poker. É um clube seleto, mas com trajetórias interessantíssimas, como é comum aos grandes campeões.
*Victor Marques, o Vitão, é ex-jogador profissional de poker, narrador, repórter e blogueiro do Superpoker e do Bandsports