Gabi Castrovinci é um dos principais nomes da luta livre nos Estados Unidos e é a primeira lutadora brasileira a participar do WWE, principal torneio do esporte em todo mundo. Porém, antes da fama em terras norte-americanas, ela passou por momentos difíceis trabalhando como faxineira e catando lixo.
Gabi Castrovinci: "A mulher que luta não é valorizada no Brasil"
"Cheguei nos EUA em fevereiro de 2002, um domingo, em Connecticut. Na segunda-feira já comecei a trabalhar. Sendo imigrante e não falando inglês, eu não tinha muita opção a não ser trabalhar de faxineira. Limpei cinco casas no primeiro dia com uma mulher que era namorada do meu pai na época. Ela me escravizava e ganhei 100 dólares. Pensei: 'Nossa. Onde eu iria ganhar isso no Brasil em um dia de trabalho?', contou Gabi Castrovinci .
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"No dia seguinte ela me explorou novamente. Eu lavava banheiro, passava aspirador, limpava cozinha e passava pano. Fazia o serviço da casa inteira e a mulher só tirava pó. Ela me ferrava pois não gostava de mim por causa do meu pai. Ela tinha ciúmes da gente", conta a morena que atualmente está com 30 anos de idade.
Segundo a musa da luta, ela ganhava de 500 a 600 dólares por semana numa época em que a moeda norte-americana estava acima dos quatro reais. "Eu ganhava muito dinheiro e mandava tudo para o Brasil. Juntei uma graninha boa. Trabalhei em outros lugares, outras empresas de limpeza, e tenho muitas histórias hilárias e tristes dessa época da minha vida", lembrou a brasileira.
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Com a experiência no ramo, Gabi abriu seu próprio negócio, comprando uma empresa de limpeza. "Não trabalhava de empregada para ninguém mais. Trabalhava em sete ou oito casas por dia de segunda a sábado. Além disso, entregava jornal de madrugada e limpava janela no verão. Trabalhei uns sete anos nisso. Nesse período me legalizei após casar com um cara que me batia muito. Pensei: 'Vou aguentar até conseguir meu papel. Depois disso eu vou embora'", comentou.
Dentista ou lutadora?
E foi exatamente isso o que aconteceu. Gabi Castrovinci conseguiu seu "Green Card" (documento que permite que o brasileiro resida e trabalhe nos EUA de forma legal) e partiu para um novo rumo na vida: vendeu seu negócio e começou a estudar odontologia.
"Comecei a estudar, a trabalhar em um consultório de dentista como assistente de dentista. Ganhava razoavelmente bem. Foi aí que eu conheci meu marido, que é 22 anos mais velho do que eu. Ele era paciente no consultório e começamos a nos relacionar. Comecei então a trabalhar para ele vendendo seguro", contou.
Apesar de tentar ingressar na odontologia, a paixão pelas artes marciais falou mais alto. "Quando limpava casas, uma das minhas patroas era bodybuilder. Eu era fissurada pelos troféus e pelo corpo dela. Ela sempre foi uma inspiração para mim, tanto que quando tinha condições e disponibilidade de tempo, porque para ter uma vida fitness você tem que ter tempo, comecei a treinar", disse Gabi.
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"Fiz um show da WBFF (World Beauty Fitness & Fashion Inc.) e ganhei o Pro Card. O WWE estava a procura de pessoas para fazer o show 'Tough Enough' e foi dessa maneira que eles me descobriram. Não gostei da maneira como me trataram. Saíram coisas durante o show que meu marido tinha me achado na internet, que eu era prostituta. Pelo fato dele ser mais velho as pessoas já começam a tirar conclusões. A sociedade é muito cruel", lembrou.
E aí surgiu a oportunidade de Gabi Castrovinci continuar morando em Orlando, no estado da Flórida. "Contratei uma pessoa para me ensinar a lutar e em menos de uma semana já tinha um contrato com a TNA (Total Nonstop Action Wrestling). Virei lutadora e hoje batalho muito, treino muito e quero cada dia ser melhor na minha luta", completou a brasileira.