
São exatos cinco anos de clube. E a noite da última quinta-feira (30), no Allianz Parque proporcionou a maior emoção demonstrada por Abel Ferreira no período. O treinador não segurou as lágrimas após a goleada de 4 a 0 do Palmeiras sobre a LDU, que reverteu os três gols de desvantagem no confronto, para levar o alviverde para decisão da Libertadores.
A frustração da dura derrota no jogo de ida, de 3 a 0, pôde ser sentida na coletiva de imprensa — em Quito. E foi convertida em ansiedade durante os sete dias que separaram os dois duelos. Após conseguir a remontada histórica na semifinal da competição , o português afirmou estar aliviado pela remontada da equipe.
"Eu ainda não consigo desfrutar das vitórias, penso que todos os dias tenho que estar a provar o lugar que eu mereço. Não consigo pensar, não tenho que provar a ninguém. Tenho que provar todos os dias que mereço estar onde estou. Não sei se vou conseguir ser capaz de entregar esse tipo de vitórias porque o futebol tem ganhar, perder e empatar. Por isso sou tão mau perdedor", disse Abel, emocionado.
Abel se diz dividido pela renovação
Há 60 meses no Palmeiras, Abel tem contrato até o fim de 2026. E a proposta de renovação já está na sua mesa. Ainda sem ter assinado, o comandante voltou a reforçar que ficou magoado com as vaias e xingamentos que recebeu após ser eliminado para o Corinthians na Copa do Brasil — em agosto.
Ele revelou estar dividido em relação à extensão de vínculo: de um lado, se questiona sobre a permanência com todas as críticas. E do outro, afirma estar muito feliz com tudo que o clube lhe proporciona de estrutura e respaldo para trabalhar. Para o português, "basta de boca" para a presidente Leila Pereira saber se ele vai ou não ficar.
"Não preciso assinar contrato, a Leila sabe o que eu quero. Eu fiquei muito magoado com aquilo que ouvi de uma parte da torcida, não estava à espera. Por isso, digo a Leila: não vale assinar, porque não vou continuar se não houver condições de assinar. Tem clubes que já me ligaram de todos os lados", revelou o treinador.
Gratidão pelos cinco anos de Palmeiras
Chegar a marca de cinco anos à frente de uma equipe no futebol brasileiro, conhecido por ser uma máquina de moer técnicos, é um feito e tanto. E Abel conseguiu sustentar esta impressionante marca com muito mais altos que baixos.
O treinador contou que seu pai não esperava que o filho fosse sair de Portugal. E a palavra que usou para resumir este período marcante da sua carreira à beira do campo foi "gratidão", pelo Brasil e também pelo Palmeiras:
"Tive que subir escadas. Não sou o Guardiola, ninguém sabia quem eu era, mas eu sabia. Aqui eu acho que se juntou muita coisa. Os valores do clube, do treinador, a filosofia do clube. Foi o primeiro clube que fiz entrevista. Esse moleque diria: pai, parabéns pela ousadia por desafiar os teus próprios limites, vais para um país especial e, enquanto lá tiveres, aproveita."
Reencontro grandioso na decisão
As três edições anteriores da Libertadores fora de decepção para Abel Ferreira, com eliminações nas oitavas e semifinal (2x). Após enfim passar desta barreira, a única barreira que terá pela frente pelo título é justo o adversário do seu última glória eterna na competição.
Palmeiras e Flamengo vão reeditar a decisão de 2021, vencida pelos paulistas. O duelo entre os dois melhores times da América do Sul será disputado no dia 29 de novembro, no estádio Monumental, em Lima, capital do Peru.
