
O lateral-direito e zagueiro Danilo, do Flamengo, afirmou que vê França e Argentina como favoritas à Copa do Mundo de 2026, além de que a Espanha corre por fora por não ter a mesma força física que as outras duas. O Brasil, por outro lado, tem um grande respeito e a história a favor, apesar de um ciclo turbulento entre a edição do Catar e a atual.
Ele deve ser titular na partida contra o Racing nesta quarta-feira (22), às 21h30, no Maracanã, pelas semifinais da Copa Libertadores.
“Depois da Copa do Mundo no Catar tivemos muitos problemas fora de campo que influenciaram resultados e desempenho, mas sempre disse que nós, jogadores, temos que assumir nossas responsabilidades — deveríamos ter feito melhor. Agora isso é passado, a experiência serviu de lição e olhamos para o próximo Mundial com otimismo. Mesmo em 2002 não éramos favoritos, e sei que o Brasil é muito respeitado. Temos grandes jogadores e a história está do nosso lado. O importante é chegar bem, preparados e unidos. Se houver boa energia e a magia acontecer... no fim são só oito jogos", afirmou ele em entrevista à La Gazzetta dello Sport.
"Ficamos para trás"
Na avaliação de Danilo, o Brasil demorou para entender as mudanças no futebol e vem tendo dificuldades para se adaptar ao que está sendo feito especialmente em relação à formação de novos atletas.
“A primeira coisa a dizer é que, há 20 ou 25 anos, se vencia apenas com a qualidade dos jogadores — e isso mudou completamente. O futebol ficou mais físico, tático e profissional. No Brasil, demoramos a entender isso e ficamos para trás. Depois, para recuperar, tentamos copiar o modelo europeu, mudando completamente nossa maneira de ver e jogar futebol. Precisamos encontrar um meio-termo entre o profissionalismo extremo e a essência do futebol brasileiro, que nascia nas ruas, jogado por crianças e jovens das favelas.”
“O futebol virou um negócio, e isso é incompatível com a paixão — o seu verdadeiro motor popular. Meu filho João tem seis anos e está em uma escolinha: querem que os meninos mantenham posição, toquem duas vezes na bola, mas como assim vão desenvolver talento desse jeito? É preciso deixar as crianças se divertirem, darem asas à imaginação, improvisarem, driblarem. Talvez aos 11 ou 12 anos se comece com os sistemas táticos, mas antes é preciso cultivar a criatividade, não prendê-los nesse esquema tão rígido.”
Lamine Yamal e Neymar
O ex-Juventus, Real Madrid e Manchester City avaliou a estrela espanhola Lamine Yamal e também Neymar, com quem foi campeão da Libertadores em 2011 no Santos.
“Bem, eu cresci com o Neymar, que era assim. Dito isso, Lamine Yamal é algo impressionante. Joguei contra ele no Bernabéu no ano passado, nunca o tinha visto de perto e me impressionou ainda mais do que na TV. Mas é preciso paciência. Quando esse garoto chegar aos 22 ou 23 anos, pode ter uma queda, um ou dois anos difíceis — é normal. Desde os 16 ele joga no time principal do Barcelona, sob enorme pressão para ser o melhor. Quantos jogos ele fez nos últimos três anos? E ainda nem se desenvolveu fisicamente por completo — é um adolescente. Repito: o mundo do futebol precisa ter paciência com esse garoto.”
O futuro de Danilo
“Mais na Europa do que no Brasil. Quero jogar mais uns dois anos. Estou estudando jornalismo online e, quando parar, quero cursar psicologia presencialmente. Gostaria de continuar no futebol, mas gosto demais do campo — e a única maneira de continuar ali é sendo treinador, que é um trabalho super estressante. Então, veremos.”
