O jovem piloto Gabriel Bortoleto tem motivos para estar otimista para a temporada 2026 da F1. O brasileiro está confirmado na equipe de fábrica da Audi, que fará oficialmente a sua estreia na maior categoria do automobilismo mundial em 2026, ao lado do atual companheiro Nico Hulkenberg.
Há alguns meses, a Audi assumiu definitivamente o controle da Sauber, dando sequência a um projeto que começou há exatos quatro anos. Tradicional nas pistas com os carros de turismo e protótipos, a marca alemã escolheu a dedo a estrela ascendente do Brasil. Conheça os principais motivos:
1. Rápido e campeão
O primeiro motivo da escolha é o talento. E não falamos apenas da capacidade técnica de Gabriel Bortoleto. Os dois títulos conquistados na F3 e na F2 no primeiro ano em cada uma das categorias de acesso à F1, é o principal cartão de visitas do jovem corredor.
“Um piloto que ganha a F3 e a F2 no primeiro ano – sim, no primeiro ano – tem lugar na Fórmula 1” – afirma o engenheiro e dono de equipe campeã de F3 e F4, Eduardo Bassani. “Vem para ficar e pode ser campeão de F1”, concluiu.
Essa é uma combinação rara, que coincide exatamente com os passos de Oscar Piastri, atual líder do campeonato. Não por acaso, outros pilotos que venceram essas duas categorias foram Charles Leclerc, da Ferrari, Lando Norris, da McLaren, além de George Russell, da Mercedes.
2. Representante da geração Z
Outro fator importante foi a idade. Desde a chegada de Max Verstappen à Red Bull Racing, há 10 anos, as pistas de Fórmula 1 têm sido dominadas por jovens talentos, recém-promovidos da F2. Isso coincide com o investimento da categoria na busca de um público mais jovem, desde que foi adquirida pelo grupo Liberty Media, e no desafio da Audi de continuar relevante para a gen Z. Bortoleto, que terá apenas 21 anos em 2026, é mais um integrante da geração dos nascidos depois de 1995 na F1. A pouca idade também dá a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento da equipe, provavelmente como principal piloto da escuderia, que não tem grandes pretensões nos primeiros anos de atividade.
3. Influente e bem assessorado
É impossível negar que ser bem assessorado, por agente influentes, faz a diferença para conquistar um bom assento na Fórmula 1. O agenciamento da carreira de Gabriel pela empresa do bicampeão Fernando Alonso teve um papel fundamental, tanto para colocar o brasileiro na Sauber quanto para definir o tempo de contrato que garantiu um lugar na equipe Audi. A agência também esteve à frente das negociações de patrocínio, essenciais para cumprir as condições estabelecidas pela equipe. Também não se pode ignorar que um lugar na F1 envolve quantias milionárias e o respaldo financeiro da família do piloto foi importante.
4. Ligação com o Brasil
A relação da maior categoria do automobilismo com o Brasil é histórica e visceral. O país construiu lendas internacionais, como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna. E o Brasil também é um mercado automobilístico importante para a Audi. Mas isso não seria suficiente para ajudar a explicar a escolha por Gabriel. Então, pode ter pesado a relação histórica da Audi com o automobilismo brasileiro.
Ayrton Senna no lançamento da Audi no Brasil
Tudo começou quando ninguém menos do que Ayrton Senna resolveu trazer a marca Audi para o Brasil, se tornando um dos seus principais negócios. A Senna Import deu origem à Audi do Brasil, da qual a família Senna deteve uma parcela considerável das ações até 2005. E a relação da Audi com a marca Senna Brands, empresa de licenciamento que explora a imagem do ídolo, continua até hoje.
“Queremos seguir construindo uma história em comum com o Senna”, afirmou Daniel Rojas, CEO da Audi do Brasil, há um ano.
O próprio Bortoleto também já criou uma boa relação com a família do tricampeão, desde que homenageou os 30 anos sem Ayrton no GP de Ímola – e depois em Mônaco – em 2024, ainda pela F2.
Difícil de ser confirmada, essa coincidência pode sobreviver pelo menos no imaginário dos fãs brasileiros e não deve ser ignorada nas campanhas da Audi, pelo menos no Brasil.
O projeto da equipe oficial Audi F1
O início da concretização do sonho de colocar a Audi na Fórmula 1 foi revelado em agosto de 2022, meses antes do anúncio da parceria estratégica para o fornecimento de motores para a equipe suíça Sauber F1. Começaram, quase que imediatamente, os preparativos da estrutura de competição, que seria responsável pela criação e fabricação da unidade motriz da Audi F1.
No ano passado, a Audi anunciou que iria adquirir completamente o controle do grupo Sauber, seguido por um forte investimento do grupo QIA, ligado ao governo do Catar. No mesmo ano, a Audi F1 também confirmou a permanência de Bortoleto e Hulk para o ano de estreia. Em 2025 a equipe focou no desenvolvimento do novo carro de corrida, além de garantir as homologações exigidas para o novo motor híbrido com 400 kW de potência, além da transmissão, fabricados na Alemanha.