Marcelo Bielsa
é mais que um treinador. Quase um fenômeno cult do futebol das últimas décadas, o treinador do Uruguai
vai enfrentar o Brasil
neste sábado à noite, e num contexto peculiar: ele comanda a equipe apontada como favorita para o duelo válido pelas quartas de final da Copa América
. Mas segue sendo questionado também sobre questões mais amplas. Na última sexta-feira, por exemplo, ele comentou sobre o êxodo de talentos sul-americanos e citou o novo titular de Dorival Júnior
: Endrick
.
- Você recorda a formação do São Paulo (bicampeão mundial no início dos anos 1990)? Com um treinador monumental (Telê Santana) e uma formação de todos jogadores de seleção brasileira, todos jogando no futebol local. Vejam o que passou com o pobre futebol sul-americano. Lá jogavam Raí, Antônio Carlos (Zago), Ronaldo, Cafú, Pintado, Muller... todos jogadores "europeus", mas antes de irem à Europa jogaram duas finais de Copa Libertadores. O que aconteceu com o futebol? Com o futebol, que é propriedade popular essencialmente - refletiu o argentino, que emendou:
- Os pobres têm muita pouca capacidade de acesso à felicidade porque não dispõem de dinheiro para comprar felicidade. O futebol, como é gratuito, é de origem popular. Esse futebol, que era uma das poucas coisas que os mais pobres mantinham, já não é mais porque aos 17 anos Endricks vão embora, assim como o "winger (ponta) do Palmeiras" (Estevão)... que lástima que eu tenha que dizer hoje algo que só vai me trazer críticas - lamentou Bielsa.
Bielsa é ídolo de técnicos que são referências e bem sucedidos no mundo todo, como Pep Guardiola. Com passagens por diferentes clubes e seleções, ele comanda, hoje, um Uruguai que precisou se reformular após duas décadas tendo Óscar Tabárez, Edinson Cavani e Luis Suárez como as referências. E tem dado certo.
O Uruguai de Bielsa chega como favorito ao duelo válido pelas quartas de final porque, com o atual treinador, já venceu o próprio Brasil e também a Argentina (nas Eliminatórias para a Copa do Mundo). Desde a gestão iniciada há pouco mais de um ano são dez vitórias em 14 jogos. E 33 gols marcados no período por uma seleção conhecida até então mais pela consistência defensiva e pela garra.
O Brasil vai enfrentar um Uruguai em que Suárez é reserva, e que os talentos mais destacados - conforme ilustrado por Bielsa - estão fora do país. No Brasil estão alguns como Rochet (do Internacional), Viña, de La Cruz e Arrascaeta (este reserva, mas os três do Flamengo). Mas na Europa estão Ronald Araújo (do Barcelona), Valverde (do Real Madrid) e Darwin Núñez, do Liverpool.
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