De volta à Premier League após passagem pelo PSV, da Holanda, o atacante Carlos Vinícius é mais um brasileiro que chama a atenção no futebol inglês. Em entrevista exclusiva ao iG Esporte , o atleta falou sobre o início de carreira e revelou o “segredo do sucesso” do Fulham na temporada.
“Acho que a chave disso tudo é o grupo, que é muito bom. A gente costuma até comentar isso no dia a dia, e quando o grupo é bom, dificilmente dá errado. Sabemos da realidade do Fulham nesses últimos anos, com esse de sobe e desce, mas como eu falei, o grupo esse ano, para além da qualidade dentro do jogo, o extra campo também é muito bom, com a união e o respeito por cada um. Então quando se tem esse respeito dentro do grupo, cada um contribui da melhor maneira, não tem como dar errado."
Além da força do grupo, o atacante brasileiro destacou o trabalho do técnico português Marco Silva, elogiado pela temporada nos 'Cottagers'.
“Um ponto importante nisso é a qualidade do nosso treinador, que também está atrelado a isso do bom grupo. Ele sabe gerir bem essa equipe, como sempre falo, ele é um treinador muito bom técnico e tático, mas também é muito forte na forma de gerir o grupo.”
Sétimo colocado na Premier League, o Fulham está a seis pontos do G4, e pode se aproximar da briga por uma vaga na Champions League. A equipe lodrina venceu clubes como Chelsea e Leicester, e fez boas exibições contra Manchester United, Manchester City, Arsenal e Tottenham.
“Quando você pensa isso ‘vou conquistar a vaga para a Champions League’, automaticamente lembra que não é tão fácil assim, porque a Premier League é muito disputada. Tem clubes que, por exemplo, o Tottenham, que tem como um dos objetivos conquistar essa vaga, pelo investimento que faz. Mas termina às vezes por não chegar, como foi algumas vezes nos últimos anos.”
“Então quando se fala assim ‘vamos chegar na Champions League’, tem que ter algo mais, não que nós não tenhamos, mas é preciso ter algo mais para tu tentar buscar esse objetivo. Claro que a gente anda e trabalha com os pés no chão, sabemos qual é nossa realidade e nossa meta, mas estando nessa posição, essa posição te obriga a sonhar."
"Estamos sonhando, jogo após jogo, só que claro que o nosso principal objetivo é não descer de divisão e continuar na Premier League.”
Velhos conhecidos do futebol brasileiro, Willian e Andreas Pereira atuam ao lado de Carlos Vinícius no Fulham. O atacante contou um pouco de como é a convivência com os compatriotas.
"O Willian é o velhinho novo, né?! Queria eu ser velho igual ele com aquela agilidade toda e habilidade. Mas o Willian e o Andreas têm sido muito importantes para mim e para o grupo em si, mas esse é um ponto, que está vinculado ao grupo ser bom. A gente tem ali nosso pequeno grupo dos brasileiros, também inclua os portugueses, que já tinha um (Palhinha) e agora chegou o Cedric."
"É fantástico ali a rapaziada é alegria na vitória e na derrota, estamos sempre desfrutando do momento, do futebol, e eles dispensam comentários, vocês tem visto nas redes sociais e aquilo é o nosso dia a dia."
“Pessoal está feliz, o próprio Willian está feliz, teve aí aquela situação do Corinthians e tudo, e ele veio pra cá e está muito feliz. Me alegro por ele porque é como eu falei, ele verdadeiramente é um ‘velhinho novo’, tem nos ajudado muito dentro de campo, e para muitos ele já estava como acabado."
"Por isso que eu falo ‘velhinho novo’, porque quando pensamos em um cara de 34, 35, 36 anos você já pensa num cara cansado, um cara que não gosta muito de resenha, ele não, é totalmente ao contrário, parece que está voltando (risos). É da resenha, joga e não tá cansado, tá sempre pronto, e depois é um cara muito feliz, muito alegre, aí junta com o Andreas também aí pronto, é só alegria.”
- De zagueiro a atacante? Carlos Vinicius relembra início no futebol
“Bom, primeiro eu queria agradecer ao Marcos Valadares, graças a Deus estou aqui agora de atacante e escrevendo minha história nesta posição, então o primeiro de tudo que eu tenho que agradecer é a ele. Quando eu saí de casa, disse que tentararia tudo no futebol e quando você sai com essa disposição, até se me colocasse de goleiro, falaria que também sou goleiro (risos).”
“No Santos eu inicio de meia, e eu sempre fui alto, lembro até que tive um treinador lá com um ano que eu estava no Peixe, Abel, e ele dizia que quem tinha acima de 1,80m jogava do meio para trás. Depois disso fui para volante, comecei a alternar entre volante e zagueiro."
“Fui para o Palmeiras como volante - o treinador Diogo Giacomini que me aprovou - e lembro que o zagueiro Gabriel Dias lesionou, e tive que fazer a zaga. Fiquei na posição e nos últimos seis meses após a Copinha do Gabriel Jesus (não fui para a Copinha) chegou o Marcos Valadares e ele falou: ‘Vi uns vídeos de você de meio campo, meio para frente, será que não quer atuar de centroavante?’. Então passaram duas semanas e eu já estava titular na posição. Lembro que nesses seis meses acho que fiz acho seis ou dez gols, e daí para frente segui na posição."
"Mas é que nem eu falo, não foram um ou dois jogos como zagueiro, passei um ano e pouco jogando na posição. Até costumo brincar que cara, mil vezes prefiro jogar de atacante do que correr atrás dos ‘canelinha seca’ lá atrás (risos).”
“O mais engraçado é que assim, é recente, foi cinco anos atrás, no Sub-20, último ano já. Lembro que o primeiro ano que cheguei em Portugal, de atacante, que foi quando recebi a oportunidade de ir para a segunda divisão, você colocava lá meu vídeo que eu tinha dos últimos seis meses de atacante no YouTube, e embaixo o já dava a opção de zagueiro.”
- Resenha com Mourinho em tempos de Tottenham
“Lembro até que o Mister (Mourinho) uma vez chegou no Tottenham e disse: ‘Tu era zagueiro, pa?’, e eu disse ‘Eu era, Mister, é até recente e tal’, aí ele brincava e todo gol que eu errava no treino ou no jogo ele falava ‘Ah por isso tu era zagueiro’ (risos).
- Em ascensão no futebol europeu, Carlos Vinicius pensa em atuar no Brasil?
“Penso, só joguei base praticamente no Brasil né, só tive ali um jogo profissional pela Caldense e um jogo no Grêmio Anápolis. Então sempre falo para as pessoas mais próximas que eu tenho que jogar no Brasil para a minha carreira ser completa, até mesmo para as pessoas da minha família sentirem um pouco.”
“Porque é claro que eles acompanham, mas é um pouco diferente, por tudo, pelo horário dos jogos aqui, pelo campeonato, que por mais que passem jogos da Premier League, não é tão falado e acessível como é o Brasileirão. A ideia é voltar ao Brasil até mesmo como uma forma de realização do sonho da parte deles também”.
Na atual temporada, Carlos Vinícius defendeu o Fulham em 22 oportunidades, marcou dois gols e deu duas assistências.
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