A terceira seção do Tribunal de Barcelona, presidida pelo magistrado Eduardo Navarro, decidiu manter o jogador de futebol Daniel Alves em prisão preventiva sem fiança . Às partes já foram comunicadas da decisão e o jogador seguirá em uma das celas do módulo 13 do Complexo Brians 2.
Mas, por que a justiça decidiu pela permanência do ex-Barcelona na cadeia?
A relatora do despacho, Carmen Guil Román, justifica ao longo de treze páginas as três principais razões.
A primeira delas é que as evidências contra o jogador "são diversas e não partem apenas da declaração da vítima", mas que existem testemunhas e funcionários da boate Sutton que "apoiam de uma forma ou outra a declaração do reclamante".
De acordo com o magistrado, os indícios são "tão abundantes" que não foi necessário fazer um exame minucioso das imagens gravadas pelas câmaras de segurança da discoteca.
Outro argumento para sustentar a prisão foi o exame da suposta vítima no Hospital Clínic de Barcelona, na manhã dos fatos. Na oportunidade, a polícia científica coletou amostras de DNA no banheiro e todas "correspondem ao de Daniel Alves, portanto, corroboram a versão da queixosa sobre a penetração vaginal".
Sobre o argumento do advogado Cristóbal Martell sobre a ausência de lesões vaginais ou de resistência ao estupro, os juízes entenderam que a ausência não "neutraliza" o resto da prova, mas que o apontamento deve ser examinada em plenário, durante o julgamento.
A terceira é o risco de fuga. Apesar da terceira seção reconhecer o fato de Daniel Alves ter comparecido voluntariamente ao encontro com a polícia de Barcelona, isso se deveu, segundo os magistrados, porque Daniel Alves “desconhecia o alcance da investigação e os indícios de criminalidade”.
Assim, o conhecimento que o jogador tem agora da investigação e das provas contra ele “aumenta exponencialmente o risco de fuga inicial”, ainda mais por sua ligação com o Barcelona ser "meramente administrativa", já que o próprio admitiu durante a sua declaração que só foi à Espanha de férias.