Adilson Maringá esteve presente em tragédia após jogo de futebol na Indonésia
Reprodução/Instagram
Adilson Maringá esteve presente em tragédia após jogo de futebol na Indonésia

Adilson Maringá, goleiro brasileiro do Arema, esteve em campo diante o Persebaya Surabaya neste final semana e assistiu de perto à  tragédia que culminou na morte de 125 pessoas na Indonésia.

Em entrevista ao 'Globo Esporte', o jogador de 32 anos contou que temeu pela vida. Maringá explicou que depois da derrota de seu time, por 3 a 2, os jogadores foram cumprimentar os torcedores, até que perceberam um grupo avançar em sua direção.

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"Foi uma cena lamentável. Depois dos jogos temos o hábito de cumprimentar os torcedores e por isso ficámos alguns minutos no campo. Mas depois vimos que estavam a invadir o gramado. Os polícias pediram-nos para que nos retirássemos e fossémos para o vestiário. Saímos normalmente, andando, só que a invasão foi tão grande que os polícias não conseguiram contê-la. Se repararem no vídeo, eu sou o último a sair. Quando estou saindo, vem um grupo de mais ou menos, umas oito pessoas que me agarra. E eu já não conseguia sair... Aí eu temi pela vida", admitiu Maringá.

"Apareceu um policial que me ajudou, eu consegui escapar e corri para o vestiário. Depois de nós entrarmos, aconteceu a selvageria. Eles invadiram, os polícias tentaram contê-los, mas não conseguiram, eram poucos agentes para tanta gente. Então mataram ou pisaram em dois policiais, que vieram a morrer. Depois, a revolta da polícia foi grande e começaram a lançar bombas. E aí começou a selvageria."

Durante a confusão, os jogadores e membros da equipe técnica do Arema tiveram de se refugiar no vestiário por horas até serem liberados.

"Não sabíamos de nada, ficamos no vestiário umas cinco ou seis horas. Só se ouviam gritos, barulho de bombas e ninguém sabia informar nada. Tememos muito pela vida dentro do vestiário. Pensamos 'eles vão invadir e matar todos os que estão aqui dentro'", contou. "De repente, trouxeram pessoas que estavam a agonizar por terem inalado gás lacrimogênico. Chegaram a morrer dentro do vestiário. Quando vi aquilo, eu fiquei desesoerado e disse 'meu Deus, vou perder a minha vida num jogo de futebol.'"

"Ninguém sabia dizer nada, pediam calma. As pessoas choravam e só sabíamos os números de mortos. 'Faleceram 50, 60'. Pensei que aquilo ia tornar-se numa guerra sem fim e que nos ia atingir lá dentro. Veio o exército, blindados e a guerra campal continuava. Depois as coisas acalmaram e conseguimos sair do estádio, por volta das 4 horas da manhã. Quando saímos vimos o desastre no campo e fora do campo. Nunca tinha presenciado uma coisa destas na minha vida, havia pessoas mortas como animais. E o número aumenta, há muita gente nos hospitais que está por um fio", contou Adilson.

Por fim, concluiu: "Estamos sem cabeça nenhuma para jogar futebol, estamos com medo. A FIFA tem que tomar uma providência".

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