
Quando Pogba foi superado por Neymar como o protagonista da transferência mais cara da história do futebol, o francês comemorou. Teve de lidar com o peso do recorde por apenas uma temporada.
Já o brasileiro, desde 2017 o jogador mais caro do mundo, deverá seguir assim por um tempo. Haaland e Mbappé, os dois maiores candidatos a superá-lo, já estão finalizando suas trocas de clube. Nenhuma delas perto de movimentar os 222 milhões de euros que o PSG pagou ao Barcelona pelo camisa 10 da seleção brasileira.
É preciso um alinhamento dos astros para transferências como essa de Neymar se repetirem. O jogador precisa ter a envergadura necessária e os clubes envolvidos devem estar dispostos a fazê-la acontecer. Mbappé é do tamanho certo: aos 23 anos, já foi campeão do mundo pela França, é considerado um dos melhores atacantes do mundo.
Entretanto, o Paris Saint-Germain não fez sua parte na história. Ao se recusar a negociá-lo na temporada passada, quando poderia esticar a corda para ver até quanto o Real estaria disposto a pagar, priorizou a parte técnica - não abriu mão de ter o trio de ataque Neymar, Messi e Mbappé por ao menos uma temporada - e deixou de lado o retorno financeiro.
As últimas notícias que vêm da Espanha dão conta que o craque francês está realmente se transferindo para o Real Madrid. Os merengues não terão de pagar nada ao PSG, uma vez que o contrato de Mbappé está no fim.
Outro jogador com potencial era Haaland. Apenas 21 anos, uma verdadeira máquina de fazer gols, com nada menos que 86 gols em 89 partidas, durante duas temporadas e meia pelo Borussia Dortmund.
O que impediu o norueguês de ao menos chegar perto do recorde de Neymar foi o fato de sair do Borussia Dortmund. O histórico das grandes transferências do futebol mostram que elas precisam ocorrer entre dois clubes da primeiríssima prateleira, ao menos em termos financeiros. Não é o caso do clube alemão.
O Manchester City pagou o valor da multa rescisória, entre 60 e 75 milhões de euros. O número é considerado baixo e foi uma imposição de próprio Haaland quando ele assinou com o Borussia. Era sua preocupação não se tornar um jogador caro a ponto de atrapalhar uma saída no futuro.
Mercado desacelerado
Com a transferência dos dois, faltam candidatos a protagonista dessa transferência estratosférica. Alguns dos melhores jogadores do mundo em atividade, como Lewandowski, Benzema, Modric e Salah, estão na casa dos 30 anos. Alguns com contratos no fim. Tudo isso também joga para baixo as cifras movimentadas numa troca de clube. Neymar tinha mais cinco anos de contrato com o Barcelona quando o PSG foi com tudo para contratá-lo. Coutinho, quando trocou o Liverpool pelo Barça, tinha mais quatro anos de compromisso na Inglaterra.
Além disso, o futebol ainda se recupera da desaceleração econômica causada pela pandemia. O último relatório da Fifa sobre transferências, referente a 2021, mostrou o ano com um valor movimentado 34% menor que o de 2019, último ano antes da Covid-19.
Para 2022 em diante, não será surpresa caso as finanças dos clubes de futebol também sofram com os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, conflito prestes a completar três meses e sem sinais de cessar-fogo próximo.