Aílton Gonçalves da Silva (veja fotos na galeria abaixo) tem uma das histórias mais bonitas e improváveis do futebol brasileiro. Foi campeão da Bundesliga na temporada 2003/2004. E pelo Werder Bremen, time que naquela época já, teoricamente, não tinha condições de enfrentar um gigante europeu como o Bayern de Munique. Ele erminou o Campeonato Alemão como artilheiro, com impressionantes 28 gols em 33 jogos. Foi o eleito o melhor jogador da temporada. Para completar, ajudou o time a conquistar a Copa da Alemanha.
No Werder Bremen, Aílton praticamente não jogou na primeira temporada (1998/99). Participou de 13 partidas, quase todas saindo do banco. Esteve 435 minutos em campo, média de apenas 35 minutos para cada jogo que entrou. Ele relatou em entrevista à Betway, site de apostas esportivas, como foi esse momento complicado.
“Fui contratado como um dos atletas mais caros da história do clube, e quase não entrava. Era criticado, falavam que foi dinheiro jogado no lixo. Mas não tinha culpa. O Felix Magath, treinador na época, nem falava comigo. Ele sequer observava meus bons momentos em treinamentos”.
Com o time na zona do rebaixamento, Felix Magath saiu antes do final da temporada. Thomas Schaaf veio do time B para tentar manter o clube na primeira divisão. E conseguiu. “Quando ele assumiu, disse que não iria me aproveitar naquele final de temporada porque eu estava sem jogar há muito tempo. Falei que não tinha mais cabeça para ficar no Werder Bremen, e quando acabasse a temporada, queria ir embora. Ele me disse que não, que no ano seguinte seria um novo capítulo”.
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De novo, o acaso mudando o destino de Aílton. Não fosse pela troca de treinador, e pela subsequente demonstração de um pouco de confiança do novo comandante, ele teria deixado o clube muito antes da histórica conquista da Bundesliga. No verão seguinte, as coisas começaram a melhorar. Para a temporada 1999-2000, chegaram o atacante peruano Claudio Pizarro e o zagueiro brasileiro Júlio César. “Esses dois me ajudaram mais que o Thomas Schaaf. Formamos um trio com muita sintonia. Fiquei mais confiante, passei a me sentir em casa. E ao ver minha evolução, o treinador apenas me deu espaço pra jogar, e liberdade para eu fazer o que quisesse dentro de campo”.
O atacante brasileiro se firmou como titular. Fez 16 gols na temporada 1999/00, 17 na seguinte, 20 em 2001/02, 17 em 2002/03. E, de repente, a absurda campanha de 2003/04. Foram 34 gols em 43 partidas, juntando todas as competições. Virou ídolo e a maior estrela do título mais improvável do futebol alemão.
Mas, o destino de novo escapou do controle. Logo depois de levantar a taça, Aílton se transferiu para outro clube alemão. “Até hoje, depois de tantos anos, ainda não sei responder porque saí”. Mas ele explica. Antes do inicio da temporada 2003/2004, Aílton teve duas conversas com o clube. Queria renovar. Só que como a expectativa era de que o Werder Bremen não chegaria nem na zona de classificação para a Champions League, a diretoria achava o salário do jogador brasileiro era muito alto para as finanças do clube.
“Aí o Schalke 04 veio, conversou comigo, e em uma hora de papo deixamos tudo acertado. Não assinamos, mas sou um homem de palavra.” Meses depois, o Werder Bremen era campeão da Bundesliga, com Aílton artilheiro e melhor jogador da competição. “Antes mesmo do fim do torneio, eles queriam que eu mudasse de ideia e ficasse. Mas meu pai me educou a cumprir com o combinado, então acabei saindo”.
No Schalke, fez mais um ótimo ano. Artilheiro do clube na temporada com 20 gols em 44 jogos, finalista da Copa da Alemanha, perdendo do Bayern de Munique na decisão. Aílton explica que acabou saindo porque teve um desentendimento com o técnico, Ralf Rangnick: “O mesmo que agora está tendo problema com o Cristiano Ronaldo no Manchester United”