Fama, moral com a torcida e a diretoria, um salário astronômico parelho ao de Neymar e a chance de jogar ao lado do seis vezes melhor do mundo Lionel Messi. Nada disso parece satisfazer Kylian Mbappé. Obstinado a ir ao Real Madrid, o atacante francês rejeitou todas as propostas de renovação de contrato do clube francês e ficou muito perto de trocar o Parque dos Príncipes pelo Santiago Bernábeu ainda nesta janela de transferências.
(Veja na galeria abaixo fotos da carreira de Mbappé)
O PSG faz jogo duro e, até o momento, não sinalizou positivamente a uma proposta de 170 milhões de euros mais 10 milhões em bônus (montante que equivale a cerca de 1,1 bilhão de reais) dos espanhois, que devem deixar a negociação nesta terça-feira, último dia da janela. O clube francês segue com esperanças de renovar o contrato do jogador, que vai até o fim da atual temporada, mas a hipótese mais provável é que Kylian assine um pré-acordo e vá de graça à Espanha no fim de seu atual vínculo.
Os esforços do Real e de Mbappé na negociação mostram que, além da ambição competitiva, a admiração entre clube e jogador é mútua, e isso conta muitos pontos no Bernabéu. O clube, casa dos galácticos, tem uma preocupação especial com sua imagem, e quando uma grande estrela do futebol mundial mostra conexão com o time, a engrenagem gira ainda mais rápido na capital espanhola.
A marca Real Madrid, hoje, vale cerca de 1,27 bilhão de euros, e muito desse valor tem a ver com a política de protagonismo mundial presente no clube, da qual derivam conduções do futebol como a própria era dos galácticos, ao longo dos anos 2000, mas que tem raízes desde os anos 50, com Di Stéfano, Puskás e Gento.
— O Real Madrid é muito grande onde chega, na América, na Ásia, na África, na Europa. É um clube que mexe com o futebol mundial, mexe com o torcedor. A grandeza é incrível — diz o ex-meia Savio, que rumou do Flamengo ao Real Madrid em 1998 e logo na chegada ajudou o clube a reverter um jejum de 32 anos sem Champions — foi três vezes campeão do torneio por lá.
Você viu?
Nascido naquele mesmo ano de 1998, Mbappé começou sua carreira nas categorias de base em meados de 2004, justamente quando o Madrid vivia o período dos galácticos. Viu Zidane, Makelelé, Ronaldo, David Beckham e outros craques vestindo a camisa branca, num período que marcou uma geração de jovens, impulsionado pelo mundo dos games.
Um jovem Mbappé posa com o ídolo Cristiano Ronaldo Foto: Reprodução/TV
Depois, já como profissional, foi contemporâneo do tricampeonato da Champions dos merengues, capitaneados justamente pelo ídolo francês Zidane. O craque, já vestindo terno à beira do campo, dividiu a idolatria do jovem parisiense com Cristiano Ronaldo, grande estrela daquela equipe — e alvo de tietadas do próprio Kylian nas oportunidades em que se enfrentam.
— Eu tive fases (de ídolos). Quando criança, era Zidane. Se você é um garoto francês, seu ídolo é Zidane. Depois, foi Cristiano, e tive sorte de poder enfrentá-lo — contou o jogador, em um evento de sua fundação de caridade, no ano passado.
Em campo, Mbappé enfrentou o Real Madrid três vezes, todas com a camisa do PSG, na Champions. Nunca venceu o time espanhol: foram duas derrotas e um empate.
Mas a admiração aos merengues não simplificará os desafios do francês, caso feche a transferência ainda nesta janela. Em Madri, Mbappé encontrará uma equipe em transição. Carlo Ancelotti assumiu, Sergio Ramos e Varane deixaram o clube, Alaba chegou e o Real Madrid segue apostando em jovens como Vinicius Junior e nomes experientes como Benzema para moldar um novo projeto de futebol para os próximos anos. O palco será um remodelado Santiago Bernabéu, atualmente em reforma.
— Pelo talento que ele tem, a qualidade técnica, a força física, além do próprio clube, acostumado a receber jogadores desse nível, sem dúvidas vai ter um sucesso muito grande — acredita Savio, analisando a hipótese da ida do jogador ao clube.