Revelado pelo Fortaleza aos 15 anos de idade, Francisco Wanderson do Carmo Carneiro, passou pelos cearenses Tiradentes e Ferroviário e pelo River do Piauí antes de decolar a carreira no futebol europeu. Mais conhecido somente como Wanderson, o destaque na Taça São Paulo pelo time da capital do Ceará chamou a atenção de um olheiro sueco e em 2007, foi comprado pelo GAIS Göteborg. Hoje, aos 31 anos de idade, o jogador defende o Dinamo Moscou, da Rússia.
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Em entrevista exclusiva concedida ao iG Esporte, Wanderson contou como foi o início da carreira na Europa, os perrengues na nova cultura e a possibilidade de jogar a Copa do Mundo de 2018 com a camisa da seleção da Rússia .
"Um empresário sueco já tinha me visto jogar na Taça São Paulo e então me fez a proposta de ir para a Suécia fazer um teste. Eram para ser 15 dias de teste, mas depois de três dias, os suecos ligaram para o Fortaleza dizendo que iriam me comprar em definitivo. E assim que apareceu a oportunidade, eu logo aceitei. É o sonho de qualquer jogador, ainda mais garoto, jogar na Europa", relembra o atacante.
No começo, a adaptação na Suécia foi complicada, principalmente por causa da língua. Em seu jogo de estreia, o GAIS contratou um tradutor, que minutos antes do apito de início da partida, repetia 'direita' e 'esquerda' em sueco, para que Wanderson pudesse memorizar. Mas depois de não muito tempo, aprendeu o sueco e em sua segunda temporada foi artilheiro e eleito melhor jogador do campeonato do país.
Em 2010, teve uma rápida passagem pelo Al-Ahli, da Arábia Saudita e dois anos depois, foi mais uma vez emprestado, com contrato de três meses para o Krasnodar, da Rússia. Mas o time russo se interessou pelo brasileiro e renovou para dois anos. "Terminei fazendo história no Krasnodar, como o maior artilheiro do clube de todos os tempos. O clube é novo, mas já estou na história do clube. Infelizmente a gente não entrou em um acordo e agora no final da temporada, saí livre e estou no Dinamo Moscou", conta Wanderson.
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Copa do Mundo
Rumores e questionamentos sobre um dia defender a camisa da seleção russa já apareceram e caso o convite seja oficializado, Wanderson já sabe a reposta. "Se aparecesse a oportunidade, a gente ia pensar com carinho e aceitar, porque é uma oportunidade única. Ainda mais que o Mundial vai ser aqui na Rússia", afirma.
Sobre o clima de expectativa da participação da seleção russa no maior evento de futebol do mundo, ele conta que existe um grande pessimismo. "A seleção não é das melhores e a torcida tambem não acredita. Eles estão bem desacreditados", conta.
Racismo
"Comigo, graças a Deus, nunca passei por nenhum caso de racismo mas já presenciei coisas chatas com o goleiro Guilherme (brasileiro amigo de Wanderson). Esse tipo de ação tem diminuído, mas ainda assim é chato, principalemente acontecer uma coisa dessas no país que vai sedir a Copa", diz.
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Voltar ao Brasil
Feliz na Europa, retornar ao futebol brasileiro não é uma opção para o jogador cearense. "Já conversei bastante com a minha esposa. No Brasil eu não penso mais em jogar, mas Deus é quem sabe do futuro. Eu penso em encerrar minha carreira onde eu comecei aqui na Europa, que é na Suécia e minha cabeça está preparada para isso", afirma.
No entanto, o plano é voltar ao país depois de se aposentar dos gramados. "No Brasil eu penso em ter uma vida normal com a minha família, deixar as filhas na escola, abrir algum negócio com a minha esposa. Mas para jogar, não tenho esse pensamento. Mas tudo isso é Deus quem sabe", diz o jogador, que mora na Rússia há cinco anos.