A uma semana das eleições que vão definir o novo mandatário da Ponte Preta para o quadriênio 2022-2025, o Conselho Deliberativo do clube promoveu uma reunião esvaziada, com cerca de 30 presentes, mas apenas nove conselheiros aptos a votar, para aprovar o orçamento do clube para o exercício 2022.
De acordo com o divulgado pelo clube, o orçamento foi elaborado tendo como premissas a participação da Ponte Preta na Série A1 do Campeonato Paulista, Série B do Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. No entanto, até o momento apenas a presença na elite estadual está assegurada. A três rodadas do término do campeonato, a Macaca ainda precisa de uma vitória para assegurar sua permanência na Série B, enquanto a presença na Copa do Brasil está ameaçada: desde 2019, o clube garantiu vaga em razão de sua posição no ranking da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas a queda vertiginosa nos últimos quatro anos – da 13ª para a 29ª posição, coloca essa vaga sob risco. A última vez que a Ponte Preta ficou fora da competição nacional foi em 2008.
O orçamento aprovado pelos nove conselheiros presentes – entre eles o atual presidente Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho, que não participara das últimas três reuniões por motivos diversos – prevê uma receita consolidada de R$ 34,4 milhões, mas despesas que totalizam R$ 46,3 milhões. Ou seja, o clube terá que buscar receitas complementares de R$ 11,9 milhões, valor que poderá aumentar caso as projeções de receita com venda de atletas (R$ 6 milhões) e premiações em campeonatos (R$ 600 mil) não se concretizem.
O orçamento aprovado reforça o cenário temerário das finanças do clube. Desde a última quinta-feira, 11 de novembro, o elenco estabeleceu nova greve de silêncio, a terceira apenas nesta Série B, em razão dos salários atrasados e das recorrentes promessas de regularização não cumpridas. De acordo com o clube, os salários pagos em carteira (CLT) têm cinco dias de atraso, enquanto as pendências referentes ao direito de imagem, que afetariam “apenas” 11 dos 39 atletas do elenco, variam entre um e três meses de atraso. A diretoria comanda por Sebastião Arcanjo não considera na relação de pendências o atraso no pagamento de dívidas com atletas que estão no clube há mais de um ano.
Entre os poucos conselheiros presentes, chamou atenção a atuação do ex-vice-presidente Marco Antonio Eberlin, um dos líderes da chapa Movimento Renascer Pontepretano (MRP), que em mais um sinal explícito de aproximação com Tiãozinho, usou a tribuna para elogiar o atual presidente e culpar as dificuldades financeiras por suposto abandono do presidente de honra Sérgio Carnielli, com quem Tiãozinho está rompido.
Nos últimos dias, a possibilidade de uma dobradinha entre Eberlin e Tiãozinho para encabeçar a chapa do MRP ganhou força nos corredores do Majestoso, embora tenha sido desmentida por ambos. De acordo com o apurado pela reportagem do IG, como a eleição na Ponte Preta é indireta – elege-se a chapa vitoriosa, que só depois de eleita informa oficialmente quem será seu presidente e os dois vice-presidentes – o MRP não vai confirmar os nomes de seus candidatos, especialmente em razão da grande rejeição aos nomes de Eberlin e Tiãozinho. Já a outra chapa envolvida na disputa (DNA Pontepretano), confirmou o nome do advogado Eduardo Lacerda Fernandes como seu candidato à presidência do clube.