A eleição para escolha do novo presidente da nova Ponte Preta para a gestão 2022-2025 está marcada para o próximo dia 20 de novembro, mas o clima já esquentou nos bastidores do estádio Moisés Lucarelli. O motivo? A exclusão, supostamente irregular, de grande número de conselheiros às vésperas do pleito. O Conselho Deliberativo do clube não divulga os dados oficiais, mas a reportagem apurou que o número de excluídos passa de uma centena.
De acordo com lista divulgada pela Ponte Preta no último dia 22 de setembro, 785 conselheiros estão aptos a votar na eleição, que deverá reunir duas chapas: DNA PONTEPRETANO e Movimento Renascer Pontepretano (MRP). As chapas têm até o final de outubro para oficializarem a inscrição. Considerando que uma chapa deve ter 225 conselheiros para participar do processo, o colégio eleitoral é reduzido e desenha-se uma disputa voto a voto. Por isso, a exclusão de conselheiros às vésperas do pleito causou revolta.
A alegação do presidente do Conselho Deliberativo da Ponte Preta, Tagino Alves dos Santos, por meio de nota oficial divulgada no site do clube, é que os conselheiros foram excluídos em razão de inadimplência, de acordo com o previsto no estatuto social do clube.
Esse não é o entendimento de conselheiros que se sentiram prejudicados pela decisão e recuperaram seus direitos políticos na Justiça. De acordo com eles, o estatuto é claro e estabelece que, antes da exclusão, o conselheiro deve ser notificado oficialmente pelo Conselho Deliberativo para regularização de eventuais pendências, o que não teria acontecido.
“Sou conselheiro da Ponte Preta desde os 16 anos, há praticamente 40 anos. Em agosto, quando fui acertar os meses atrasados, muito por causa da pandemia que fechou o clube e por não ter recebido nenhuma cobrança por e-mail, fui informado que tinha sido excluído do Conselho. Não recebi carta nenhuma, nem e-mail de aviso sobre isso. Disse que queria acertar o débito, mas não pude em razão da exclusão. A única alternativa que me restou foi entrar na Justiça para reaver meu direito de pagar, de contribuir com o clube que amo. Tenho certeza de que minha exclusão foi por motivo puramente político, já que faço parte de uma chapa (DNA PONTEPRETANO) que faz oposição à chapa apoiada pelo atual presidente do clube, Sebastião Arcanjo”, explica o jornalista Alexandre Battibugli.
Até o momento, a reportagem do IG identificou o caso de dez conselheiros que ingressaram com ações na Justiça e recuperaram seus direitos políticos. Nenhum deles teve insucesso nas ações propostas. Nesse sentido, chama atenção o despacho do juiz da 8ª Vara Cível de Campinas, Herivelto Araújo Godoy, que na liminar concedida a um dos conselheiros destacou “a notória existência de outros casos similares nesta comarca ... (sendo) possível afirmar possível violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, bem como, ao Estatuto Social da Associação Atlética Ponte Preta".
Conselheiro desde agosto de 2016, o empresário Daniel Gotschall é outro torcedor que recuperou seus direitos na Justiça. “Sempre mantive os pagamentos em dia, mas, desde o início da pandemia, não recebi de forma regular os boletos por e-mail. Em julho, recebi um boleto referente a julho/2021 pelos Correios, em 12/7, e realizei o pagamento no dia 15 do mesmo mês, apesar da estranheza de não ter recebido nada por e-mail. Pouco depois, sem receber os boletos dos meses subsequentes, tive conhecimento de que inúmeros conselheiros estavam sendo excluídos sumariamente e descobri que também havia sido. Fiquei surpreso e indignado e fui obrigado a ingressar com o processo. Foi a única forma de recuperar meus direitos no clube que amo, já que ninguém quis resolver a questão de forma amigável”, contou Gotschall.
Procurado pela reportagem do IG, Tagino disse que fará uma entrevista coletiva ainda nesta semana para explicar os fatos ocorridos. Segundo ele, há um desencontro de informações, uma vez que algumas pessoas que reclamam de exclusão nunca fizeram parte do quadro de conselheiros e as exclusões realmente efetivadas se deram devido à inadimplência. O presidente do Conselho Deliberativo afirmou ainda que a entrevista servirá para explicar o processo eleitoral para a escolha do próximo presidente pontepretano.