
À medida que o mundo se prepara para a COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em Belém este mês, o futebol brasileiro mostra que também está comprometido com o planeta. Clubes e entidades têm se mobilizado para adotar práticas sustentáveis, em ações como o uso de energia renovável, reaproveitamento da água, reciclagem de resíduos e parcerias com ONGs ambientalistas.
Santos
Em Santos, a histórica relação entre o clube e o mar ganhou um novo capítulo com a parceria entre o time e o Instituto EcoFaxina, ONG dedicada à recuperação do estuário da cidade e de São Vicente. A união tem como foco a educação ambiental e o engajamento da comunidade santista em ações de preservação da vida marinha.
“A parceria é muito importante porque há uma relação forte entre o Santos e seus símbolos, com a cidade, a Baixada Santista e, principalmente, com o trabalho desenvolvido pelo instituto. Com isso, ampliaremos as ações, divulgaremos a causa e agregaremos valor ao trabalho, desde o aproveitamento de materiais recicláveis até a criação de símbolos como a Baleinha e o Baleião”, afirmou Marcelo Teixeira, presidente do clube.
Vasco e Criciúma
O projeto “Recicla Junto”, idealizado pela empresa Cristalcopo em parceria com o Vasco e Criciúma, transforma os dias de jogo em oportunidades de coleta seletiva. Em 2023, mais de 12 mil toneladas de resíduos foram recicladas durante as partidas.
“O esporte, como uma paixão nacional, serve como um poderoso instrumento de transformação social e impacto positivo na sustentabilidade. Ele nos permite alcançar e orientar um vasto número de pessoas, unindo o amor pelo esporte com a responsabilidade ambiental”, destacou Augusto Freitas, CEO da Cristalcopo.
Juventude
O Juventude, de Caxias do Sul, investe fortemente em energia solar e no reaproveitamento da água da chuva. Com 240 placas fotovoltaicas instaladas no estádio Alfredo Jaconi e no centro de treinamento, o clube economiza cerca de R$ 15 mil por mês.
“O Juventude acredita que sustentabilidade e futebol caminham juntos. Nosso compromisso vai além das quatro linhas, queremos que o clube seja um agente ativo na preservação ambiental e no uso consciente dos recursos naturais. Cada investimento em energia limpa ou reaproveitamento da água representa não somente economia, mas um legado de responsabilidade para as próximas gerações”, afirmou Fábio Pizzamiglio, presidente do Juventude.
Internacional

Em Porto Alegre, o Internacional é um dos clubes que mais se destacam por sua atuação ambiental. O Beira-Rio foi modernizado para atender a altos padrões de sustentabilidade e possui a Certificação LEED Silver, concedida a edificações com práticas ecológicas comprovadas.
Entre os projetos implementados, estão o sistema de captação da água da chuva, que abastece os vasos sanitários e reduz significativamente o consumo hídrico, e o programa de reciclagem, que em 2024 destinou corretamente mais de 34 toneladas de resíduos secos. Recentemente, o clube também foi reconhecido pela neutralização das emissões de gases de efeito estufa geradas no Campeonato Gaúcho 2025, em ação homologada pela ONU e registrada na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
“A sustentabilidade faz parte de um dos pilares que acreditamos dentro do Internacional. Cada ação que realizamos, seja na gestão do estádio, no cuidado com os gramados ou na compensação de carbono, reforça o nosso compromisso com o meio ambiente e com as futuras gerações. Queremos mostrar que o futebol pode e deve ser exemplo de responsabilidade climática”, afirma Victor Grunberg, vice-presidente do Conselho de Gestão.
Botafogo-SP
No interior paulista, o Botafogo-SP também deu um passo significativo em direção à sustentabilidade ao firmar um acordo com a Clarke Energia, startup que fornece energia 100% renovável. A iniciativa prevê a redução de até 140 toneladas de CO₂ por ano e uma economia superior a 30% nos gastos com eletricidade.
“Significa muito para o Botafogo ter seu nome associado à responsabilidade ambiental. A partir de agora, o clube está inserido em um grupo importante que promove ações para diminuir o impacto ambiental e colaborar por um futuro mais sustentável”, declarou Ferdinando Brito, diretor administrativo da equipe.
Sport
No início do ano, o Sport firmou acordo com a prefeitura do Recife para compensação ambiental. O clube vai investir R$ 2,7 milhões como parte da reforma da Ilha do Retiro. A medida decorre de análise do Estudo de Impacto de Vizinhança.
Empresa que atende 90% dos estádios e centros de treinamentos das séries A e B do Campeonato Brasileiro, a Itograss foi pioneira no Brasil ao lançar a primeira grama certificada como carbon free. Com isso, suas plantações são capazes de retirar da atmosfera cerca de 200 mil toneladas de dióxido de carbono por ano. A companhia também adotou um balanço de carbono validado pela Delta CO2, instituição especializada em inventários de gases de efeito estufa. De acordo com os dados apurados, cada metro quadrado de grama colhido pela Itograss retira 4 kg de dióxido de carbono da atmosfera.
“Isso significa que a grama da Itograss não apenas compensa suas próprias emissões ao longo da cadeia produtiva, mas também atua como um poderoso agente de sequestro de carbono durante todo o seu ciclo de vida. Além disso, utilizamos insumos biológicos, que são desenvolvidos a partir de microorganismos e que são alternativas aos insumos químicos que apresentam moléculas sintéticas e emitem grande quantidade de carbono em sua produção”, explica Rodrigo Santos, engenheiro-agrônomo e Coordenador do Centro de Gramados Esportivos da Itograss, companhia que está presente no Maracanã, no Morumbis, no Mineirão, no Mané Garrincha e em outras arenas do futebol brasileiro.
Essas iniciativas mostram que o futebol brasileiro está incorporando a agenda ESG (ambiental, social e de governança) à sua rotina, servindo de exemplo para torcedores, empresas e instituições.