
O meia Everton Ribeiro, do Bahia, divulgou que foi diagnosticado com câncer na tireoide e passou por cirurgia. Por meio de suas redes sociais, o jogador afirmou que o procedimento ocorreu bem e que está em recuperação.
O jogador contou que descobriu o diagnóstico há cerca de um mês. Desde então, o meia vem atuando normalmente e participou das vitórias sobre o Flamengo, no último domingo (5), e Palmeiras.
De acordo com André João Rossi, médico com especilidade em Oncologia Clínica pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo da USP, o atleta poderia ter atuado antes da cirurgia. " Quando o tumor é diagnosticado em uma forma inicial, apesar da cirurgia ter seus riscos, não é considerado de uma complexidade mais elevada, a recuperação costuma ser rápida. Se a pessoa estiver clinicamente bem, sem sintomas relevantes da doença, não teria contraindicações para praticar atividade física antes da realização da cirurgia", explicou.
Segundo ele, o fato de se tratar de um atleta de alto nível pode acelerar o processo pós-operatório e fazer com que Everton retorne aos gramados de forma mais breve.
“Quem tem um bom condicionamento físico, seja porque é um atleta profissional ou seja uma pessoa que não é atleta profissional, mas tem uma rotina de atividade física e é bem condicionado, são pessoas que vão melhor no pós-operatório. O pós operatório tem seus riscos, mas pode se complicar quando a pessoa é sedentária".
De acordo com o jornalista Cáscio Cardoso, da Rádio Sociedade, o jogador deverá ficar afastado por 20 dias para se recuperar da cirurgia.
Entenda diagnóstico e tratamento
O que caracteriza o câncer na tireoide e quais são, em geral, os principais sintomas e riscos? É comum esse tipo de câncer ser descoberto de forma precoce? E é um tipo de câncer com altas chances de cura?
"A maioria das pessoas que acabam identificando a doença, ou é porque fez algum exame de imagem por algum outro motivo e identificou um nódulo na tireoide, desencadeando uma investigação, ou acabam sentindo algum carocinho na região do pescoço ou linfonodos, que são gânglios na região cervical. Às vezes pode ter, em casos um pouquinho mais avançados, rouquidão ou dificuldade para deglutir. Esses são os sintomas mais comuns
“A grande parte, como é diagnosticada num momento mais inicial, eles acabam tendo uma chance de cura bem mais elevada. A maioria desses tumores de tireoide, são doenças curáveis com tratamento que envolve basicamente cirurgia. Depois da cirurgia, dependendo do subtipo, pode ser feito o tratamento com iodo radioativo, que ajuda também a diminuir o risco da doença voltar. Além disso, é feito reposição hormonal com os hormônios da tireoide, uma vez que a tireoide é retirada na grande parte das vezes.”
Por se tratar de um esportista, o tratamento e a recuperação podem ser mais rápidos ou necessitam ainda mais de atenção, por conta da alta intensidade física que um atleta tem em sua rotina?
“Quem tem um bom condicionamento físico, seja porque é um atleta profissional ou seja uma pessoa que não é atleta profissional, mas tem uma rotina de atividade física e é bem condicionado, são pessoas que vão melhor no pós-operatório. O pós operatório tem seus riscos, mas pode se complicar quando a pessoa é sedentária. Por isso, as pessoas no pós-operatório são estimuladas, que após um período inicial, vão devagar retomando a sua atividade física e isso é visto como um ponto positivo.”
Que cuidados médicos e fisiológicos precisam ser adotados para equilibrar o tratamento do câncer com a rotina esportiva?
“De forma geral, em qualquer uma das formas de tratamento oncológico, manter-se ativo, manter a atividade física sempre é positivo e ajuda na recuperação. É só dosar essa questão de intensidade. Por isso que tem que sempre estar acompanhando, além do médico, também com uma equipe que é habituada, um educador físico, fisioterapeuta, para fazer um plano de cuidado mais focado para o paciente.”
Apesar do diagnóstico, Éverton Ribeiro não deixou de atuar; inclusive, esteve em campo no domingo, um dia antes da operação. Isso é recomendável ou pode prejudicar a recuperação?
“Não é uma contraindicação formal. Quando o tumor é diagnosticado em uma forma inicial, apesar da cirurgia ter seus riscos, não é considerado de uma complexidade mais elevada, a recuperação costuma ser rápida. Se a pessoa estiver clinicamente bem, sem sintomas relevantes da doença, não teria contraindicações para praticar atividade física antes da realização da cirurgia. Além disso, não costuma atrapalhar a recuperação, se a pessoa está bem, não teria motivo para ela não seguir com as atividades habituais”