
O presidente do São Paulo, Júlio Casares, gravou um vídeo, na tarde desta segunda-feira (6), pedindo para que a CBF divulgue o conteúdo da conversa entre o árbitro Ramon Abatti Abel e o árbitro de vídeo Ilbert Estevam da Silva durante a partida entre São Paulo e Palmeiras, ontem, no Morumbis.
A equipe de arbitragem foi afastada pela entidade que rege o futebol brasileiro depois de possíveis erros na partida, que terminou com a vitória do Palmeiras, por 3 a 2, no clássico.
O requerimento do mandatário são-paulino pretende quebrar o protocolo que existe sobre a divulgação de áudios da equipe de arbitragem adotada pela CBF. As gravações dos trechos de lances dos jogos só são disponibilizadas quando a equipe da cabine do VAR sugere ao juiz a revisão da jogada no monitor. Contudo, Casares pede que o presidente da CBF, Samir Xaud, e o chefe da comissão de arbitragem da CBF, Rodrigo Cintra, abram uma exceção.
"Venho uma vez mais me manifestar a respeito dos lamentáveis fatos ocorridos ontem no Morumbis, no jogo contra o Palmeiras pelo Brasileirão. Foram 5 vídeos, onde a tecnologia entrou em campo, mas a falta de diálogo, ou a omissão, ou a falta de firmeza técnica do árbitro e do árbitro de VAR, trouxe um prejuízo ao São Paulo.
O São Paulo poderia ter um pênalti a favor, além de jogar com um atleta a mais. Como foi em Fortaleza, onde nós dissemos que foi merecida a expulsão do Rigoni, mas aqui no Morumbis o critério foi outro.
Este momento é para ser firme. Eu apoio o presidente (Samir Xaud) pelo seu idealismo, pela sua juventude. É uma pessoa bem intencionada. Mas existe um protocolo de não ceder os áudios, quando o VAR não chamar o árbitro de campo para o monitor. Presidente vamos quebrar o protocolo.
Nós precisamos do áudio para imaginar o que aconteceu. Para saber que tipo de diálogo aconteceu entre o VAR e o árbitro de campo. São prejuízos não só ao São Paulo, mas ao futebol brasileiro. A comunidade esportiva quer saber do áudio.
Estamos tristes porque o resultado não volta, embora deveria voltar. Fomos prejudicados. Influiu diretamente no resultado do jogo. Sem contar outros erros de outros clubes que tem acontecido. Vamos reconhecer com a demonstração do áudio do VAR que a arbitragem está no fundo do poço e que mostrar esse áudio é o começo de uma mudança.
Ontem, eu soube da nota do afastamento dos árbitros. Foi uma medida correta, mas não pode ficar apenas numa punição temporária e depois ele é premiado num jogo lá na frente. Precisa ter rigor, porque não foi um erro qualquer. Porque se tem tecnologia, e às vezes ela é aplicada numa demanda muito maior, ontem inexplicavelmente ela não foi aplicada em nenhum dos 5 lances que nós mostramos.", disse.
Casares ainda sugere mudanças nas regras de aplicação do VAR para o Campeonato Brasileiro.
"Portanto, nós queremos dar mais duas sugestões: vamos implantar ainda esse ano o desafio, onde cada técnico poderá acionar o VAR através de uma dúvida. Duas vezes por jogo conforme regulamentação. Com isso vai inibir a omissão do VAR, vai inibir a covardia de um árbitro que não olhou o que estava acontecendo, embora estivesse muito bem posicionado.
Outra sugestão é que, assim como a súmula é anexada todos os acontecimentos daquela partida, sejam automaticamente disponibilidados o áudio e as conversas das interferências que aconteceram dentro de campo.
Portanto, presidente Samir e Rodrigo Cintra: é um momento de virar a página na arbitragem. O que aconteceu ontem no Morumbis é pra pôr um fim nesse momento triste da arbitragem no Brasil. Eu confio em vocês e na transparência. Lamentamos demais. Chegamos no limite", finaliza.

Deboche
Responsável pela arbitragem polêmica na partida entre São Paulo e Palmeiras, neste domingo (5), pela 27ª rodada do Brasileirão, o juiz Ramon Abatti Abel teria deixado o Morumbis cantarolando, enquanto o dirigente do Tricolor Rui Costa concedia entrevista na zona mista do estádio. A informação foi revelada pelo jornalista Alexandre Salvador, do Canal Arnaldo e Tironi, que estava presente no local.
Após a partida, a CBF emitiu uma nota em que comunica o afastamento da equipe de arbitragem. A punição aconteceu, inclusive, para o juiz que operou o VAR Ilbert Estevam da Silva.
A entidade admitiu os erros que prejudicaram o andamento da partida - o mais claro foi a não marcação de pênalti no atacante Tapia do São Paulo, enquanto o jogo estava 2 a 0 para o Tricolor.