Luan Peres ultrapassou o número de 100 jogos pelo Santos
Foto: Raul Baretta/ Santos FC
Luan Peres ultrapassou o número de 100 jogos pelo Santos

Anunciado pelo Santos no dia 3 de setembro, o zagueiro Luan Peres completou cinco meses e mais de 100 jogos (somando as duas passagens) vestindo novamente a camisa do Peixe.

De volta à sua melhor forma física, o jogador refletiu, em entrevista exclusiva ao iG Esporte, sobre o impacto da chegada de Neymar, adaptação ao trabalho de Pedro Caixinha, saída do Olympique de Marseille no melhor momento na Europa e sobre o desejo – ou não – de ainda representar a Seleção Brasileira.

Retorno ao Brasil após lesão

A recuperação de Luan após a lesão foi um processo árduo. Diferente do que foi noticiado no Brasil, o atleta sofreu uma lesão no ligamento cruzado posterior (LCP), e não no ligamento cruzado anterior (LCA).

Apesar do nome semelhante, o caso tem suas diferenças. O LCP é um ligamento que se rompe quando há compressão, e nem sempre é necessário realizar uma cirurgia para tratá-lo, o que foi a abordagem adotada no seu caso.

"Como você disse, não foi LCA, mas foi LCP, praticamente igual. O tempo de recuperação é igual e talvez até os primeiros três meses sejam mais difíceis do que de uma LCA por não poder dobrar o joelho em nenhum momento estático, toda hora. Então, foi uma lesão bem chata assim, que eu não desejo para ninguém, mas superada. Nós estamos em fevereiro, eu voltei a treinar em julho lá no Fenerbahçe na pré-temporada. Ali, sim, foi um momento complicado... estava muito abaixo ali, tanto na parte física quanto na percepção de jogo ou velocidade. Os caras estavam a 100% e eu a 1%”, explicou Luan.

Segundo Luan Peres, quando chegou ao Santos, ele sentia que estava um pouco abaixo do ritmo dos seus companheiros, apesar de estar em boa forma. Com o tempo e após a pré-temporada no clube, onde teve a oportunidade de se ajustar completamente, ele se sente agora muito mais preparado e sem nenhuma limitação.

“Quando eu cheguei no Santos, ainda me sentia não de ritmo, mas eles (companheiros) estavam acima de mim. Mas, hoje, depois de uma pré-temporada agora aqui no Santos, vindo de férias como todo mundo, me sinto super bem e não vejo mais nenhum problema em relação a isso."

Pré-temporada e exigências de Caixinha

O começo da temporada no Santos trouxe também os desafios impostos pela curta pré-temporada no Brasil. Luan Peres comparou a preparação no país com a experiência em outros lugares, afirmando que a janela de treinamento no Brasil é bem mais restrita.

"Ah, então, a pré-temporada, na verdade, ela é muito curta aqui no Brasil. A gente tem 10 dias para fazer treinos assim, e aí já começam os jogos. São 10 dias que você tem que preparar a parte física, a parte técnica e a parte tática. O tempo é muito curto em comparação a outros lugares, que têm um mês, 40 dias até a primeira partida. A diferença é absurda. Ele (Caixinha) é português, mais do que ninguém sabe disso, já viveu muito isso lá. É muito pouco tempo para conhecer o companheiro que acabou de chegar, a parte técnica, tática, física. É complicado, mas a gente tem que saber lidar com isso. No começo, sofremos um pouco, as primeiras rodadas, mas sabíamos que passaríamos por esse processo. Agora, já viramos essa chave e nos encontramos em um bom momento”, explicou.

O zagueiro também comentou sobre a adaptação ao treinador Pedro Caixinha. Diferente do que ocorria com Fábio Carille na temporada passada, o técnico português fez ajustes nos horários dos treinos e exige uma equipe com mais posse de bola e postura ofensiva.

"Sempre que muda treinador, muda a filosofia. Não é do dia para a noite, não é no primeiro treino que nós vamos entender todas as filosofias do treinador. Isso é normal, é um processo que muda de treinador para treinador. Nós tínhamos um estilo de jogo, mudamos o estilo de jogo, mas o que a gente sofreu mesmo, e o que eu sofri nas primeiras rodadas, foi a parte física. Eu chegava no segundo tempo muito cansado, tanto que, se você puxar nas partidas, um monte de jogador puxava a coxa, sentia a coxa, pedia substituição por câimbras. Eu mesmo, nas partidas, não saí, mas puxava a perna já nos últimos 15, 20 minutos, já estava no meu limite. A parte física foi bem difícil e, também, claro, nas funções que o treinador pedia. Até a gente entender e assimilar exatamente o que ele queria, levou tempo”, detalha.

Luan Peres foi campeão da Copa da Turquia pelo Fenerbahçe
Foto: Reprodução/ Instagram
Luan Peres foi campeão da Copa da Turquia pelo Fenerbahçe

Parte física atrapalhou o rendimento?

O início de temporada do Santos não foi o esperado. Apesar da vitória contra o Mirassol, a equipe enfrentou uma sequência de quatro jogos sem vencer e com um número elevado de gols sofridos.

Embora tenha enfrentado dificuldades físicas, Luan descartou que esse tenha sido o principal motivo para o rendimento abaixo das expectativas.

"Acho que não pode ser uma desculpa. Não estamos aqui para arrumar desculpa nem nada. Claro que, quando a gente vai ficando mais cansado, acaba também mentalmente esgotado. Aí, não temos aqueles 100% de foco, de percepção que a gente queria estar. E isso, às vezes, é um mínimo de detalhe ali, que o adversário está nas suas costas por 1 metro a mais do que você devia estar para o lado, e acaba que a bola vai nele, aí sai o gol. Acho que isso também contribuiu, mas não é uma desculpa. A gente tinha que estar mais ligado. São 90 minutos de partida, não são 4 horas de jogo. São 90 minutos, os 90 minutos da nossa semana. Cada quatro dias tem dois jogos na semana, então são 180 minutos na semana em que temos que estar 100% focados. Não acho que é uma desculpa, não. A gente tinha que melhorar, como melhoramos, e agora estamos muito melhores nisso, e também melhor na parte física."

O “novo normal” ao lado de Neymar

Neymar chegou ao Santos e movimentou torcedores e imprensa mundial. Luan Peres, apesar da experiência em competições como a Liga dos Campeões e a final da Libertadores, teve dificuldades para tratar a situação "como normal".

"Até nós, até a gente mesmo. Eu sou um pouco mais experiente, mas nunca vivi nada do que ele viveu. A gente, pô, é uma inspiração para a gente, é muito legal ver ele aqui com a gente. Sei que agora a gente vai acostumando um pouco mais, mas nos primeiros dias, assim, quando você o via ele, parecia que a ficha nem tinha caído ainda. Você via o cara, o Neymar, tipo, é muito louco essa experiência. Está sendo fantástica ir para o campo com ele, poder conversar com ele no vestiário, na academia, no campo, virar um parceiro, um colega dele. Conviver com ele todos os dias é uma experiência fantástica. Poder dividir campo com ele é melhor ainda. Então, uma experiência fantástica, cara. Me perguntam muito, meus amigos, e, cara, é uma experiência, uma pessoa ímpar, do bem, um cara que te dá ouvido, que te dá total atenção quando você está conversando com ele, um cara nota 10. O cara que não tem nada para falar dele, não. Fenômeno. E dentro de campo, também, não preciso nem comentar”, afirma.

Neymar e Luan Peres (ao fundo) em jogo pelo Santos
Foto: Raul Baretta/ Santos FC
Neymar e Luan Peres (ao fundo) em jogo pelo Santos

Luan falou sobre a importância de apoiar Neymar dentro de campo, destacando o comprometimento da equipe em ajudá-lo a estar sempre em suas melhores condições. Ele comparou a situação a Messi no Barcelona, onde os companheiros corriam para que o astro estivesse inteiro na hora de decidir a partida.

"Com certeza a gente quer o Neymar bem. Se tiver que correr por ele para ele estar bem na hora de ter a bola, a gente vai fazer, óbvio, a gente faz isso por ele. Se você pegar o exemplo do Messi no Barcelona, também, eles corriam pelo cara e, quando a bola chegava no pé do Messi, ele estava inteiro e decidia. Ele não se desgastava na marcação. Claro que a gente quer fazer isso por ele aqui também. Queremos que, quando ele tenha a bola, ele esteja inteiro para nos ajudar com 100% do que ele pode fazer. Então, estamos totalmente dispostos a correr por ele, por esses gênios do futebol, esses craques. Eles têm, sim, essa... como posso dizer, temos mais esse cuidado com eles, porque são caras que podem decidir a partida a qualquer momento. Sim, a gente faz o que for preciso para poder estar com ele e para ele se encontrar bem”, completa.

Campo sintético

Luan Peres também compartilhou sua experiência com campos sintéticos, apontando as diferenças que esse tipo de superfície traz para o jogo.

"Eu nunca joguei em gramado sintético na Europa. Nem quando estava na Bélgica, nem na França, nem na Turquia. Acho que na Bélgica tinha um campo assim, mas nessa partida eu não fui. Lembro que tinha um time que tinha campo sintético, mas não era comum nos outros times. Na França e na Turquia, nenhum. E, cara, muda muito, sim. O estilo de jogo muda, a bola corre. Principalmente nós, os times que jogam em gramado natural, a gente não está acostumado a trabalhar no sintético, então sentimos mais a diferença da bola, de tudo”, disse.

O assunto ganhou grande repercussão quando Neymar e outros astros do esporte usaram as redes sociais para se posicionar contra o uso de gramados sintéticos no Brasil.

“E cara, em termos de lesões, eu não acho que você vai ter uma lesão grave porque jogou no sintético. Não é isso, mas, por exemplo, eu já tive lesão de LCA e de LCP, então meu joelho já é cirúrgico, já teve uma cirurgia, não é mais 100% saudável como era. Como todos os jogadores que sofreram lesão, o joelho não volta 100% como antes. Então, acaba tendo umas mialgias, umas tendinites, umas dorzinhas que, quando você tem mais impacto no campo sintético, acaba gerando mais dor. Isso é normal. E vai acabar gerando mais dor, você vai sentir mais dor, porque o piso não é igual, o sintético é mais duro que o natural. O impacto é maior, então sim, muda. Mas não falando de lesões, porque já falaram que cientificamente não tem problema. Enfim, eu acho que o ritmo de jogo muda, o jogo não fica como a gente espera. Tanto que, quando não agora, mas todas as vezes que fui jogar em campo sintético, o treinador da época já falava: 'Olha, o campo é sintético, então vamos trabalhar desse jeito, vamos fazer assim'. Então já havia preocupação por causa do campo, o que não acho legal”, completou.

Saída do Marseille

Luan Peres também relembrou sua saída do Marseille, onde viveu um dos melhores momentos na carreira. Com Jorge Sampaoli sobre o comando, o defensor disputou 50 dos 55 jogos na temporada, mas acabou deixando o clube no ano seguinte. 

“Eu tinha mais três anos de contrato, um contrato longo, ainda tinha três temporadas. Quando o Sampaoli saiu, chegou um treinador croata, que veio da Itália, e nas primeiras duas semanas de pré-temporada eu já senti que ele não me dava muita atenção, já me colocou no banco. Eu vinha de titular o ano inteiro e ele me colocou no banco. Senti que não ia ter uma grande temporada com ele”, disse.

Luan Peres viveu grande fase pelo Olympique de Marseille
Foto: Reprodução/ Instagram
Luan Peres viveu grande fase pelo Olympique de Marseille

“No último amistoso de preparação, entrei por três minutos, quatro minutos. Falei: 'Putz, não quero desperdiçar esse momento bom para perder uma temporada no banco'. Aí o Jorge Jesus me chamou para ir para o Fenerbahçe, ele ligou para o clube, falou com os dirigentes do Fenerbahçe, o clube entrou em contato com meu empresário, com o Marseille. Era uma proposta que, para mim, era o mesmo tempo de contrato que eu teria no Olympique de Marseille, mas ganhando muito mais”, completou.

Ainda sonha com Seleção?

Durante o bom momento na França, o nome de Luan Peres ganhou repercussão para uma possível convocação à Seleção Brasileira. O jogador, no entanto, revelou que sempre evitou o assunto e, diferente de muitos atletas, nunca tratou a questão como uma obsessão.

"Olha, cara, eu vou te falar que nunca fui um cara assim de, nossa, meu desejo, eu preciso ir para Seleção... Eu acho que sempre quis fazer o meu melhor no clube onde estou e é isso que tenho em mente, tanto no Santos quanto no Marseille. Como você falou, meu nome foi cogitado em uma pré-lista. Claro que gostaria de estar lá, gostaria de ser convocado como qualquer jogador, mas tenho meus pés no chão. Se isso acontecer, obrigado Senhor. Se isso não acontecer também, obrigado. Sou tranquilo em relação a esse termo. Quero fazer o meu melhor aqui, somar o máximo número de jogos possíveis e é isso”, completou.

Luan Peres. Foto: Reprodução/Instagram
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