Fernando Diniz é um dos principais defensores da psicologia no esporte
Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Fernando Diniz é um dos principais defensores da psicologia no esporte

No futebol, a pressão por desempenho vai muito além dos 90 minutos dentro de campo. O peso da expectativa de torcedores, a cobrança por resultados e a superexposição nas redes sociais criam um ambiente desafiador para os atletas, tornando a saúde mental um tema cada vez mais discutido no meio esportivo.

No ano passado, o técnico Fernando Diniz destacou a importância do suporte psicológico no futebol e a necessidade de quebrar tabus sobre o tema.

"Muita gente precisa quebrar também esses preconceitos que ainda existem no futebol, ainda muito forte, de jogador aceitar fazer uma terapia para poder se reorganizar emocionalmente. Teria um ganho muito grande", afirmou Diniz, em 2024.

Outro exemplo foi o atacante Michael, que também no ano passado revelou ter buscado apoio profissional para superar desafios emocionais.

“A depressão é tratada como sinal de loucura, mas faz parte do dia a dia. Se a gente, como atleta, tiver oportunidade de falar, muita gente ia procurar ajuda, como eu procurei. Fiz psiquiatra e psicólogo quatro, cinco vezes na semana. Hoje sou um cara totalmente diferente de um ano atrás. Mentalmente mais forte, mais preparado para disputar grandes jogos, lidar com pressão”, disse.

Mesmo com avanços na discussão, a estrutura para o suporte psicológico ainda não é realidade para todos os clubes. Um levantamento recente apontou que seis dos 20 clubes da Série A em 2024 não contavam com um departamento de psicologia estruturado.

Victor Sell, especialista em marketing esportivo e assessor de atletas há oito anos, destaca como esse cenário também impacta diretamente a imagem dos jogadores.

"Hoje, um atleta não lida apenas com a pressão dentro de campo, mas também com o julgamento imediato das redes sociais. Um erro, um momento ruim, pode viralizar em questão de minutos, afetando não apenas a confiança do jogador, mas também sua relação com patrocinadores e clubes. Por isso, o suporte psicológico não é apenas uma questão de bem-estar, mas também um fator essencial para a longevidade da carreira e da imagem do atleta", avalia.

Para Victor, o futebol caminha para um cenário onde a saúde mental será cada vez mais valorizada, tanto pelos clubes quanto pelo mercado.

"Os grandes atletas que se posicionam sobre o tema ajudam a abrir caminho para uma mudança cultural. Já vemos marcas e patrocinadores se interessando por essa pauta, e isso pode ser um divisor de águas para que os clubes também passem a investir mais nesse tipo de suporte", destaca.

Estudos recentes indicam que atletas de elite apresentam taxas de transtornos mentais semelhantes ou até superiores às da população geral. Uma revisão integrativa revelou que 24% dos atletas de alto rendimento pesquisados relataram sintomas de depressão, enquanto 16% apresentaram ansiedade e 7% enfrentaram transtornos alimentares. Outro levantamento apontou que cerca de 35% dos jogadores profissionais já buscaram algum tipo de suporte psicológico ao longo da carreira, reforçando a importância desse acompanhamento no alto rendimento.

"Há oito anos acompanho os bastidores da vida de atletas e sei o quanto é crucial uma equipe bem estruturada para cuidar não apenas do bem-estar físico, mas também da gestão de imagem e saúde mental do jogador. Um suporte psicológico adequado e um acompanhamento constante são essenciais para garantir uma carreira estável e longeva, além de preservar a confiança do atleta em momentos desafiadores", conclui Victor Sell.

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