
O Corinthians retornou ao estádio do Pacaembu no empate contra a Portuguesa por 2 a 2, pelo Campeonato Paulista. Marcado na história do clube, o local passou por grandes mudanças após a privatização.
O iG Esporte conversou com torcedores que conheceram o estádio e estiveram presentes neste duelo contra a Portuguesa para comentar sobre as transformações e o chamado "Novo Pacaembu".
Fim do Tobogã “marca” torcedores
Em junho de 2021, o tobogã do estádio do Pacaembu foi demolido para dar espaço a um edifício comercial e a uma esplanada. O setor era conhecido por ser o "espaço mais barato" do estádio.
Torcedor do Corinthians, Guilherme Alves Rodrigues, de 30 anos, destacou que o fim do tobogã foi uma decepção e representou o fim de uma parte do estádio que "morreu".
“Foi completamente decepcionante ver aquele banner gigante escrito 'Arena Mercado Livre Pacaembu', com destaque para o Pacaembu minúsculo e o restante gigantesco. Também um fato bobo, mas a falta da bandeira do estado de São Paulo na fachada, substituída por duas bandeiras do Mercado Livre, foi decepcionante também. Eu tinha para mim que o Pacaembu morreu após a demolição do tobogã”, relatou o torcedor.
Simão Carvalho, de 40 anos, compartilha da mesma opinião de Guilherme. Para ele, essa mudança no Pacaembu faz parte de uma nova tendência ligada ao famoso "futebol moderno".
“Acho que a mudança mais impactante do velho para o novo Pacaembu foi terem acabado com o tobogã. A estética com aquele banner enorme do Mercado Livre atrás do gol ficou horrível. Assim como o Pacaembu é um lugar histórico para a cidade de São Paulo, o Tobogã faz parte da história do Pacaembu. Enfim, são as tendências do futebol moderno que a gente odeia”, disse.

Futebol deixou de ser prioridade?
João Pedro Lemes Gabriel, de 25 anos, refletiu sobre as mudanças no estádio e destacou uma percepção importante. Para ele, a maior diferença é perceber que a prioridade do local não é mais o futebol. No entanto, ele reconheceu que, apesar disso, o Pacaembu ainda mantém seu charme.
“Para mim, a maior diferença é saber e ver que a prioridade do Pacaembu não é mais futebol. No geral, ele continua tendo seu charme. Antes de ir no último sábado, eu esperava coisas piores. Agora que pude estar lá, não achei tão negativo. Isso pode ser por estar na arquibancada do portão principal, que, ao que parece, foi menos mexida que os outros setores”, afirma João.
Pacaembu: a casa do Corinthians?
Apesar das ressalvas mencionadas pelos torcedores, o Pacaembu ainda é considerado um dos "lares" do Corinthians. Guilherme Alves Rodrigues destacou que, embora tenha passado por mudanças, o estádio mantém aspectos de sua essência.
“O clima do Pacaembu é totalmente diferente, a aglomeração na praça, as barracas de comida mais próximas ao estádio, a festa com as bandeiras na porta. Tudo parece mais Corinthians ali! Eu destaco que a maior divisão das organizadas é o ponto alto do estádio, ali parece que tudo está no seu lugar, enquanto na arena parece tudo muito comprimido. Eu tenho 30 anos e fui muito na infância ao estádio, achei que não sentiria a mesma energia, a acrescentar pelo preço dos ingressos, mas senti um ar do futebol antigo, da essência da torcida do Corinthians, do povo sofredor. Em alguns momentos desse dia, fiquei arrepiado e emocionado, ainda mais por ter ido com meu pai, meu grande incentivador de corintianismo”, disse Guilherme.
Já João expressou alegria ao reviver momentos no Pacaembu, destacando a nostalgia do local. Contudo, enfatizou que, apesar de ser incrível, o estádio em Itaquera é o verdadeiro lar do Corinthians, e é importante valorizar a casa atual do clube.
Para Simão, mesmo estando acostumado com a Neo Química Arena, voltar ao Pacaembu é como retornar a um lar, sendo recebido com o carinho e a familiaridade de um abraço de pais após anos.
“Por mais que não seja o mesmo estádio, é absurda a relação do corinthiano com o Pacaembu. Chegar ali na praça já de cara com a fachada clássica do estádio, encontrar os amigos, as bandeiras do Corinthians tremulando. Você via no rosto de cada um a alegria e a felicidade de estar de volta, independente do campeonato, do adversário, do resultado… Mesmo a gente já estando totalmente habituado à Neo Química Arena, voltar ao Pacaembu é como voltar para casa depois de anos e ser recebido com um abraço pelos pais, não tem como não se sentir em casa”, finalizou.