A notícia de que atacante Bruno Henrique passou a ser investigado pela Polícia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro por uma suposta participação em manipulação de resultados caiu como uma bomba no noticiário esportivo.
Para entender o contexto, é preciso voltar no tempo e relembrar o dia 1 de novembro de 2023. Com mando de campo do Flamengo, a equipe enfrentou o Santos no estádio Mané Garrincha, em Brasília, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro.
Na oportunidade, o Flamengo entrou na rodada na quinta colocação, 50 pontos conquistados, enquanto o Santos era o primeiro time fora da na zona de rebaixamento com dois pontos de diferença para o Goiás.
À época comandada por Tite, o Flamengo abriu o placar com Pedro aos 28 minutos. Minutos depois, o meio-campista Nonato empatou o duelo. Quando o relógio completava 43 minutos da segunda etapa, Joaquim mandou uma bomba e marcou o gol da vitória santista.
O Santos já contava com um jogador a mais após a expulsão de Gerson e, com a vantagem no placar, segurou a partida para garantir a vitória e fugir da zona de rebaixamento. Foi então que Soteldo apareceu.
Aos 50 minutos, o baixinho venezuelano recebeu uma bola próximo à linha fundo e aplicou um bonito drible em Bruno Henrique, que respondeu com uma falta. Assim, Rafael Rodrigo Klein, árbitro do jogo, apresentou o cartão amarelo. Em seguida, após fortes reclamações do camisa 27, o vermelho.
Em súmula (documento oficial em que os árbitros relatam todos os acontecimentos de uma partida), Rafael Rodrigo detalhou as palavras que foram proferidas por Bruno Henrique.
“Informo que expulsei, por decorrência do cartão vermelho direto, o sr. Bruno Henrique Pinto, por me ofender com as seguintes palavras: “Você é um merda”, com o dedo em riste em direção ao meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos seus companheiros. Informo que me senti ofendido”, escreveu o Rafael.
Sobre a investigação
A investigação teve início a partir de comunicação feita pela Unidade de Integridade da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). De acordo com relatórios da International Betting Integrity Association (IBIA) e Sportradar, que fazem análise de risco, haveria suspeitas de manipulação do mercado de cartões na partida do Campeonato Brasileiro.
No decorrer da investigação, os dados obtidos junto às casas de apostas, por intermédio dos representantes legais indicados pela Secretaria de Prêmios de Apostas do Ministério da Fazenda (SPA/MF), apontaram que as apostas teriam sido efetuadas por parentes do jogador e por outro grupo ainda sob apuração.
Em nota divulgada pela Ministério Público do Estado, trata-se, em tese, de crime contra a incerteza do resultado esportivo, que encontra a conduta tipificada na Lei Geral do Esporte, com pena de dois a seis anos de reclusão.