Nascido em Bremerhaven, no leste da Alemanha, André Visser é filho de pai alemão e mãe brasileira. No entanto, quase não falava português em casa e fez sua carreira na Europa. Ele foi goleiro e rodou por clubes de divisões inferiores do futebol local, incluindo uma passagem pelo sub-23 do Eintracht Frankfurt, além de jogar em Portugal.
Como surgiu o interesse em ser goleiro?
"Quando eu tinha uns 10 anos na Copa do Mundo de 94, e fomos tirar férias no Brasil e vi o Taffarel pela tv na Alemanha e como minha mãe é Brasileira eu sempre torci para o Brasil e achava muito linda a camisa de goleiro da Seleção. Na vinda no avião eu falei pra minha mãe que queria ser goleiro e ela não gostou muito. E as minhas primeiras luvas que ganhei foi da minha mãe que ela comprou no Brasil." Conta André com bastante humor.
Como eram as férias no Brasil e você vinha bastante?
" Quando eu tinha 4 anos eu fiquei 3 meses no Brasil pois ainda não tinha escola e comecei a estudar só aos 7 anos na Alemanha. Lembro que a gente assistia tv com bateria de carro na casa da minha vó. Tenho muitas lembranças boas dessa época e sempre ia ao Brasil até os meus 17 anos e fiquei bastante tempo sem voltar e só voltei em 2016. O meu amor pelo Brasil e sentimento é muito maior que pela Alemanha. Em 2016, 17 e 18 foi passeando e em 2019 eu me mudei para o Brasil."
Idéia de ser treinador
"Foi sem querer, eu nunca fui uma pessoa que queria ser técnico, nunca nem queria saber da tática dos jogos e foi uma situação que tive que parar de jogar por conta de uma lesão e um direto do clube me chamou para ajudar porque o treinador do clube tinha saído e acabei recebendo o convite e falei que poderia ser por alguns dias e comecei a me interessar pela parte tática e técnica. O futebol é um jogo de perguntas e respostas e você nunca vai conseguir fazer no jogo seguinte aquilo que fez no jogo anterior, cada jogo é uma história e outra situação."
Oportunidade de trabalhar no Brasil
"Foi sem querer também, o antigo presidente do Linhares que disputou o Capixaba e ele me perguntou se eu poderia ajudar no clube e pedi 3 dias para poder analisar o elenco e depois conversava com ele sobre continuar e cheguei nele e falei que precisava de uns 15 reforços se não vocês não vão ganhar nenhum jogo e acabei não ficando, depois o antigo diretor do Rio Branco, o maior time, maior torcida e melhor estádio do estado, me ligou no dia 31 de dezembro de 2020 e achei que fosse brincadeira de um amigo meu e desliguei, depois no outro dia ele me ligou e a gente conversou e 4 dias depois eu estava dentro do carro voltando pra casa e dando a minha primeira entrevista em português ao vivo para uma rádio"
Fazendo história na Copa do Brasil
"Acertei com o Rio Branco e fizemos um amistoso e perdemos nos pênaltis, o presidente me falou que não poderia perder amistoso e falei pra ele que amistoso se você ganhar de 5x0 ou perder de 5x0 não muda nada. O nosso adversário da Copa do Brasil era o Sampaio Correia, um time muito superior ao nosso e na primeira entrevista após o sorteio eu falei que a beleza do futebol é que tudo é possível. Sofremos o primeiro gol e perdemos um atleta expulso, no intervalo mexemos no time e no jeito de jogar, no segundo tempo viramos o jogo e vencemos por 2x1. Um time da série D vencer um time da Série B. E até hoje fico muito feliz em poder ter feito história com o maior time do espírito Santo. O que me deixa mais triste é que na época estava tendo o covid e não podia ter torcedores no estádio e isso me dói até hoje."
Vontade de voltar ao Brasil
"Tenho muita vontade de voltar, acho que meu trabalho não foi concluído. Eu mostrei que sou diferente, e isso não é ser arrogante, mostrei que o meu pensamento de futebol é diferente. Eu adoro trabalhar com jogadores brasileiros e quando vier uma oportunidade de voltar não vou pensar muito não" finalizou André bastante animado.