Leandro Pereira comenta passagem pelo Palmeiras e quer deixar legado para o futebol com novo livro
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Leandro Pereira comenta passagem pelo Palmeiras e quer deixar legado para o futebol com novo livro

Hoje o Palmeiras é um dos melhores times do continente , mas a realidade nem sempre foi essa. Em 2015, o time havia acabado de escapar do rebaixamento no Brasileirão , e Alexandre Mattos, então dirigente da equipe, fez uma série de contratações para tentar mudar a realidade do clube. Uma dessas 'aquisições' foi Leandro Pereira , um atacante promissor que vinha de boa temporada com a Chapecoense. 

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Em pouco tempo, Leandro se tornou protagonista, artilheiro da equipe, e rapidamente 'caiu nas graças' do torcedor. O atacante, que hoje defende o Tochigi, no Japão, garantiu que o carinho ainda é recíproco: "O Palmeiras ficou para mim gravado, tanto que quando eu tô no Brasil, eu vou ao Allianz assistir aos jogos. É uma equipe que vou carregar para o resto da minha vida e vou torcer para sempre", afirmou o jogador ao iG. 

Em entrevista exclusiva com o iG Esporte , Leandro também comentou sobre suas indas e vindas no Verdão, diferença do futebol no Brasil e no exterior, lançamento do novo livro, relação dos torcedores com jogadores no futebol brasileiro e muito mais. 

De volta ao futebol asiático, para defender o Tochigi, do Japão, Leandro relembra que mesmo com a evolução mundial do futebol, no Brasil a função do camisa 9 é bem diferente do que no exterior: "No Brasil, eu tinha a liberdade de não precisar marcar tanto. No futebol brasileiro, o camisa 9 não é tão cobrado em termos de marcação, em termos táticos né, de fechar linhas, linhas de passe. E aqui, no meu primeiro ano foi bem difícil a minha adaptação. Porque eu vim para o Matsumoto Yama, né? Que é um time com essa postura mais defensiva e saída de jogo muito rápida". 

Nível do futebol no Japão

"As pessoas que acham que o campeonato japonês é mais fácil, se enganam, cara. O futebol japonês, em termos táticos e em termos de intensidade, ele é muito melhor que o brasileiro. A qualidade do brasileiro, ela se sobressai, mas o futebol japonês tá numa evolução tão grande, que hoje ele se tá se igualando na questão de qualidade. Aqui, você aprende o futebol europeu", acrescentou.

Porém, antes de ir ao exterior, Leandro teve uma passagem meteórica no Palmeiras, que vinha em um período de reconstrução. Em cerca de 6 meses, o atacante foi vice-artilheiro no Campeonato Paulista e maior goleador da equipe neste tempo. No entanto, o jogador recebeu uma proposta do exterior, vinda do Herta Berlim, da Alemanha.

Negociação quase rolou com o Herta Berlim

"A minha primeira saída foi algo repentino. Todo jogador ele sonha em jogar na Europa, isso é óbvio. Mas eu tinha acabado de chegar no Palmeiras, tinha um contrato de 5 anos. O Alexandre Mattos me chamou: 'Vai lá na minha sala, que quero conversar com você. Eu tenho aqui o interesse do Herta Berlim, da Alemanha. Fizeram uma proposta de empréstimo com opção de compra. A gente não gostaria de te liberar porque você é um cara importante, titular e tudo, mas se você quiser ir, a gente entende'. Uma oportunidade de jogar em um time grande, jogar a Europa League, talvez a Champions League. Aí eu decidi aceitar. Na pior das hipóteses, eu vou lá só de empréstimo e volto para o Palmeiras. Só que aí, o Palmeiras ficou meio indeciso, porque se fosse para eles me liberarem queriam liberar como venda, não como empréstimo. Só que no fim decidiu que realmente eu ia". 

Reviravolta para o Brugge, da Bélgica

"No outro dia, o Alexandre tava me procurando lá na sala dele, e eu achei que fosse algo para sacramentar do Herta. Aí ele me avisou: 'Chegou outra proposta para você e essa é uma proposta que nós gostaríamos que você aceitasse porque vai ser bom para ambos. É uma proposta do Brugge, da Bélgica, uma proposta de 5 anos, uma compra de quatro milhões de euros'. Conversei com meu empresário e aceitamos a oportunidade que era única". 

Tempos difíceis, mas de aprendizado

"Na Bélgica eu fiquei pouco, mais por conta minha do que por conta do futebol ou do país em si. Eu saí do Palmeiras sendo um cara bem requisitado. Imaginava que eu teria o mesmo tratamento que tinha no Brasil lá na Bélgica. Quando eu cheguei na Bélgica foi totalmente ao contrário. Eu era só mais um. Eu jogava um jogo, aí dois, três jogos eu ficava no banco e entrava dez minutos. Acabou que deixei o meu orgulho, a minha soberba, falar mais alto nessa parte, sabe?".

Leandro acrescenta: "Eu não conseguia entender que eu não era mais o Leandro Pereira do Brasil, e eu tinha que conquistar o meu espaço ali. Eu achava que os belgas tinham que se adaptar ao meu jeito de jogar e não ao contrário. E como que eu vou mudar um cenário todo em função minha. Você entende?". 

No entanto, esses tempos difíceis, ajudaram Leandro não só no campo, como também a descobrir um novo dom. Hoje, o atacante também é escritor e lançou um livro, que se chama "Do nascimento ao sucesso", onde conta a história da sua carreira. Mas, a principal missão para o jogador com a obra é deixar o legado de que o atleta não precisa se resumir apenas ao esporte. 

"Foi essa a motivação e é esse é o legado que eu quero passar para nós jogadores. O jogador hoje é programado para pensar somente no futebol. Eu até concordo, o futebol é um esporte de alto desempenho, então tem que estar focado para ir bem. Mas o jogador não precisa estar 100% pensando no futebol porque ele é um ser humano"

Leandro ainda afirma que a polêmica com a festa de aniversário de Gabigol é um exemplo: "Teve a festa do Gabigol e eu vi um monte de gente falando, mas pô, quer protestar? Vai ao campo, no CT, no estádio, lá é lugar de protestar, as pessoas esquecem que o jogador é um ser humano. Se o cara não tem direito a fazer o próprio aniversário, ele tem direito a fazer oque? Então, o que eu quero deixar é exatamente isso. O jogador não precisa ser refém do futebol".

Planejamento de vida

"O jogador pensa: vou jogar até meus 35, 36, 37 anos e depois? A estatística dos atletas que perdem tudo depois de 3 ou 4 anos após parar é muito grande. Hoje, o meu patrimônio e o da minha esposa, é 70%, 80% fora do futebol. Eu vi um menino do Corinthians (Gabriel Moscardo), que faz faculdade e joga futebol e as pessoas estavam espantadas com isso, como se fosse uma coisa absurda. Que mundo é esse que as pessoas vivem que por ser um jogador de futebol, você não pode fazer nada, além disso?". 

Ainda nesse tema, Leandro revela que recusou algumas propostas do Brasil antes de voltar ao Japão, e esse comportamento de alguns torcedores foi um dos principais motivos para isso.

"Hoje o Brasil não me atrai, até porque os planos que tenho aqui no Japão são pós-carreira. Se eu falar para você que eu voltaria para o Brasil para jogar, eu estaria mentindo. Hoje, a minha vontade é zero justamente por causa dessas coisas (relação tóxica de alguns torcedores). Aqui você perde, o povo te aplaude. O pessoal vai ao clube te dar tudo, dá chocolate, flores, ursinho. E você ouve: 'Ah, é por isso que os caras gostam de jogar lá'. Claro que os caras gostam de jogar aqui. O cara vai gostar de jogar em um lugar que não pode perder um jogo que quebram seu carro? A esposa não pode ir à academia que vem um maluco encher o saco?".

Para encerrar, Leandro afirmou que hoje, é o jogador mais completo de toda sua carreira: "Hoje é o melhor Leandro que um time poderia ter. Tanto em termos de futebol em si, experiência e tudo, mas acho que uma parte muito grande fora do campo. Hoje meu pensamento é diferente, hoje no meu clube eu sou um líder. Os diretores, treinadores vem pedir conselhos para mim. Hoje eu quero ser uma referência. Então, sem dúvidas, estou vivendo o melhor Leandro".

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