Com o passar dos anos, o futebol passou a se tornar cada vez mais exigente quanto à questão física, assim, a preparação individual dos atletas ganhou uma atenção especial não só dos clubes, mas também dos próprios jogadores.
Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, Marcel Duarte, que é gestor de perfomance do atacante Rodrygo, falou sobre sua trajetória na área da preparação física, destacou a importância do trabalho realizado com os jogadores e citou diferenças no preparo de atletas de diferentes posições e ligas.
"Na época da faculdade eu tinha muito interesse nessa área de preparação, nunca fui voltado para o fitness, sempre para desempenho e competição. Então desde a faculdade eu adquiria conhecimentos e tentava aplicar com amigos que disputavam alguns esportes de competição e daí em diante as coisas foram me levando para o futebol".
"Desde antes de me formar sempre acreditei que trocar informações com áreas que tem a ver com os resultados de um atleta era algo importante. Na faculdade tínhamos as disciplinas de fisioterapia e nutrição, e isso me chamava a atenção por que uma completava a outra. Conforme fui ingressando na profissão tive alunos que eram profissionais dessas áreas, a gente conversava bastante, então desde ali, mesmo sem saber, já elaborávamos essa gestão de informação, trocando informações entre as áreas".
Trabalhando com o astro do Real Madrid desde os tempos das categorias de base, Marcel Duarte explicou a importância da gestão física e exaltou o talento do jogador.
"Talento dele sempre foi o talento dele e sempre será o talento dele. A gente não ensina. Pelo contrário, no caso só vamos polindo a condição física e todas as áreas que possam melhorar sua performance para que seu talento fique 'mais alto'. Porque quanto melhor você está preparado, você consegue desenvolver melhores oportunidades para mostrar o talento".
"Um atleta que não está bem fisicamente não consegue ter uma perfomance boa na questão de condição física. O drible já não vai sair da mesma maneira, a velocidade com troca de direção, depois quer fazer um outro drible e também já não vai acontecer… o que a gente, no caso, ajudou mesmo e ajuda até hoje é deixar ele (Rodrygo) o mais preparado possível, aliando essa informação de todas as áreas, que cada um sempre deu 1% à mais, para que o talento que já é dele cada vez mais seja polido por ele mesmo".
Marcel também afirmou que existem diferenças na preparação de um atleta para diferentes ligas e posições.
"Sempre tem diferença porque cada campeonato tem uma exigência, cada cultura de um país tem uma exigência física. Tanto da Europa para o Brasil, para a Premier League, tem que ter uma adaptação, uma preparação onde vamos entender o contexto do outro estilo de jogo, que por mais que seja do mesmo esporte, do outro campeonato, e vamos tentar desenvolver ao que chega mais próximo do que pede através das habilidades físicas. Isso sempre vai existir e é uma coisa real".
"As diferenças são de acordo com o que a posição pede. Um atacante que joga em velocidade, aberto, tem que ser veloz, tem que ser mais ágil. Vamos colocar que um zagueiro tenha que ter algumas habilidades próximas às dele? Pode ser, mas tem que ser mais forte, tem que ter mais embate. Então a preparação física para cada posição tem o ato coletivo do clube, porém, tem a especificidade para cada um".
"Isso tem que estar muito claro até para o treinador entender o que realmente o jogador precisará para a posição dele e o que ele tem que desenvolver também para dentro da programação tática da equipe que ele joga. Às vezes tem equipe que quer um zagueiro mais rápido, que tenha uma saída de bola ou quer um atacante que fique mais posicionado, isso tudo faz diferença na preparação".