Milene Domingues esteve presente em evento realizado na Arena Centauro
Rebeca Reis
Milene Domingues esteve presente em evento realizado na Arena Centauro

Na última terça-feira (4), a Centauro promoveu um evento para o lançamento da pesquisa "Mulheres & Esporte: Um pacto coletivo para uma nova narrativa", na Arena Centauro, no Parque Ibirapuera.

Durante o evento, a ex-jogadora Milene Domingues falou ao iG Esporte sobre a evolução da equipe do Corinthians e do futebol feminino como um todo, sobre o engajamento do público e a importância da divulgação da modalidade.

"Falo para as meninas que realizo muitos sonhos que não pude realizar como jogadora através delas. Desde a infraestrutura, a forma como elas levam o futebol... até nesse último jogo do Corinthians que fui, contra o São José, eu pedi para não fazer a transmissão porque queria estar com as meninas no último jogo antes da paralisação para a Copa, e aí a Bibi Molina pediu para eu perguntar para o Arthur Elias se o Corinthians entraria para jogar no 4-3-3. Aí fui perguntar: 'professor, o Corinthians hoje joga num 4-3-3?', e tive uma aula".

"A forma de ver o futebol é muito diferente da minha, no máximo meu treinador teria falado 'é'. Lá eles me deram uma aula com todas as folhas, falando 'aqui para você visualizar melhor as nossas alas vão subir, nossas meias vão abrir, vamos jogar num esquema assim...', e eu fiquei 'que isso, professor?! Só perguntei se era um 4-3-3'. Ou seja, o entendimento é completamente diferente."

"Isso está fazendo a diferença dentro de campo, que automaticamente faz o futebol feminino ser mais vistoso, de todo mundo olhar e falar 'nossa, caramba, essa mulherada joga hein'. Porque elas têm ferramentas para isso".

Milene prosseguiu e destacou o engajamento do público com o futebol feminino.

"Automaticamente fica mais popularizado, as pessoas tem mais gosto de ver o futebol feminino, elas gostam do jogo, de ver mulheres jogando. A gente começou na Fazendinha (Parque São Jorge), caçando as pessoas de dentro do clube pra assistir o futebol feminino que estava acontecendo lá, porque muita gente nem sabia que existia o futebol feminino do Corinthians".

"Então hoje, ver a Neo Química Arena cheia na final contra o Inter (Brasileirão 2022) é uma construção. O projeto do Corinthians foi retomado faz quase seis anos, desde 2017, mas desde 2018 por gestão própria, e com essa 'caça de torcedores', sabemos que cada pessoa que vai ao estádio foi uma luta".

A 'Rainha das Embaixadinhas' também falou de mudanças que precisam acontecer para valorizar ainda mais o futebol feminino.

"Outra coisa importante é mudar essa cultura, porque começou sendo de graça e agora é uma mentalidade que estamos tentando mudar, no começo era 'como assim, quer ver futebol feminino e ainda quer cobrar?', era como se fosse um favor que as pessoas estivessem fazendo indo assistir".

"Hoje as pessoas sabem que mesmo que seja um valor simbólico, que seja vinte reais, elas precisam ter essa cultura de que as mulheres também podem ser tratadas como os homens, que se você vai assistir um sub-15 masculino e tem entrada, porque no feminino profissional não? Isso também foi uma conquista".

"Trabalhar muito foi o que fez o Corinthians hoje encher um estádio e ser algo atrativo. Acho que todos trabalhando juntos, desde a infraestrutura, a parte do treinador, as meninas fazendo seu trabalho e sendo profissionais, fazendo um bom jogo, se torna atrativo, atrai o torcedor. Temos até uma brincadeira no Corinthians que não dizemos 'bom treino', falamos 'bom trabalho', porque é o trabalho delas".

"Tem tocedor que fala 'o masculino não está tão bem, mas o feminino...', sempre tem essa comparação sadia, porque sabemos que o Corinthians é uma marca muito grande, então precisa dar resultado".

A comentarista e ex-jogadora completou destacando o engajamento do público.

"Fico muito feliz quando vejo um Allianz Parque com 6 mil pessoas, um Morumbi com gente, o futebol feminino é isso. A gente fala o 'ah mas aqui é Corinthians, aqui é São Paulo, aqui é Palmeiras', mas você gosta do futebol feminino? Você apoia as meninas? Tudo bem que às vezes é por rivalidade, um clássico sempre tem mais gente, o importante é que vá. A gente não sabe o motivo, mas pode ir, que depois de lá, com certeza vai querer retornar".

"O público é muito importante galera, compareçam aos estádios, porque realmente faz muita diferença, e acho que a gente vem conquistando público através disso, de trabalho e divulgação, porque hoje se eu quiser assistir algum jogo de futebol feminino basta buscar na internet que vou saber local, horário e se vai ser transmitido. O trabalho da Alê e da Jay como pessoas do jornalismo e que divulgam o futebol feminino é importantíssimo para isso também.

Com as competições paralizadas às vésperas da Copa do Mundo de futebol feminino, as atenções se voltam para o torneio que será disputado na Austrália e na Nova Zelândia. O Brasil estreia na competição no dia 24 de julho, contra o Panamá. Em seguida, enfrenta a França, no dia 29. A participação na primeira fase se encerra no dia 2 de agosto, diante da Jamaica.

O evento

Além de revelar os dados do estudo "Mulheres & Esporte: Um pacto coletivo para uma nova narrativa", o evento contou com painéis de discussões com atletas, criadoras de conteúdo de futebol feminino e jornalistas; e também a apresentação de cases de representantes das marcas parceiras da Centauro. Marília Galvão, do Desimpedidos, foi a mestre de cerimônias. Participaram do debate Michel Alcoforado, sócio-fundador do Grupo Consumoteca, Fernanda Arechavaleta, diretora de marketing e reputação da Centauro, Livia Pinheiro, brand communicator da Nike, Luiza Magessi, da NWB, Luciana Soares, diretora de marketing da Puma, Jay Oliveira, diretora de redação da Rozzeira, Alê Xavier, apresentadora do canal Passa a Bola, Milene Domingues, ex-jogadora e Sofia Cesar, do projeto Meninas em Campo.

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