Zico falou sobre o carinho por Gabigol
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Zico falou sobre o carinho por Gabigol

Maior ídolo da história do Flamengo, Zico mantém os olhares bem atentos a temporada do Rubro-Negro e sempre quando pode vai ao Maracanã assistir de perto o time do seu coração.

O Galinho de Quintino marcou presença recentemente na partida entre Flamengo x Racing, no dia 8, pela Libertadores. Durante o jogo, câmeras flagraram o encontro do ex-jogador e Gabigol em um dos camarotes do estádio.


Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, Zico não esconde o carinho ao falar sobre o atacante, seu sucessor com a camisa 10 rubro-negra, e relembra o 'convite' que fez para o jogador atuar no time carioca.

“O Gabi, além de tudo, foi uma amizade que eu fiz. Ele também é muito grato porque tudo isso que aconteceu para ele no Flamengo foi graças ao convite que nós fizemos para ele jogar no jogo das estrelas (risos). Aliás, tem muito time que não está querendo mais deixar os jogadores participarem do nosso jogo porque acabam indo para o Flamengo. O Gabigol foi assim, o Arão, Michael", iniciou Zico.

"Ele é uma pessoa doce, tranquila e determinada. Foi fazer uma entrevista com ele para o meu canal, o Zico 10, e nessa ocasião ainda não havia acontecido essa ‘explosão’ na carreira dele de artilharias, conquistas. Nisso, ele passou a mão na minha perna e falou que iria 'pegar gol', e eu disse para ele que tinha que pegar títulos, porque gol ele já sabia fazer. Ele é um ídolo (do Flamengo), um artilheiro, tem seu modo de ser, às vezes falo para ele não esquentar muito a cabeça com arbitragem e fazer gol que é melhor, mas é o temperamento dele e temos que respeitar. Quando ele veste a camisa ele sabe bem o que é Flamengo, sabe respeitar o time, o que o torcedor gosta que o jogador faça dentro de campo e isso é muito importante", completou.


Zico gostaria de dedicar mais seu tempo ao Flamengo, mas tem um trabalho que demanda empenho e seriedade. O eterno camisa 10 é atualmente conselheiro do Kashima Antlers, maior campeão do Japão, e em momentos ao longo do ano viaja para a Terra do Sol Nascente para acompanhar as atividades do clube.

“Já foi mais pesado (rotina). Antigamente, como diretor técnico, eu ia para o Japão quatro, cinco vezes por ano, ia sempre sozinho, até chegar um tempo em que eu falei que não estava dando e arrumei uma casa para morar lá. Aí eles conseguiram isso e a Sandra ficou lá comigo, meus filhos já estavam mais velhos e cada um com a sua vida pronta. Depois de um tempo, com a idade chegando, deixei a parte do futebol, mas eles (Kashima) me pediram para continuar ligado ao clube, como conselheiro, indo algumas vezes para acompanhar”.

“Volto em outubro para o Japão e fico até 10 de dezembro. O trabalho que eu faço lá é de ajudar e dar ideias, como a relação com os patrocinadores, torcedores, visitar as escolas de futebol, dar palestras para os treinadores e tudo mais. Como estou de conselheiro agora, posso fazer propagandas, abrir escolas de futebol, coisas que eu não poderia fazer por estar na parte técnica do Kashima, por conta do regulamento da liga de não realizar ações comerciais em regiões do Japão que já tinham time”.


Confira abaixo outros trechos da entrevista do iG Esporte com Zico:

Início da relação com o futebol japonês e idolatria no país asiático

- Já tinha ido lá em 1981, quando ganhamos o Mundial pelo Flamengo, mas o futebol ainda era meio amador e não tinha o pensamento em algo mais profissional. Já em 88 não. A Copa Kirin durou 15 dias, jogamos três jogos em três cidades diferentes, tinha até a seleção japonesa na competição, o que deu uma visibilidade maior, o Bayer Leverkusen. 

- Foi aí que começou o ‘burburinho’, porque os japoneses viram que eu ainda estava em condição e tentaram me contratar pelo Nagoya Grampus. Cheguei a acertar com eles, ia acabar meu contrato com o Flamengo e iria encerrar a minha carreira. Só que o Grampus continuou na segunda divisão e não subiu, e aí não deu certo. Quando chegou em 89, um empresário italiano tinha feito um contrato com uma empresa japonesa de fazer três jogos, de estrelas, mas com caráter de competição entre América do Sul e Europa, com diversos nomes famosos. Nesse primeiro jogo, em 89, tinha acabado de parar de jogar, ainda estava no auge, e aí joguei muito, fui melhor em campo, ganhei carro, e um empresário japonês ficou impressionado e queria me levar. Só que eu em 90 fui ser secretário de esportes da presidência da república, quando o Collor assumiu eu fui convidado logo após parar de jogar. Fiquei um ano no cargo e na semana seguinte que eu saí o empresário estava aqui (Brasil) e acabei indo para lá depois, para defender o Sumitomo no início. Então todo esse respeito e carinho foi em função de eu chegar lá não para eu ser o destaque, não precisava mais disso, mas sim para ajudar o desenvolvimento do profissionalismo do japonês. Eles compraram essa ideia e encaixou com a minha maneira de ser. Sou filho de português, mas a minha segunda nacionalidade é japonês (risos).

Trabalho de Sampaoli até aqui no Flamengo

- Está indo bem, ele está buscando naquilo que ele tem em mãos e que o pessoal consiga se adaptar aquilo que ele quer para o jogo. Técnico tem disso, de buscar utilizar os jogadores dentro das características que o próprio atleta está acostumado ou adaptar ao seu estilo de jogo. No meu caso, quando era técnico, sempre prezei por isso, observar bem onde os jogadores rendiam mais, para não mexer muito na situação deles. Acho que com alguns treinadores esse time do Flamengo não se adaptou, com o Domenec, Paulo Sousa e Vítor Pereira, eles tiveram dificuldades.

- Já com o Renato Gaúcho e Dorival Júnior eles (jogadores) se adaptaram, foram muito bem e voltando quase ao estilo que eles estavam rendendo com o Jorge Jesus. A diferença com o Renato foi que ele perdeu a decisão (Libertadores), se tivesse ganhado a história seria outra. 

- Acho que o Sampaoli está conseguindo mesclar, procurando aproveitar os jogadores em suas melhores características e fazendo com que se adaptem a sua filosofia de jogo. A única coisa que eu não gosto é de um Sampaoli, que dirigiu Santos e Atlético-MG precisar de tempo para conhecer os jogadores do Flamengo. Já se conhecem e se enfrentaram várias vezes, essa é a única coisa que não aceito. Vítor Pereira mesma coisa, jogou várias vezes e dizer que precisa de tempo para conhecer o time não dá. 


Ancelotti como técnico da Seleção e nomes brasileiros para o cargo

- Dos brasileiros, eu escolheria entre Renato Gaúcho, Dorival ou o Cuca. Ir para uma Seleção, como foi com o Tite, já tem que ter passado por disputas de grandes competições, vencer e também alguns momentos difíceis. São treinadores que já venceram Libertadores, Brasileirão, disputaram Mundial e acho importante ter um perfil desse. O Brasil sempre foi um país que teve bons treinadores e que ganhou mundiais com brasileiros.

- Tivemos agora na Seleção da última Copa 26 convocados, sendo apenas três que atuam no Brasil e todos como terceiros reservas. Então se você tem um time inteiro atuando no futebol europeu, ter um treinador de lá acho que seria o mais recomendado. Por causa dos treinamentos, da forma de jogar, então eu aceitaria numa boa. O meu nome para o cargo sempre falei que deveria ser o Ancelotti, por conta das grandes conquistas e seria a primeira vez que ele iria dirigir uma seleção. Além disso, ele é muito acostumado a lidar com brasileiros, tanto como jogador quanto técnico. Se o Vinicius Junior está nesse momento bom de hoje, deve muito a ele. Rodrygo a mesma coisa. Acho que seria um nome ideal para a seleção brasileira. 

‘Demora’ da CBF para a escolha do novo técnico

- Acho que o único erro da CBF é que, no ano passado, antes da Copa do Mundo, o Tite já tinha dito em alto e bom som que não iria continuar. Então quando acabou o Mundial, a CBF já deveria ter uma carta na manga sobre o novo treinador e não teria mais discussão. Já tinha que estar com tudo pronto. Agora, ter uma seleção brasileira meses sem um técnico você não vê perspectiva nenhuma.


Nesta semana, Zico foi anunciado como embaixador do Cartão de TODOS Esportes. O ídolo Rubro-Negro falou sobre essa experiência como ‘garoto-propaganda’ da marca.

“Já tenho uma experiência com isso (garoto-propaganda) e procuro me adaptar ao estilo da empresa. Acertamos de comum acordo, de uma maneira muito legal, tive as gravações com o pessoal da empresa e foi um ambiente muito gostoso. Uma seriedade tremenda dentro dessa parceria. Conheci todo o trabalho que a empresa faz e não imaginava a quantidade de divulgação que a Cartão de TODOS faz no Rio de Janeiro. Estamos prontos para ajudar”.

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