Fernando Neto em ação pelo Operário
Foto: André Jonsson / Operário
Fernando Neto em ação pelo Operário

Apontado pelo Ministério Público de Goiás como um dos jogadores envolvidos no esquema de manipulação de apostas,  o volante Fernando Neto aceitou uma oferta de R$ 500 mil para ser expulso em um jogo da Série B do ano passado, indicam as investigações. Em conversas interceptadas, o jogador acordou com um homem chamado Bruno Lopez, conhecido como BL, que receberia o cartão vermelho no jogo entre Sport e Operário, no dia 28 de outubro de 2022. Os diálogos foram revelados pelo portal "UOL".

Apesar do acordo, Fernando Neto não conseguiu receber o cartão vermelho e acabou dando prejuízo à quadrilha. Cobrado por Bruno após a partida, o volante se defendeu dizendo que "tentou de tudo" para ser expulso, mas recebeu apenas amarelo do árbitro da partida Caio Max Augusto Vieira.

Veja o diálogo da negociação para Fernando receber o cartão vermelho:

BL: Atleta: Fernando Neto - Camisa 8. Clube: Operário. Operação: Expulsão Primeiro Tempo. Jogo: Amanhã, sexta-feira, 28/10 - 19:00.

Chambó: Tá tudo certo então, né?

BL: Vai me mandar o pix; vou inteirar com o Edersinho. 300%. Direto com o jogador. Só eu você e Ícaro sabemos. Sigilo master.

Chambó: Pra cima. Deixa comigo.

BL: Esse cabeludo vai me deixar rico. Em nome de Jesus

BL: Já vê seu preço aí. 300/400/500 mil.

Fernando: Você chega até 500?

BL: Chego, irmão. Aí você fortalece o Matheus (goleiro apontado como intermediário do negócio). Já foi 40... Aí ficaria 460. Aí vocês se acertam, quanto fica pra cada...

Fernando: Ele tava falando em 500. É isso mesmo?

BL: Isso. 500, pô. Já foi 40. Aí faltaria 460

Fernando: Deixa eu ver isso mano. Ele vai te falar. 

Veja o diálogo após Fernando Neto não conseguir receber o cartão amarelo:

BL: Tá on e não vai atender?

Fernando: Estou aqui no ônibus. Peraí. Mano, se você viu o jogo mesmo, você viu que fiz de tudo, se pudesse escutar o que falei pra ele depois das faltas que fiz, falta sem bola, falta fora do lance, no início do jogo já fiz falta na entrada da área e nada, eu chamei ele de cego, xinguei de filha da puta, mandei ele se fuder e tomar no cu quando levei o amarelo, eu não estou contando história não, eu tentei, porque você falou que já tinha feito a operação, o árbitro no meio do jogo chegou em mim e perguntou se eu tava querendo ser expulso pra você ter uma ideia, na volta do intervalo ele falou a mesma coisa e perguntou o que estava acontecendo, Matheus viu o jogo também, olhas as faltas que fiz, só faltou eu agredir o árbitro pra acontecer alguma coisa.

Você pode pensar que eu estou falando da boca pra fora, mas eu tentei de todo jeito e aquele fdp não me expulsou, não tem lógica o que ele fez, pra você ter uma ideia, todo mundo dentro do campo ficou revoltado.

BL: Tá bom, mano. Não estamos aqui pra discutir. Se tentou ou não, se xingou ou não, se ele não quis expulsar ou não. Estamos aqui pra resumir o prejuízo, da mesma forma que eu tinha minha palavra, dando tudo certo, você teria 500 mil... Agora infelizmente, após termos as contas, você terá que arcar com o prejuízo.

Entenda o caso
A investigação faz parte da Operação Penalidade Máxima,  que apura manipulação de jogos do futebol brasileiro. Pelo menos 20 partidas são analisadas.

Na primeira fase, o apostador Bruno Lopez de Moura foi detido e considerado pelo MP-GO como o líder da quadrilha. Há mais 16 investigados que podem virar réus no caso.

Sete jogadores estavam sob suspeita inicialmente: os zagueiros Victor Ramos, da Chapecoense, Kevin Lomónaco, do Bragantino, Paulo Miranda, ex-Juventude, Eduardo Bauermann, do Santos, os laterais-esquerdos Igor Cariús, do Sport, e Moraes, ex-Juventude e hoje no Atlético-GO, e o meia Gabriel Tota, ex-Juventude e atualmente no Ypiranga-RS.

Nesta nova fase, outros jogadores também passaram a ser investigados: os volantes Fernando Neto, ex-Operário-PR e atualmente no São Bernardo, Nikolas, do Novo Hamburgo-RS, o atacante Jarro Pedroso, do Inter-SM, o zagueiro Vitor Mendes, ex-Juventude e hoje no Fluminense, o volante Richard, ex-Ceará e hoje no Cruzeiro, o lateral Pedrinho, do Athletico-PR, e o meia Nathan, ex-Fluminense e atualmente no Grêmio.

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