Referência
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Há quatro anos, quando o ex-jogador de futebol e mestre em Biomecânica do Movimento pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), Walter Junior, o Waltinho, decidiu tirar o seu grande sonho do papel e colocar em prática - ter um time infanto-juvenil competitivo e com uma atuação social efetiva - não esperava que pudesse chegar a um resultado tão rápida. 

Desde que o  União Esportiva Referência Brasil, se tornou um clube empresa, com a chegada de outros dois sócios, Carlos Pereira -  ex-coordenador de futebol do Clube Pinheiros - e Marcos Moraes, ex- FCBEscola, tornando-se o Referência Futebol Clube, o clube tem se projetado como um dos principais clubes formadores “100% base” do estado de São Paulo. 

Estreante no Campeonato Paulista de base deste ano, o Referência FC, em pouco tempo começou a chamar a atenção de outros clubes, não só pelos resultados, mas sim pela formação técnica individual dos jogadores.

“A metodologia utilizada dá maior autonomia nos treinos, trazendo maior eficácia na aplicação junto aos jovens atletas. Tanto que o principal diferencial do time em relação a outras instituições na formação é a aplicabilidade nos treinos da descoberta guiada, mostrando para o aluno de uma forma mais dinâmica a partir da autocrítica”, ressalta Walter Júnior, que também foi coordenador técnico da escolinha de futebol do Barcelona em São Paulo, a FCBESCOLA.

Foi nas categorias de base sub-15 e sub-17 que o Referência deu seu cartão de visita, ao passar pela segunda fase, em um grupo liderado pelo São Paulo FC, em segundo lugar. Mesmo caindo na fase seguinte, tem o status de ser o primeiro time estreante no Campeonato Paulista a chegar nesta marca. 

Mesmo assim, os garotos da base chamaram a atenção de clubes, como Santos e São Paulo, sendo negociados cinco atletas no mês de agosto, entre eles, Lucca Gentil e Kauan Bueno.

“Não queremos chegar  à elite do futebol brasileiro como um time profissional, mas sim formar jogadores para que depois possam ser encaminhados para clubes das séries A e B do futebol brasileiro ou clubes do exterior”, explica Walter Júnior, que enfatiza o projeto do clube-empresa. “Desde sempre, meu desejo foi lidar com crianças e adolescentes no futebol. Não viso o desenvolvimento da empresa na direção do futebol profissional, mesmo que o lucro seja maior”.

Atualmente, os garotos do sub-11 e sub-15 participam do Campeonato Paulista e não estão fazendo feio, já que ocupam a segunda colocação, sendo uma delas a frente do São Paulo FC. 

Referência em Números

Atualmente, os números surpreendem para um time “recém-nascido”: dos 700 atletas inscritos no programa até o ano passado, 50 foram revelados para outros times, sendo mais de 10 para times da série A.  Somente em 2022, o clube conta com cerca de 200 bolsistas. 

Presente no DNA do clube, a competitividade em alto nível tem se posicionado como “referência”. Tanto que é o primeiro “time-base” a conquistar a Copa Ouro da AFP em 2021 - Sub-17. “ É um torneio que é geralmente vencido por times mais tradicionais, que participam de campeonatos profissionais”, explica Walter Junior.

Baseado em Embu da Artes, o Referência FC tem seu mando de jogo no Estádio Municipal Hermínio Espósito, e o CT é no CDC do Jaguaré. Os treinos acontecem três vezes por semana para as categorias menores (sub-9/sub-11/sub-13), enquanto os mais velhos (sub-15/sub-17) treinam todos os dias. O clube ainda conta com um staff completo de mais de 20 profissionais, composta por treinadores, auxiliares, preparador de goleiros, fisioterapeuta, e médicos.

É filiado à Federação Paulista de Futebol (FPF) desde 2022, e prepara-se para dar o passo mais importante da história do clube: participar do Campeonato Paulista das Federação em 2022 e obter o Certificado de Clube Formador (CCF), emitido pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) até 2024. 

Programa Social no Exterior

É a continuidade na formação de jogadores que têm potencializado o lado social dentro do clube. Além de estar dentro e fora do campo com seus atletas, o Referência FC também busca prestar um suporte para aqueles que ainda não estão preparados para o profissional.

“É bastante comum jogadores não manterem a cadência de alto rendimento, abrindo espaço para outros que estão em melhores condições. Porém, isso não significa que vamos abandoná-los ou dispensá-los. A gente mantém, paralelamente, uma estrutura de aperfeiçoamento técnico destes jovens, e conforme se desenvolvam, podem voltar ao time principal do Referência”, explica Walter. 

Já aqueles que terminaram o programa na categoria sub-17 e não assinaram contrato com nenhum time, o Referência tem uma parceria para enviar alguns jogadores para universidades dos EUA. “Junto com o DL&L Sports, somente em 2021, enviamos quatro atletas que não foram aproveitados por outros clubes no Brasil. Além de uma segunda chance, é uma forma de valorizar aquele atleta que esteve conosco durante toda a sua formação”, explica o presidente.   

Walter Junior conta que, com a ajuda dos responsáveis pelos jovens, eles acompanham a vida acadêmica de cada um e, caso as notas não estejam boas no boletim, uma conversa – que costuma adiantar – é realizada para uma mudança de postura.

Além disso, também há o controle em relação a bebidas alcoólicas e noites de festas, comuns da idade, mas isso não é um problema. “Graças ao futebol, que é o sonho deles, essa questão é controlada, já que a própria ideia do esporte vai contra a política de drogas”.

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