Raniel
Reprodução/Vasco
Raniel

Um dos principais nomes do Vasco no início da temporada 2022, o atacante Raniel (veja galeria de fotos abaixo) contou um pouco de sua história ao site 'The Players Tribune'.

Entre tantos temas, o jogador falou sobre problemas antigos que teve com drogas e bebidas alcoólicas. Comparando-se à história do Vasco da Gama, Raniel acredita que cruzou com o time carioca no momento certo, já que ambos precisam se reerguer.

No início da história, Raniel revela que perdeu o pai entre três e quatro anos e, em seguida, sua mãe resolveu abandoná-lo. O jogador, então, foi criado por Dione, que, até então, era a sua vizinha.

Com muitas dificuldades financeiras e uma vida humilde, Raniel conta que tinha apenas um par de roupa no dia a dia. Aos sete anos, a mãe adotiva do atleta morreu, e ele, então, foi criado pelos três filhos biológicos dela.

Sempre prodígio no futebol, Raniel, natural de Recife, chamou a atenção do Santa Cruz. Com isso, ganhou bolsas de estudo, mas continuou passando por dificuldades financeiras.

Com muitos problemas e a responsabilidade de mudar o seu destino, o jogador começou a beber aos 14 anos. Em seguida, como uma ponte, passou a usar e vender drogas.

O Santa Cruz, ciente da situação, decidiu tentar ajudar o jogador, levando-o para morar na concentração. No início, o plano deu certo, mas aos 17 anos, já no profissional, o atacante foi pego no antidoping por uso de cocaína, ficando quase um ano sem poder atuar.

O time pernambucano, porém, mais uma vez insistiu no jogador. Um dos diretores do Santa, Sandro Cocão, teve uma conversa quase que paterna com Raniel, incentivando-o a seguir focado no futebol.

"Raniel, um talento desses que tu tem não é toda hora que aparece. Olha a tua avó, teus irmãos, o que vai ser deles? Tu é a pessoa que Deus escolheu para tirar todo mundo dessa vida difícil", disse Cocão.

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Com propostas de Athletico Paranaense e São Paulo, Raniel viu no Cruzeiro uma chance de mudar a vida. Campeão de duas Copas do Brasil e dois Campeonatos Mineiros, o jogador começou uma nova etapa no futebol e na vida.

Após chegar no Santos, Raniel viveu diversos momentos inesquecíveis na vida. Em um deles, quase perdeu Felipe, seu filho, que se afagou em uma piscina com nove meses e ficou entre a vida e a morte.

Com uma nova realidade inquieta, o jogador voltou a se entregar ao álcool, bebendo até cair ou desmaiar. Após voltar às atividades no Peixe, o jogador foi dianosticado com a Covid-19 e, futuramente, teve outro grande problema: trombose.

Com uma cirurgia feita às pressas, o jogador mal conseguia colocar o calcanhar no chão, muito menos pensar em voltar a treinar. Ciente de que a bebida lhe fazia mal, Raniel decidiu prometer a ele mesmo nunca mais iria beber.

Além disso, o atacante tatuou em seu rosto o dia 07-12-20, sinalizando que desde então nunca mais colocou uma gota de álcool na boca.

Feliz em ser o novo camisa 9 do Vasco, Raniel acredita que a ligação com o clube carioca vai além de uma simples coincidência.

"Eu entendi que passei por tudo o que passei para estar vivo neste dia, neste ano, em São Januário. É aqui que vai acontecer mais uma volta pra mim. E com ela eu espero contribuir com a volta do Vasco também. Eu passei pelo que passei para ser quem eu sou hoje. E agora o Vasco faz parte de mim", disse o jogador.

Aos 25 anos, Raniel busca a sua melhor temporada da carreira. Na atual, até aqui, o atacante tem três gols marcados em cinco partidas disputadas.

** José Roberto Coutinho é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). No iG, escreve sobre esportes. Tem experiência de 5 anos em redações de jornais, rádio e TV. Setorista do Club de Regatas Vasco da Gama.

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