A pandemia do novo coronavírus não deixou apenas um rastro de morte e sofrimento por todos os cantos do mundo. Já está claro que o vírus também trouxe impactos para a saúde mental das pessoas, com o aumento no número de casos da depressão, ansiedade e estresse, diante do medo, das dificuldades financeiras e da brusca mudança de rotina.
Entretanto, de acordo com o PhD, neurocientista, neuropsicólogo e biólogo Fabiano de Abreu, os torcedores do Flamengo, com exceção dos que perderam pessoas próximas, sofreram menos com os impactos da pandemia do que os rivais.
Segundo ele, a alegria dos rubro-negros após uma fase super vitoriosa do time permitiu que a nação encarasse este período de pandemia com uma mentalidade diferente dos demais torcedores.
“Em 2019, antes da pandemia, a torcida estava em ecstasy emocional, liberando neurotransmissores, que são mensageiros químicos no cérebro que trazem boas sensações, necessárias para a nossa sobrevivência. Quando o surto deste vírus foi declarado, a esperança derivada daquele momento servia como meta e, metas, são motivos de vida. São necessárias para que a ansiedade não nos traga tantos pensamentos ruins já que, a esperança de recompensa motiva através de boas expectativas", afirma.
Para chegar a conclusão, Fabiano escolheu 20 torcedores para fazer uma avaliação mental. E o resultado confirmou suas expectativas: “Todos, sem exceção, comentaram que depositam suas alegrias no Flamengo e, este, faz com que não sintam tanto o impacto do momento que estão vivendo. Além disso, sentimentos como esperança, expectativas, e alegria com a vitória, por exemplo, todos eles são mecanismos de liberação de neurotransmissores da recompensa que compensam a ansiedade e colocam o organismo em equilíbrio mediante a uma situação de estresse e ansiedade constante e intensa”, aponta.
Abreu revela ainda que os sentimentos atuam tanto nos bons quanto nos maus momentos do time, e isso afeta significativamente a mente do torcedor.
“Se ele já sofre de ansiedade devido ao momento (pandemia) e seu time perde, perde-se também motivações, depositando assim as expectativas na mídia social e, esta, por sua vez, prejudica mais ainda, causando disfunção nos neurotransmissores e podendo trazer doenças como depressão e perturbações”, conclui.