Rivaldo comentou sobre a 'Neymar dependência' na Seleção Brasileira. Em entrevista exclusiva ao iG Esporte, o melhor jogador do mundo na temporada de 1999 vê Neymar como referência, mas afirma que essa responsabilidade precisa ser dividida com os outros companheiros.
Nesta sexta-feira (2), o Brasil entra em campo contra o Chile pelas quartas de finais da Copa América. Na última rodada de fase de grupos, os comandados de Tite empataram em 1 a 1 com o Equador, com Neymar no banco de reservas.
- Primeiro temos que ver o lado positivo, o Brasil já estava classificado e jogou sem o Neymar. Vejo que é normal um treinador testar todo mundo, porque uma Copa América é diferente de um Mundial, ainda mais sem aquela pressão da torcida – disse Rivaldo ao iG Esporte.
- Sabemos que o Neymar é o jogador mais badalado do Brasil. É um cara que chama a responsabilidade, mas como já disse, precisava de outros atletas com características parecidas com as dele, que tentasse as jogadas. Tem jogador (na seleção) que poderia até fazer isso, mas fica tímido, então precisa chamar essa responsabilidade, se não fica só no Neymar. Na minha época se falava muito de Ronaldo, mas eu queria aparecer, o Ronaldinho também, os atletas queriam se destacar. Se eu tenho um talento, porque deixar toda responsabilidade em apenas um jogador? [...] falta pegar aquela confiança, às vezes eles ficam um pouco tensos, e jogam 'pisando em ovos', porque preferem jogar simples e assegurar uma vaga no time.
(Veja na galeria abaixo fotos de Rivaldo)
Para Rivaldo, as seleções europeias estão mais preparadas dos que as Sul-Americanas. O ex-jogador afirma que é necessário o Brasil enfrentar equipes desse porte, para se preparar para duelos decisivos.
- Hoje a Europa está mais preparada, dá para ver pela Eurocopa, que é totalmente diferente, às vezes em um grupo cai três seleções tradicionais, não é fácil. O Brasil tem essa facilidade, gostaria que tivéssemos tempo de jogar dois, três jogos com seleções fortes da Europa, porque aí você sente como está a seleção para o Mundial.
- Na Copa América o Brasil tem essa obrigação de chegar na final, e se perder acredito que possa ser para a Argentina, mesmo assim o Brasil é superior.
Rivaldo foi o famoso exemplo de atleta que teve pouca mídia, mas muito futebol ao longo da carreira. Perguntado se isso o afetou em algum momento, o craque afirma que não se arrepende das decisões.
- Pode ter atrapalhado, mas eu não me arrependo, não posso mudar a maneira que eu sou. Sou até um pouco Messi, ele não está sempre falando, e tem jogador que não fez 1% do que nós fizemos e se fala muito mais desse atleta. Meu negócio era dentro de campo, eu gostava de jogar futebol, entrava com alegria. A minha meta foi cumprida, meu sonho era jogar no Santa Cruz, e Deus me deu muito mais, ser melhor do mundo, jogar no Barcelona e ser campeão Mundial. Não me arrependo do meu comportamento.
Veja, abaixo, outros assuntos abordados na entrevista com Rivaldo:
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Rivaldo no Santos? Por pouco...
- No início da minha carreira, quando fiz uma boa temporada pelo Mogi Mirim, antes do Corinthians, houve um papo que o Santos me queria, conversaram com a diretoria. Mas no final apareceu o Corinthians e me levou primeiro, onde eu tive a felicidade de atuar por lá. Mas qualquer jogador gostaria de jogar pelo Santos, com a história que tem e os grandes jogadores que atuaram por lá, é um clube que faltou eu jogar, gostaria.
Falta do ouro olímpico
- Eu gostaria muito de ter sido campeão olímpico, claro que é importante para a carreira de qualquer atleta, e não tive essa sorte. Mas, mesmo assim fiquei em terceiro, e tive outras felicidades, como ser campeão do mundo, onde grandes jogadores não tem um título como esse. Muitas pessoas criticam a seleção por ficar tanto tempo sem vencer, mas não é fácil, são várias seleções boas, que já foram campeãs e querem vencer novamente. Não tive a felicidade de ser campeão olímpico, mas vencer a Copa do Mundo de 2002 superou uma medalha de ouro, não trocaria.
Queda de rendimento do São Paulo
- Às vezes as pessoas não entendem, o clube é campeão paulista e de repente não consegue vencer, são coisas do futebol, são os mesmos jogadores, o mesmo treinador, então acredito que seja só o momento. Torço para que o São Paulo volte a ganhar porque tem um bom elenco, tenho um carinho especial pelo clube, por Crespo, que é um técnico que veio e deu um título importante pela fase que estava o São Paulo. Mas o time precisa reagir, sabe como funciona clube grande, pressão toda hora e a primeira coisa que fazem quando as coisas não dão certo é substituir o treinador, e não gostaria que isso acontecesse.
Mbappé: potencial para atingir Messi e Cristiano Ronaldo e eliminação na Euro
- Futebol ele tem, mas é difícil dizer claramente se ele vai ser do nível do Cristiano ou Messi, principalmente porque já sabemos o que os dois fizeram, e ainda vão fazer. Importante que ele já tem um Mundial, coisa que os dois não conseguiram.
- É normal ele perder um pênalti, tudo isso é currículo, essas coisas acontecem, mas se acontece no Brasil aí a pressão é maior, imagina se acontece isso com Neymar, Rivaldo ou com Ronaldo em uma Copa do Mundo? O jogador fica marcado. Mas lá (Europa) daqui a pouco esquecem, e o jogador tem que se acostumar com isso, não vão ser sempre momentos bons, faz parte da carreira de um profissional.
Confira a entrevista completa: