A Justiça determinou que o jornalista esportivo André Rizek terá que ser indenizado em R$ 471 mil por danos causados pela Editora Abril. As informações são da jornalista Mônica Bergamo.
Conforme a sentença, dessa quantia, R$ 401 mil se referem a indenização por danos materiais, e R$ 70 mil por danos morais.
O caso remete a 2001, quando Rizek assinou uma reportagem publicada pela revista Placar sobre o uso de cocaína no futebol. Ele sustenta que o texto foi editado, com a inserção de trechos que não eram de sua autoria. Diante do fato, um dos personagens contestou a forma como foi exposto na edição final do texto e entrou com um processo na Justiça.
Após um acordo, foi acertado o pagamento de uma indenização de R$ 1 milhão. Porém, a editora não se responsabilizou pelo valor, que acabou pago por Rizek.
Em recuperação judicial, o Grupo Abril reembolsou parte do valor ao jornalista, em duas parcelas que totalizaram R$ 620 mil. Para o restante, apontou que ele teria que entrar na fila de credores da empresa. A partir daí, teve início uma nova disputa judicial, com o jornalista saindo vencedor agora.
Por meio de seu Intagram, o jornalista comemorou o fato e agradeceu. "Tô de alma lavada hoje. Espero que a sentença, que faz a justiça para mim, proteja também todos os jornalistas e ex-funcionários do Grupo Abril. Obrigado aos colegas pelo apoio, desde sempre!", apontou.
Já o advogado do jornalista, em declaração a coluna de Mônica Bergamo, afirmou se tratar de uma sentença "inédita", apesar de ainda caber recurso.
“A sentença, que deve ser comemorada, é inédita e alvissareira por três motivos: reconhece a existência do dano pós-contratual, isto é, o que ocorre após o fim do contrato de trabalho; reafirma a responsabilidade integral da empresa de jornalismo pela atividade econômica que explora; declara a ilicitude da conduta da Abril, que usou a Recuperação Judicial como pretexto para o calote, expondo o ex-empregado a dívida que é e sempre foi exclusivamente sua. Com isso a decisão resgata a independência do jornalista-empregado. Não há imprensa livre sem jornalista independente”, afirma Maurício Pessoa.