Técnico Geninho comandou diversas equipes no futebol brasileiro
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Técnico Geninho comandou diversas equipes no futebol brasileiro

O futebol possui seus personagens folclóricos, e Geninho faz parte dessa seleta lista. Comandante do Athletico-PR na conquista inédita do Campeonato Brasileiro de 2001, o técnico conversou com exclusividade com o iG Esportes sobre momentos marcantes de sua carreira, e alguns polêmicos.


Em 2001, Geninho assumiu o Furacão na 11ª rodada, após a saída de Mario Sergio, e emplacou uma sequência de 12 jogos invictos, culminando na vaga para as quartas de final e, na sequência, com o título inédito do Campeonato Brasileiro, três meses depois, sobre o São Caetano. Condutor daquela equipe, o técnico afirma que 2001 foi um ano mágico.

- 2001 foi um ano que marcou a minha vida. Comecei um trabalho bom no Santos, um time bastante arrumado, mas que infelizmente acabou perdendo uma semifinal do Campeonato Paulista para o Corinthians, em um jogo esquisito. Pouco tempo depois, eu assumi o Athletico-PR em um momento turbulento, mas isso me motivou, conversei com o elenco e aquele time começou a jogar um futebol que acabou encantando todo mundo. Era um time que não tinha estrela, viemos com um esquema tático que muita gente criticou, que era o de três zagueiros, que agora virou moda. Foi um ano mágico para mim, e para o clube - relembrou Geninho em entrevista ao iG Esportes.

Geninho treinou o Corinthians em duas oportunidades. Em 2003, na primeira passagem, conquistou o Campeonato Paulista e, três anos depois, aceitou novamente o desafio, mas em um momento conturbado que atravessava o clube do Parque São Jorge. Geninho não conseguiu engrenar com a equipe, e poucos jogos depois foi demitido. O técnico relembrou os dias turbulentos na equipe paulista, que contava com um elenco recheado de craques.

- O ambiente do Corinthians estava muito tumultuado. Acabaram me chamando pelo o que eu tinha feito em 2003 e, se você pegar por nomes, o time de 2006 era muito superior ao que eu tinha a disposição na primeira passagem. Em 2006, o Corinthians era um celeiro de craques, e contava com o apoio da MSI, que realizou contratações de grandes jogadores, Tévez, Mascherano, Carlos Alberto, Roger, Marcelinho posso falar quase o time todo. Mas acabou não funcionando, mais pelo extra-campo, apesar das rivalidades evidentes entre os atletas por disputa de posição. A diretoria queria mandar, mas quem tinha dinheiro era o patrocinador, e ele não estava colando jogadores no Corinthians porque gostava do clube, mas sim para o time ser um trampolim para conseguir vender esses atletas, tanto que acabou levando para a Europa a maioria dos jogadores que o pertenciam. Se o jogador era do clube, era tratado de uma maneira, se era do investidor, era tratado de outra. Isso trouxe um problema administrativo muito grande.

Por ter um elenco recheado de estrelas, o Corinthians enfrentou crises internas entre os atletas, com casos conhecidos de brigas em treinamentos, como a de Marcelinho Carioca e Mascherano, onde Geninho era o treinador. Ele falou sobre o 'tratamento especial' que os argentinos recebiam na época recebia, mas que sempre foram respeitosos com ele.

- O cuidado era principalmente com o Mascherano, até mais que o Tévez. Ele era a menina dos olhos do Kia [empresário que patrocinava o Corinthians], veio de uma boa campanha no futebol argentino e dava para ver que era um fora de série. O Kia tratava o Mascherano como uma joia, ele sabia que ali tinha uma matéria-prima muito grande para fazer uma negociação, até em relação aos outros argentinos. E, ele, por ser um jovem jogador, crescia. Apesar de que comigo, não posso falar mal de nenhum deles [estrangeiros], sempre me respeitaram, cumpriam tudo que eu determinava, nunca tive um ato de indisciplina comigo.

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Receber um convite para treinar o Flamengo não acontece todo dia, mas Geninho teve essa oportunidade duas vezes, e acabou recusando ambas. O técnico de 73 anos conta que o 'não' ao Rubro-Negro é o seu único arrependimento no futebol.

- Eu digo que não me arrependo de quase nada, mas apenas de uma coisa: não ter ido para o Flamengo. Digo isso há anos. Eu estava com o Flamengo no meu colo, porque o convite me foi feito quase de maneira indireta pelo Isaías Tinoco (dirigente do Flamengo em 2008), me convidando para o clube, e eu estava no Atlético-MG. Mas perguntei sobre o Joel Santana (treinador do clube na época), e Isaías me disse que ele estava indo para a África do Sul, e conversei com o próprio Joel. Mas eu sou leal as pessoas que me ajudam, isso é uma coisa minha. Em 2008, quando comuniquei ao Ziza (presidente do Galo na época) sobre o interesse do Flamengo, ele me pediu para não aceitar, até tentei convence-lo, mas não aconteceu.

- Na segunda oportunidade, no mesmo ano, conversando com o Parreira após uma partida entre Atlético e Flamengo, ele me disse que ia continuar no comando do clube, iria renovar por mais um ano. Por outro lado, também acertei minha prorrogação no Galo, dei até entrevista. Mas, alguns dias depois, o Isaías me ligou e me chamou para treinar o Flamengo, falando que o Parreira não iria mais renovar. Mas não abri mão do carinho que a torcida do Atlético-MG tem por mim. Mas me arrependo, pois, não foi o clube que não me quis, fui eu que acabei fazendo a opção.

Atualmente sem clube após deixar o Avaí no fim do ano passado, o ex-goleiro, que colecionou passagens por equipes intermediárias, lamentou o rendimento abaixo do time, que permaneceu na Série B do Brasileirão.

- É uma coisa natural de uma equipe que sai da Série A para B e acaba não montando um elenco de acordo com aquilo que vai disputar. Na minha opinião era um time bom, mas era uma equipe mais para a primeira divisão do que para a segunda. Era um time que havia acabado de cair de novo quando eu voltei. Acredito que se disputasse a Série A, faria uma boa participação, muitos atletas tinham características da primeira divisão, experientes, mas que não tinham aquele espírito de B. São competições diferentes. Acredito que esse foi o grande problema do Avaí, mas o time estava encaixando.

- Só que quando chegou de novembro para dezembro eu peguei Covid, não foi forte, mas quando eu estava prestes a voltar acabei infectando a minha esposa, e ela precisou ser internada. Optei por ajudá-la e sair do Avaí.

Após sair do clube catarinense, Geninho não assumiu nenhum clube até o momento. Ele conta que houveram convites, mas, por pedido da própria família, optou por aguardar a situação da pandemia do novo coronavírus no Brasil melhorar para pensar em aceitar um novo desafio.

- Até tive alguns amigos que perguntaram se eu parei, mas disse que não. Tive convites antes do início da Série B. Alguns apostam em mim e pensam: 'poxa, esse cara subiu cinco times, vamos buscar que ele sabe o caminho'. Mas, atendo o pedido da minha família, vou aguardar mais um tempinho.

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