A notícia de que Neymar promoverá uma festa de fim de ano para convidados em Mangaratiba, conforme divulgado pelo colunista Ancelmo Gois, gerou uma nova onda de críticas ao craque. Ontem, jornais internacionais repercutiram negativamente o evento do jogador. “Tempestade de Neymar", estampou a “Gazzetta dello Sport”, um dos principais jornais da Itália. Repórteres franceses lembraram nas redes sociais que mais de 62 mil pessoas morreram de Covid-19 no país em que o brasileiro atua pelo PSG.
O timing da festança — em um momento em que o mundo luta contra uma pandemia que já matou mais de 190 mil pessoas no Brasil — chama a atenção exatamente por ir contra a imagem que Neymar vem construindo ao longo do um ano em que brilhou dentro e fora de campo, levando o PSG à final da Champions League. Além do gramado, foi elogiado por ter tomado posições, ao ser voz ativa no movimento antirracista. No início do mês, se manifestou após o insulto sofrido por Pierre Webó, auxiliar técnico do Istanbul Basaksehir, em partida diante do PSG. Ao apoiar o movimento “Vida negras importam”, também foi destacado.
— A questão racial parte de diversos posicionamentos que aconteceram até chegar a ele. Neymar reagiu e criou mais consciência — comenta Marcelo Carvalho, do Observatório do Racismo. — Sobre a Covid-19, vivemos no individualismo e as pessoas ainda não entenderam que precisamos pensar no coletivo. Faltou noção de coletividade.
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Para o especialista em marketing Allan Jesus, da ASJ Consultoria, a repercussão sobre a festa é reflexo da visão que a sociedade tem sobre o jogador.
— Apesar do público em geral e os fãs terem uma opinião crítica mais exigente em relação à vida privada do Neymar, pois é uma figura pública, não podemos esquecer a particularidade de cada situação antes de um julgamento. A festa ainda não ocorreu. Ele sabe que a vida de pessoas públicas vira uma verdadeira novela onde milhões de pessoas acompanham. Caso a festa ocorra, sem protocolos e segurança, deve se pensar na hipótese dele ter que se explicar. Não apenas deixar na mão dos assessores ou de empresas — analisa.
Em uma época em que todos os passos dos astros são seguidos por milhões de fãs, críticas ou elogios repercutem diretamente nos planos esportivos . No caso de Neymar, o desejo de ser o melhor do mundo. É inegável que ele merecia estar entre os finalistas do prêmio da Fifa, que elegeu Robert Lewandowski como o principal jogador da última temporada. Mas faltaram votos. No concurso de popularidade virou a premiação, o brasileiro passa longe de ser bem-visto. Tanto que ficou apenas em 9º lugar na classificação geral.
Pouco depois de os finalistas serem anunciados —além de Lewandowski, Lionel Messi e Cristiano Ronaldo estavam no pódio —, o brasileiro escreveu ironicamente em suas redes sociais que iria para o basquete. No dia da premiação, abriu transmissão na Twitch e se classificou como o “the Best” jogador de Counter-Strike, um jogo eletrônico.
— Essas atitudes serão cobradas. Seu desempenho em campo sempre será posto a prova e confrontado com esses deslizes. Neymar tinha tudo, e deveria assumir, um papel de grandeza no esporte mundial. Como faz Lebron, por exemplo — comenta Fernando Fleury, especialista em marketing esportivo e PHD, se referindo ao ídolo do basquete, LeBron James, nome marcante do engajamento em causas sociais — Neymar deveria cortar o cordão umbilical que o prende a uma gestão, que se mostra profissional em alguns momento, mas extremamente amadora em outra. No caso específico da festa e péssimo para a imagem dele. Seja no Brasil ou no exterior.