Carlos Augusto Montenegro, dirigente do Botafogo
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Carlos Augusto Montenegro, dirigente do Botafogo

A articulação do Flamengo para voltar a jogar e treinar durante a pandemia do coronavírus foi classificada como "falta de respeito à vida humana". A visão é de Carlos Augusto Montenegro, um dos membros do comitê gestor do Botafogo. O dirigente criticou o fato de o rubro-negro, com uma ação direta do presidente Rodolfo Landim, ter acionado até o governador Wilson Witzel - infectado pela doença - para poder usar a Gávea na realização das partidas, ainda que sem torcida.

Em contato com o GLOBO, Montenegro argumentou que o Flamengo deveria ter preocupação extra por já ter perdido dez jogadores da base no incêndio que atingiu instalações do Ninho do Urubu, em fevereiro de 2019.

- O Flamengo, que já passou por uma tragédia com os garotos, a respeito da qual foi colocado que houve uma falta de atenção, está querendo arriscar de novo a vida dos atletas? Que maluquice é essa de querer jogar? Por que o Carioca é a coisa mais importante do mundo? É ridículo o Flamengo acionar o governador, e o governador que está com coronavírus. Se fizer isso, ele (Flamengo) está preparando uma outra tragédia. Agora calculada. A anterior foi o acaso. Ninguém imaginava. O Flamengo deveria ser, até pelo trauma, o primeiro a defender a quarentena, mostrando que aprendeu a lição. Muito triste isso - afirmou Montenegro, que ainda emendou:

- Fico envergonhado. É uma falta de sensibilidade e respeito à vida humana.

Inicialmente, Flamengo, Botafogo e Vasco estavam juntos no posicionamento de esperar um eventual aval das autoridades ao protocolo médico criado junto à Ferj. Tanto que os três, na terça-feira, diferentemente dos outros clubes das Séries A e B do Brasileirão, decidiram inicialmente não ampliar o período de férias aos jogadores e comissão técnica. O alvinegro, no entanto, mudou de ideia e anunciou a concessão de mais 10 dias de pausa ao elenco.

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- A posição do Botafogo é que não vai treinar, não vai fazer seus atletas saírem de acasa muito menos jogarem antes que o Ministério da Saúde, médicos, secretários estaduais e municipais autorizarem as pessoas a saírem. Se o Flamengo quiser continuar nessa linha, que ele vá com os menores e quem mais quiser ir. O Botafogo não vai - completou Montenegro.

Em resposta a um torcedor no Twitter, Cacau Cotta, diretor de relações externas do Flamengo, explicou que há "estudos médicos e científicos para essa decisão (de voltar a treinar). Ele pontuou que ainda não há uma decisão tomada e que ela dependerá de "autorização das autoridades"

Mesmo sem jogos e treinos, o Botafogo anunciou renovações contratuais nesta semana. Uma delas foi com o volante Caio Alexandre, de 19 anos. Ter no elenco profissional um jogador com essa idade serviu como link para outro argumento de Montenegro conta a volta do futebol no momento atual.

- Ele está na idade de universitário. Por que a universidade está fechada, com os alunos em casa, respeitando orientações, e o Caio Alexandre tem que sair de casa para treinar, dividir vestiário e jogar? Qual a diferença dele para o universitário? - indagou o dirigente alvinegro, lembrando ainda que nas comissões técnicas há pessoas com mais de 60 anos, portanto, do grupo de risco do coronavírus.

Do ponto de vista esportivo, há uma incerteza sobre as datas do Estadual, muito embora a Ferj já tenha dito que ele será resolvido em campo. Montenegro até minimiza qualquer discussão sobre o desfecho da competição:

- A fórmula é o de menos. Disputa eventualmente Flamengo x Fluminense, quem ganhou um turno contra quem tem mais pontos. A NBA parou, a Olimpíada foi adiada, Wimbledon, Roland Garros, Fórmula 1... Por que tem que jogar Flamengo x Madureira?

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