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Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo
Gilvan de Souza/Flamengo
Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo

Após o incêndio que vitimou 10 atletas da base do Flamengo, no Ninho do Urubu , o LANCE! noticiou que a Prefeitura do Rio de Janeiro vinha autuando o clube desde 2017 por infrações no CT. A principal delas era a falta do alvará de funcionamento do local, e, em um destes autos de infração, um edital determinava a "interdição da atividade" no CT", a qual não foi cumprida. Nesta sexta-feira, em depoimento na CPI dos Incêndios, o ex-presidente Eduardo Bandeira de Mello afirmou não ter conhecimento destas irregularidades.

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De acordo com o ex-mandatário, tais questões não chagavam à mesa da presidências. Contudo, Bandeira de Mello não soube precisar quem seriam os responsáveis, em sua gestão, (2013 a 2018) pela relação com órgãos do Estado.

- Depois que o incêndio aconteceu, eu tomei conhecimento da interdição… Mas até o hoje não entendi muito bem o que houve. Parece que em algum dia do mês de outubro de 2017 um funcionário da prefeitura esteve lá e lavrou um auto em que constava a palavra interdição, mas não interditou. Isso nunca chegou ao meu conhecimento, e os vice-presidentes do Flamengo e CEO da época assinaram um termo em que consta no processo que esse assunto nunca chegou ao meu conhecimento e acredito que não tenha chegado ao deles também - afirmou o ex-presidente Bandeira durante A sessão da CPI .

No inquérito policial entregue ao Ministério Público sobre o incêndio que atingiu um alojamento das divisões de base do Flamengo, em 8 de fevereiro de 2019, a Polícia Civil indiciou oito pessoas. Entre elas, Eduardo Bandeira de Mello, o único ex-dirigente ou membro da atual gestão - que assumiu o clube em janeiro. O delegado Márcio Petra, que era titular da 42ª Delegacia Policial e ficou à frente das investigações, justificou o indiciamento de Bandeira. Segundo Petra, não era crível que um presidente não soubesse do pedido de interdição do Centro de Treinamento.

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- Não em razão dos contêineres (por não estarem adequados a servirem como dormitórios), e sim por na gestão ter havido uma piora (nas instalações do CT) e também por ter conhecimento de um auto de interdição do Ninho e só ele como presidente poderia tomar isso. Era um presidente atuante, o Ninho é muito importante (para o Flamengo) e não haveria como ele não saber do auto.

“Era perfeitamente crível que o presidente do Flamengo não soubesse disso. Ninguém sabia”, reforçou Bandeira de Mello, sobre o auto de interdição do Ninho do Urubu.

Confira outros trechos do depoimento de Eduardo Bandeira de Mello:

- Eu tenho todo interesse em depor para esclarecer. Fui o único dirigente indiciado no primeiro relatório, e eu acho que ao depor aqui, muitas vezes quando a imprensa me perguntava, eu me exímia de comentar, até em respeito ao trabalho do Ministério Público, mas aqui eu estou diante de uma CPI e acho que terei toda liberdade para responder às perguntas com toda sinceridade.

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- Ao longo do meu mandato, ou seja, um ano e dois meses depois desse documento de interdição, foram lavrados sete autos de infração, depois mais 24, alguns deles depois do incêndio, mas nunca chegou a mim esses sete autos de infração. Logo depois fiquei sabendo que nenhum deles se referia ao alojamento dos meninos. Era um auto que citava as instalações do CT como um todo. Tudo isso só tomei conhecimento depois.

- Acredito que nem os principais executivos da própria prefeitura do Rio souberam disso, porque sempre tive uma relação bem permanente e cordial com o prefeito Crivella e ele nunca mencionou isso. A própria imprensa, que no Flamengo tudo vaza, cobriu o CT durante um ano e meio sem saber que estava cobrindo uma instalação interditada. Então eu acho perfeitamente crível que o presidente do clube não soubesse disso. Ninguém sabia.

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