O ex-deputado estadual e também ex-secretário nacional de futebol, Gustavo Perrella, conhecido nacionalmente em 2013 por ser dono de um helicóptero apreendido pela Polícia Federal com 445kg de cocaína , no Espírito Santo, foi nomeado diretor da Confederação Brasileira de Futebol ( CBF ).

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Gustavo Perrella, dono do helicóptero apreendido com 445kg de cocaína em 2013, é diretor de desenvolvimentos e projetos da CBF
Roberto Castro - 22.set.2016/ME
Gustavo Perrella, dono do helicóptero apreendido com 445kg de cocaína em 2013, é diretor de desenvolvimentos e projetos da CBF

Filho do senador Zezé Perrella (MDB-MG), acusado pela Justiça de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro e ex-presidente do Cruzeiro, Gustavo Perrella ocupa o cargo de diretor de Desenvolvimento e Projetos da CBF. Ele tomou posse do posto em janeiro, logo depois de deixar o trabalho que fazia no governo de Michel Temer.

À época, os Perrella foram investigados, mas, por não terem sido encontrados indícios de autoria criminal dos dois, eles não responderam judicialmente. O caso, que ficou conhecido como " helicoca ", foi, inclusive, lembrado durante a campanha à presidência de Aécio Neves (PSDB-MG), em 2014, já que ele também teria ligações com o helicóptero apreendido com cocaína.

O nome de Gustavo só apareceu no site da CBF entre os diretores da entidade na última quarta-feira, isto é, a indicação do ex-deputado de 34 anos foi feita sem divulgação.

Em nota enviada ao jornal Folha de S.Paulo , a entidade nacional afirmou que a escolha de Perrella foi feita por conta da experiência do mesmo na condução de programas de desenvolvimento do esporte, mais precisamente o futebol.

A CBF afirmou também que o dirigente se destacou enquanto conselheiro vitalício do Cruzeiro, clube onde exerceu diversos cargos nos departamentos de gestão e de futebol, além de liderar vários projetos durante o período em que esteve à frente do Ministério do Esporte.

O novo diretor tem como principal função ser o elo entre a CBF e os presidentes das federações estaduais.

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CPI do Futebol

Zezé Perrella, em 2016, foi um dos principais nomes que trabalharam para encerrar a CPI do Futebol no Senado sem que nenhum pedido de indiciamento fosse feito. A comissão, liderada pelo ex-jogador e senador Romário (PSB-RJ), investigava contratos e negociações da CBF e dos dirigentes.

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Jefferson Rudy/Agência Senado

Romário durante a CPI do Futebol, em 2016

O início da CPI aconteceu depois que José Maria Marin, então presidente da entidade, ser preso na Suíça, em maio de 2015. Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira, que esteve à frente da CBF por mais de duas décadas, foram acusados de receber propina na venda de direitos de transmissão de várias competições.

O último mandatário eleito da CBF é Del Nero, que está suspenso pela Fifa e deve ser banido do futebol em breve por conta das acusações do FBI, que o fazem não sair do país para acompanhar a seleção brasileira. Foi ele quem escolhou Gustavo que deve ser mantido no cargo quando o novo presidente, Rogério Caboclo, assumir.

A votação para a escolha da nova diretoria será no dia 17 de abril, quando os presidentes das federações e os clubes da Séries A e B vão às urnas. Caboclo é candidato único e homem de confiança de Del Nero. Diretor Executivo de Gestão da CBF, ele tem o apoio de 27 federações e diversos clubes.

Carreira de Gustavo e acusações

Formado em administração de empresas, Gustavo Perrella foi eleito em 2010 deputado estadual de Minas Gerais, com 82.864 votos, e tentou ser deputado federal quatro anos mais tarde pelo mesmo estado e não foi eleito. Ele é réu em dois processos atualmente. O primeiro é por uso de dinheiro público para fins pessoas e o segundo pela criação de cargo fantasma.

As ações correm em extrema lentidão na primeira instância do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Pela primeira acusação, o diretor da CBF é o responsável por desviar cerca de R$ 15 mil dos cofres públicos para colocar combustível no helicóptero da família com verba indenizatória da Assembleia durante o seu mandato de deputado.

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Já o cargo fantasma seria para o piloto preso na operação da PF em 2013, justamente do "caso helicoca" Rogério Antunes, em depoimento a promotores, afirmou nunca ter prestado serviço para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais e que sua função era de pilotar o helicóptero em viagens para a praia, chácaras de amigos, fazenda da família e compromissos políticos de Gustavo Perrella .

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