Dono do fundo de investimentos DIS, o empresário Delcir Sonda veio a público pela primeira vez falar sobre o processo que move contra Neymar na Espanha nesta quarta-feira, em São Paulo. Ele fez duras críticas à família do craque e chorou ao desabafar, além de acusar o camisa 10 da seleção brasileira de montar uma farsa e traí-lo.
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"Fui traído por Neymar Jr, seu pai e sua mãe. A DIS foi traída por Neymar Jr e seus pais. Houve fraude arquitetada por Neymar, seus pais e Barcelona, com contratos simulados, pagamentos escondidos, advogados em viagens escondidas", afirmou o mandatário. "Esportistas são exemplos das crianças. Vestir uma camisa de Neymar é apoiar a corrupção. Não pode ser exemplo para nossos filhos", continuou o empresário , com os olhos lacrimejados.
"No Brasil, os investidores se afastaram. Você investe e não tem retorno. É uma injustiça muito grande, pois no que você investe acontece isso. Com a alma lavada, hoje, falo tudo", desabafou.
"Confiava no Neymar Júnior. Fui procurado pelo pai dele e o Wagner Ribeiro em 2008 e negociamos. Participei por leilão pela compra desse garoto. O Kia queria levá-lo ao Chelsea. Mas eu investi nele, no futuro, apostamos antes de sua estreia como profissional. Investimos R$ 5,5 milhões, fizemos amizade com a família, pagamos viagem a Londres para o pai e a Jerusalém à família. Como esse menino fala que não me conhecia? Fui traído por trás", acrescentou.
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"Confiei em sua palavra. Sou um empresário sério, não um traidor. Só investi para o bem do esporte. Sinceramente, entrar em uma farsa dessas... Somos sérios e investimos no social, crianças, velhinhos. Saímos de baixo e chegamos aqui com bastante suor. Ele frequentou a casa da minha família e eu a dele. A DIS foi vítima de estelionato e corrupção privada, segundo a lei espanhola", acusou. "Quero justiça!", bradou o empresário.
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Ao lado de seus advogados, Delcir falou com jornalistas no Hotel Renaissance, em São Paulo. Na mesa estavam Paulo Nasser, advogado da DIS no Brasil, Eliseo Martinez, advogado da DIS na Espanha e Roberto Moreno, diretor-executivo da empresa.
"A corrupção está espalhada no Brasil, e no futebol também. Jamais pensei que teria que abrir uma ação penal contra um menino que considero muito. Fico muito triste e chateado. Investi e acreditei na família dele. Fazíamos churrascos, tínhamos um camarote na Vila exclusivo deles. Acho que fiz tudo que podia por esse menino. E agora, do fundo do meu coração, sinto mágoa", concluiu.
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"É irrecorrível a situação do Neymar. Ele é réu, se fosse um político na Espanha, seria obrigado a abandonar esse lugar em face dessa demanda", disse Roberto Moreno.
A polêmica
O grupo DIS detinha os direitos de imagem do atacante antes da venda para o Barcelona, em 2013. A empresa move um processo na Justiça da Espanha em busca de uma porcentagem da negociação entre o Santos e o clube catalão e diz que recebeu menos dinheiro do que deveria.
Neymar está sendo acusado pela DIS e pelo Ministério Público espanhol por dois delitos: estelionato e corrupção entre particulares. A pena máxima de cada um é de quatro anos - o grupo e o MP pedem a prisão do atleta.
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Além dele, seus pais e ex-dirigentes do clube brasileiro e também do espanhol serão julgados pelos crimes. O julgamento, no entanto, não tem prazo para acontecer, mas a expectativa é de que ele aconteça ainda em 2017, entre os meses de julho e agosto.
O fundo de investimento pede, ainda na Justiça da Espanha, uma indenização entre 159 e 195 milhões de euros e quer que Neymar seja afastado do futebol por cinco anos.
À época da negociação, a empresa recebeu 40% de 17,1 milhões de euros, mas entende que deveria ter recebido a mesma porcentagem, só que em cima dos 86 milhões de euros, valor que a Justiça espanhola diz ser o total da transação.
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O grupo alega que a família de Neymar e representantes do Barcelona omitiram o valor verdadeiro da transação. Na ocasião, o Barcelona pagou 40 milhões de euros para a empresa N&N, que pertence aos pais do atacante. A empresa entende que essa quantia fazia parte da negociação e que deveria estar entre os 40% pagos a eles.
Neymar e seu pai são dois dos processados pelo Grupo DIS
Neymar pai, que também é empresário, diz, em sua defesa, que o valor se referia a "direito de preferência" e que não estaria atrelado ao acordo feito entre Barcelona e Santos. Ele ainda diz que vendeu a preferência de negociação ao Barça para que quando ele tivesse passe livre do Santos, em 2014, pudesse ter os direitos em mãos.